Na noite de 26 de Setembro de 1974, decorreu uma corrida de toiros no Campo Pequeno, organizada pela "Liga dos Antigos Combatentes" com o objectivo de preparar uma manifestaçao de forças politicas, entre as quais o próprio PR e alguns militares de sua confiança que nao estavam de acordo com a política nacional e colonial, até aí desenvolvidas pelo governo do país.
Podemos recordar que o termo "maioria silenciosa" foi origináriamente utilizado por Richard Nixon, presidente dos U.S.A., a propósito de um grupo impotante de cidadaos que apoiava a sua politica para o Sudoeste Asiático, mas cujas as ideias nao se faziam ouvir, dado o ruido efectuado pelos opositores a essas politicas nos meios de comunicaçao e certos sectores da politica americana. A esse grupo de cidadaos foi chamado de "maioria silenciosa".
Em pleno PREC as divergências na sociedade portuguesa eram enormes, assim como o desnorte causado pela agitaçao social,económica e politica em geral. As forças policiais eram desautorizadas pelos militares que tomaram para si proprios todos os poderes, inclusivé o poder de detençao de pessoas e cidadaos sem culpa formada ou qualquer tipo de acusaçao, tendo como baluarte o COPCON força militar comandada pelo entao militar Otelo S. Carvalho.
As rádios, jornais e a única televisao existente na altura, eram controladas por forças e comandantes militares, tomando assim estratégicamente, a chave do poder. Somando a tudo isto, algumas forças politicas com experiencia revolucionária, manipulavam o povo e montavam barricadas nas principais estradas e avenidas de acesso á capital, controlando assim as entradas e saídas das populaçoes.
Em todo este processo, o desmembramento do "Império Colonial" português avizinhava-se e, a aptência cínica e voraz das potências estrangeiras pelos recursos e posiçoes estratégicas que essa queda proporcionaria, já manisfestada tantas vezes nas instâncias internacionais como a O.N.U. onde o Ministro dos Negócios Estrangeiros Rui Patricio, defendia como podia, os interesses do país e dos portugeses residentes nas provincias ultramarinas, apontava para que o desmembramento fosse inevitável, utilizando essas potências e forças, todo e quaisquer meios para que tal facto se consumasse.
Segundo fontes dos jornais da época a praça do toiros estaria cheia sendo as lides brindadas com gritos de "Portugal,Portugal,Portugal!" e "Ultramar,Ultramar,Ultramar!".
Foi também atirado á arena um cartaz promocional da manisfstaçao aprazada para o dia 28 de Setembro a ter lugar na Praça do Império, cartaz que José Joao Zoio abriu mostrando-o ao público, resultando em frenéticos aplausos. Este acto causou o "saneamento" do toureiro pelo sindicato de toureiros e o consequente exílio de Zoio para o país vizinho.
No final da corrida ocorreram confrontos entre vários grupos, sendo até algumas pessoas detidas indiscriminadamente por militares.
Acontecimentos postriores, levaram á demissao de António de Spínola e ao consequente exilio para o Brasil, saindo vitoriosas as forças revolucionárias de esquerda que, segundo algumas vozes, se preparariam para liquidar e encerrar na Praça de Toiros do Campo Pequeno, todos aqueles que nao colaborassem e concordassem com a sua visao de sociedade por eles precunizada, transformando a praça em "campo de concentraçao".
Aquando da recente inauguraçao da Praça de Toiros do Campo Pequeno, um alto dirigente politico nacional, entrevistado por uma televisao, disse:
"É um prazer estar de novo aqui no Campo Pequeno, mas nao pelas mesmas razoes que alguns, há anos atrás, nos queriam colocar!"
Tratou-se talvez da corrida de toiros mais importante das últimas décadas.