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Quadragésimo quarto aniversário da Alternativa de Mário Coelho

Recordando a carreira do décimo terceiro Matador de Toiros Português
25 de Julho de 2011 - 20:46h Pedaços de história por: - Fonte: - Visto: 3478
Quadragésimo quarto aniversário da Alternativa de Mário Coelho

Mário Coelho Luis, natural de Vila Franca de Xira, onde nasceu a 25 de Março de 1936, desde muito jovem viveu num ambiente taurino, pelo facto de seu pai ser campino e ser um conhecedor de várias Ganadarias, bem como pelo facto de  acompanhar o mundo dos toiros através das esperas, das largadas e festivais que se realizavam em Vila Franca e na região.

Desde muito cedo pensou ser toureiro. Foi um dos poucos matadores portugueses que teve uma carreira completa, pois passou com valor e arte pelas várias etapas até atingir a categoria de Matador de Toiros.

Caminho que percorreu com muita determinação, coragem e sacrifício. Em 1950 e com a idade de catorze anos de idade começou por entusiasmar os aficionados ribatejanos pela sua destreza e intuição taurina.

No dia 03 de Outubro de 1955, na agora centenária Praça de Toiros Palha Blanco, prestou provas para Praticante de Bandarilheiro, sendo apadrinhado por Manuel Paveia.

Passados três anos, mais em concreto a 13 de Setembro de 1958, na Praça de Toiros do Sítio na Nazaré, onde tinha muitos simpatizantes, tomou a alternativa de Bandarilheiro, tendo um percurso ímpar nesta categoria.

Graças ao extraordinário conhecimento dos toiros e possuidor de notáveis faculdades físico-atléticas, viria a ser um caso na tauromaquia mundial.

Como Bandarilheiro fez parte das quadrilhas dos Matadores de Toiros Portugueses Manuel dos Santos, Diamantino Vizeu, António dos Santos, José Júlio e do espanhol Paco Corpas, entrou posteriomente para a quadrilha do matador Andrés Vázquez

Alcançou prestigio a sua participação na quadrilha deste matador espanhol, sendo os seus tércios de bandarilhas considerados autênticos poemas. Como bandarilheiro Mário Coelho alcançou vários troféus de prestígio e entre os quais se destaca o troféu “Mayte”, o qual conquistou na Temporada de 1966 durante a Feira de Santo Isidro em Madrid. Durante nove anos ou nove temporadas deixou o seu perfume e arte de bandarilhar nas mais variadas praças de toiros do mundo taurino, viu igualmente aparecer no início de vários cartéis de toiros o nome do seu matador e com o traje de seda e prata, teve direito a uns acordes de um pasodoble após cravar um colossal par de bandarilhas na Monumental de Las Ventas em Madrid.

Sentiu que devia reconhecimento aos muitos aficionados que muito o acarinhavam onde quer que actuava, pelo que a melhor forma de mostrar a sua gratidão, foi continuar no mundo dos toiros e assim passar para a categoria de Matador de Toiros.

A 17 de Março de 1967, apresentou-se na praça de toiros de Cartagena com a categoria de novilheiro onde alternou com Fernando Torrosa e Beca Belmonte, lidando e estoqueando novilhos da Ganadaria de Cebada Gago.

A 4 de Maio de 1967, apresentou-se na Monumental Praça de Toiros de Las Ventas em Madrid, alternando com Enrique Parón e Agapito Sánchez Bejarano, para lidarem e estoquearem novilhos da Ganadaria Portuguesa de Murteira Grave, que foram difíceis mas que lhe permitiram um grande triunfo, seguiram-se mais nove novilhadas.

Nesta mesma temporada chega o dia mais desejado da sua carreira ao tomar a alternativa de matador no dia 27 de Julho de 1967, na Monumental Praça de Toiros de Badajoz, tendo como padrinho Julio Aparicio e como testemunha Manuel Cano “El Pireo”, lidando o toiro “Granjero” que como os demais era da ganadaria de Sánchez Rico.

Deixa de viver na capital espanhola e a sua carreira sofre um decréscimo em número de actuações, não deixando no entanto de actuar  em países como Espanha, Venezuela, Perú, Colombia, Equador, México e nas praças portuguesas.

No ano de 1973 actua em Montreal (Canada) cartel composto pelos matadores portugueses José Júlio e Ricardo Chibanga. Entre os muitos troféus que obtém como Matador, destaca-se o Troféu Domecq que premiou um colossal par de bandarilhas cravado no centro da arena na Monumental Praça de Toiros de Insurgientes na Cidade do México, perante 60.000 pessoas, que o aplaudiram em delírio, na temporada de 1979.

Na sua carreira de matador há datas importantes entre as quais devemos destacar.

A 29 de Julho de 1967, apresenta-se como Matador na praça de toiros do Campo Pequeno.

Confirmou a Alternativa na Monumental Praça de Toiros de Las Ventas em Madrid, a 14 de Maio de 1980, num cartel misto que contou com a presença do matador Carlos Escolar “Frascuelo” e Angel Peralta (rejoneador) João Moura e o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa. Toiros da Ganadaria de Cortijoliva. Corrida onde lidou e estoqueou dois toiros grandes e pesados com cinco anos de idade.

Alguns momentos menos bons na sua carreira foram a profunda cornada que sofreu no músculo direito durante a lide de um toiro da ganadaria portuguesa de Cunhal Patricio na temporada de 1973.

A 12 de Setembro de 1984, durante as Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem na vila da Moita, actuou na Monumental Praça de Toiros Daniel do Nascimento, tendo como alternantes os diestros espanhóis Pedro Gutiérrez “Niño de la Capea” (de Salamanca) e Paco  Ojeda (de Sanlúcar de Barrameda). Na sequência de uma grande lide obtida diante do toiro “Corisco” da ganadaria Ernesto Fernandes de Castro, e no seguimento de muitos pedidos dos vários aficionados, estoqueou o mesmo, sendo no final da corrida sacado em ombros por um grupo de aficionados e passeado pelas ruas da vila.

O gesto de estoquear um toiro, vale-lhe a obrigação de se identificar perante as autoridades presentes, sendo posteriormente presente a Tribunal, mas foi absolvido pelo Juiz.

Ao longo da sua carreira participou em Corridas em países como Portugal, Espanha, França, América Latina, Estados Unidos da América, Canadá, Angola, Moçambique e Marrocos.

Foi premiado com muitos e variados troféus que muito enriquecem o seu espólio pessoal. Foi homenageado pelas mais variadas Tertúlias e Grupos Taurinos, participando em vários Colóquios e Conferências.

No ano de 1990, foi homenageado pela Secretaria de Estado da Cultura, recebendo então a Medalha de Mérito Cultural.

No ano de 1996, a Comissão Municipal de Turismo em conjunto com o Clube Taurino Vilafranquense dedicam-lhe a VIII Semana da Cultura Tauromáquica.

Transmitiu os seus vastos conhecimentos a jovens aspirantes a Matadores como foram os casos de Rui Bento Vasques, Eduardo Oliveira e Alexandre Pedro “Pedrito de Portugal”, entre outros aspirantes portugueses, espanhóis e mexicanos que vinham para Portugal para se submeterem aos seus ensinamentos da Arte de Montes, bem como os alunos da Casa Pia através da assinatura de um protocolo com a Associação Portuguesa de Tauromaquia, da qual foi fundador e o seu primeiro Presidente.

A 20 de Setembro de 1990 e durante a realização de uma Corrida de Toiros na praça de toiros do Campo Pequeno cortou a “coleta”, afirmando que nunca mais se vestiria de luces, promessa que cumpriu.

Porém não se afastou do meio taurino, pois tem a função de conselheiro junto de algumas ganadarias portuguesas.

Seu filho Mário Coelho Junior quis igualmente seguir as suas pisadas pelo que também se tornou Matador de Toiros.

 

 

 

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