Carlos Ruíz Arruza Camino nasceu na capital do México no dia 17 de Fevereiro de 1920. Era filho de José Ruíz Arruza, “sastre” de profissao e de Cristina Ayala Camino, pese embora nacidos em Santander, cedo emigraram para o país azteca.
Desde muito novo Carlos Arruza e Manuel, seu irmao, sentiram a “afición a los toros”, apoiados por seu pai e desencorajados por sua mae que preferia que estes se dedicassem, com afinco, aos estudos no “Colegio Cervantes” da capital mexicana.
Começaram a frequentar a escola taurina de “ Maestro Sólis” na capital mexicana, sendo a principio muito dificultoso para a auto-estima dos dois rapazes, uma vez que durante vários dias, o “ Maestro” obrigou-os a ensaiar repitadamente “saltar la barrera limpiamente”.
Aos 16 anos debutou com seu irmao na monumental “El toreo”, numa novilhada em que cortaram as orelhas dos respectivos novilhos, apesar de se apresentarem ali prácticamente como toreiros “espontâneos”. Nos anos que se seguiram continuaram a sua caminhada em praças mexicanas dando pelo nome de “guerra” Hermanos Arruza. Seguidamente viajaram para Espanha, onde prácticamente todas as portas se fecharam a estes toureiros e com o inicio da guerra civil decidiram regresar ao seu país natal.
Carlos Arruza, tirou a alternativa em 1 de Dezembro de 1940 na praça monumental do México, quando Armillita Chico lhe cedeu o toiro “Oncito”, lide em que sofreu na hora de matar uma ligeira colhida.
Alguns acontecimentos desagradáveis tiveram lugar em 1941, como o da morte do seu irmao, vítima do disparo de revolver quando fazia a limpeza do mesmo. Também Carlos foi apunhalado por um popular quando seguia dentro do seu Cadilac, valendo-le o facto de na altura estar acompañado pelo seu amigo Vaquero Cabo de Orca, campeao de boxe mexicano que se opôs ao agressor, tendo salvo a vida a Arruza.
Depois deste incidente, resolveu Arruza regresar a Portugal onde tinha grande cartel, pois actuara com Manolete, conseguindo grande admiraçao pela afición portuguesa, à parte da sua grande amizade com o matador português Manuel dos Santos.
Conta-se que durante uma actuaçao dessas na praça lisboeta, aquele que viria a ser o futuro rei de Espanha Don Juan Carlos de Borbón, à altura exilado com seus pais no Estoril, tentou passar-se por um membro da sua quadrilha para poder entrar na praça do Campo Pequeño.
Justamente durante essa estada em Portugal, um acordo entre os dois paíse dava “permiso” aos toureiros aztecas de se poderem apresentar em Espanha, tendo no dia 18 de Julho de 1944, Carlos Arruza triunfado em “Las Ventas de lo Espirito Santo” (recém inaugurada Las Ventas, Madrid), onde recebeu também a confirmaçao da alternativa pelas maos de Manuel Bienvenida (padrinho) e Morenito de Talavera (testemunha), corrida essa, presidida pelo Chefe de Estado Espanhol, valendo a Arruza uma certa distânciaçao que mantinha com seu tio, o poeta esquerdista Léon Filipe.
A sua caminhada para a fama e êxito foi a partir daí interminável, tendo toureado em toda a Espanha com variadísimas figuras do toureio mundial, tais como Manolete, Luis Miguel “Dominguín”, Chicuelo, Mário Cabré, Pepe Luis Vásquez, Gitanillo de Triana, Manuel Escudero, Morenito de Talavera, entre muitos outros.
Entre 1944 e 1946 toureou mais de 100 corridas por ano e coleccionou êxitos atrás de êxitos, sendo o único matador que nas suas actuaçoes sempre ganhou troféus, ao ponto de a própria comunicaçao social, por vezes, omitir a quantidade de troféus que lhe eram atribuidos, por exemplo 4 orelhas passavam fácilmente a duas e, esqueciam também as patas e os rabos por ele conseguidos.
A sua popularidade também lhe grangeou algunas inimizades, como a de Luis Miguel Dominguín que inclusivé chegou a escrever uma carta ao Chefe de Estado Español acusando Manolete e Arruza de serem comunistas, felizmente essa carta nunca terá chegado ao “Caudillo”. A familia Dominguín criou em 1949, a empresa OTESA que detinha cerca de 40 praças em regime de exploraçao, tendo convidado Manuel dos Santos a tourear em todas elas, o que este recusou dada a profunda amizade que tinha por Arruza.
Quando em 28 de Agosto de 1947 se deu a trágica morte do seu grande amigo Manolete, Arruza, cansado e desiludido, decide deixar as arenas, tendo anuciado a sua retirada em 28 de Fevereiro de 1948. Mais tarde no seu país natal dedicou-se à “derrocha” e ao “rejoneo”, tendo alcançado alguna notoriedasde e toureado quer a cavalo quer a pé, em variadísimas ocasioes nas praças do México.
Após a sua retirada, viajou por todo o Mundo, gastando desordenadamente a sua apreciável fortuna conseguida ao longo de tantos anos de toureio. Conta-se que gastaria nesse tempo, em média, cerca de 1500 USD cada dia.
Uma deliciosa hitória que se conta sobre este homem, è aquela em que durante uma estadia em “Nueva York” ,convidou para jantar uma formosíssima mulher ruiva americana, levando-a a um dos melhores restaurantes da cidade, nao olhando a gastos como è normal nestas circunstâncias. Acontece que o seu domínio do Inglês nao era o melhor e, perante um abastado “menú” decidiu pedir uma dúzia de ostras (oyester) o que foi percebido por lagostas (lobster), gerando a surpresa do “maitre” que o questionou várias vezes se era de facto o que queria, acedendo ao pedido dada a convicçao de Carlos Arruza. Pouco depois apareceram na sala 12 empregados com o mesmo número de travessas cobertas que tinham dentro os 12 magnificos e dispendiosos crustáceos. Carlos que dispunha de variadísimos recursos na sua personalidade, levantou-se calmamente, inspeccionou cada uma das travessas e disse: “Comeremos esta!”
Carlos Arruza foi também actor de cinema tendo participado em vários filmes quer no México quer nos E.E.U.U., contracenando com John Wayne no filme “O Àlamo”. Foi também ganadero em Espanha, onde com gado Domecq formou a ganadaria que mais tarde seria vendida a “Sayelero y Bandrés”, ganadaria donde sairía o toiro “Avispado” que colheria mortalmente Francisco Rivera “Paquirri”.
No dia 20 de Maio de 1966 com a idade de 46 anos, quando se dirigia à capital mexicana, o carro em que seguia foi abalrroado por um camiao, tirando-lhe a vida.