Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024
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Merdanças e Canganças!

A nova temporada já deu sinais de vida!(...)O defeso terá sido tempo útil para alguns toureiros estenderem ao sol os capotes, muletas e fatos de tourear por via do inconveniente bolor ganho por falta de atividade!
17 de Março de 2014 - 21:28h Pensamento por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 3131
Merdanças e Canganças!

A nova temporada já deu sinais de vida!.. No passado dia 1 de fevereiro teve lugar o tradicional festival de Mourão e nos dias 2 e 3 março para Beringel; 1 de março na Granja; 2 no Cartaxo e 15 em Vila Viçosa igualmente, estão aí anunciados espetáculos e Santarém, Salvaterra nos próximos dias 22 e 30, só para exemplificar.

O defeso terá sido tempo útil para alguns toureiros estenderem ao sol os capotes, muletas e fatos de tourear por via do inconveniente bolor ganho por falta de atividade! Embora haja quem não precise desse recurso por ainda mexer um par de vezes por época! Compreenda-se a analogia.

A necessária paragem em tempo pluvial e de frigífuga condição serve para os campos adquirirem novo vigor; o nascimento da bezerrada brava e sua amamentação é outro dos resultados; haverá lugar à natural e diligente impulsão que o novo ciclo sempre depende e que, as estações do ano designam em harmonia ao conveniente equilíbrio e reposição cíclica exigida pela natureza; as quadrilhas subalternas confirmam ou não os seus contratos; os apoderados, do mesmo modo; adquirir e preparar cavalos; levar praças a concurso e, para pavoneio de alguns presunçosos taurinos de convulsiva qualidade, organizam-se colóquios pouco mais ou menos encomendados à pressa, com a mera finalidade de satisfazer merdanças e caganças, o que caracteriza essa gentinha!

De presunção está o mundo cheio! Sempre se disse.

Não sei!.. Confesso. Somente sei ter alguma dificuldade no conhecimento de meio mundo, sendo que, da outra metade já conheço de ginjeira mas, o que me cabe saber relativamente bem é o do mundo taurino nacional.

É de rir à fartazana… a vê-los em preocupadíssimas correrias para se empoleirarem pomposamente com os seus nomes: «Oradores: Exmºs Senhores, fulano e beltrano; Moderador: Exmº. Senhor, sicrano!»

Pobre festa que, com tanta vilanagem tens vindo, incongruentemente, a ser violentada, amesquinhada, infamada e vilipendiada quer de um modo intrínseco quer extrinsecamente! Por desgraça.

Será que essa súcia tem a noção de quão complexa se reveste a matéria taurina e que para se poder doutrinar, o que é de facto uma ciência, sempre é necessário mais do que conhecer nomes de toureiros, ganadarias e datas?

Claro que sou completamente a favor de colóquios, congressos, conferências, palestras, cursos, concursos, workshops, reuniões, fóruns, treinos de forcados, ferras, tentas, entregas de prémios, festivais e mais tudo que dignifique e glorifique a nossa apaixonada festa mas, com qualidade moral de infundado respeito, com consciência do próprio valor a desenvolver, com honraria, com autoridade doutrinal, com indispensável filosofia sobre a ciência, com honestidade, com sentimento, com imperioso significado, com morigeração de costumes e com respeito pelo próprio espetáculo enfim, com princípios morais baseados na finalidade do Homem e, não somente, como utilização como meio de trampolim para merdanças e caganças!

Temos o defeso praticamente acabado e, presa-me saber quantas palestras desenvolveu o sapiente historiador taurino e bom Amigo, Coronel José Henriques - ao qual, aproveito para enviar um apertado abraço -; foram belíssimos, senão extraordinários, alguns colóquios bem organizados com ganadeiros – quero dizer, com importância e destacada coerência; aceito em pleno outras conferências bem-intencionadas com a inclusão de algumas figuras de toureio e até, alguns doutos aficionados mas, cuidado com os críticos aderentes – façam-se colóquios sim, no entanto, será bom pô-los na balança e ao pesa-los, dever-se-á separar os contrapesos!

O que me apetecia era colocar enormes e bem visíveis outdoors em redor da festa, avisando: «NÂO SE ACEITA ENTULHO» como vou vendo por aí à berma das estradas; e contrapondo, colocaria outros, avisando: «ACEITA-SE COM ESPECIAL DELEITAÇÃO COLOQUIAIS COM ATRIBUTOS DIVINOS.»

Ao que me parece, aquela gente deve pensar que a ciência tauromáquica é comparável ao futebol, isso sim, todo o mundo está por dentro, ouvem-se por aí discussões à vara-larga entre treinadores de bancada e de café… é vê-los em avenidas, praças, ruas, vielas, azinhagas, becos, travessas, tabernas, cervejarias e restaurantes!

Fico incrédulo por reconhecer haver alguém ainda em crer que uma bola de futebol tenha alguma equivalência com um touro, ou os toureiros terem esforço psíquico igual aos futebolistas! Como será possível que nos dias de hoje ainda se confunda arte com desporto, sobretudo industrializado! Sempre vi toureiros a treinarem com bola mas,nunca me foi dado conhecer futebolistas a treinarem com touros… Essa é que é essa!

Vamos lá… Por que razão se há de perder tempo com essa gentalha? Quando nos poderemos e deveremos debruçar sobre os que são de facto aficionados ao espetáculo, pessoas de reconhecida respeitabilidade, obreiros de dignos eventos e que dedicam-se às coisas da festa brava com amor e, por que não, com paixão? Mesmo. Nunca será demais exaltar pessoas de bem, de boa índole, de sãos princípios e auspiciosos fins. Tudo o resto são balelas, tretas, manhas e artimanhas!

Tem sido com as mãozinhas dos deuses, das nossas senhoras e de quantos santinhos existem em proteção à nossa querida festa – quero dizer: Ainda restam alguns ditosos argumentistas de reconhecida idade a par de outros de grata dinâmica, razoabilidade e conscientes de que de facto urge fazer mais alguma coisa pela nossa “ai Jesus”! Mas, confesso, que ainda assim, sinto-lhe uma certa anemia!

Todavia, como referi, ainda vem aparecendo gente boa e válida - o que já não é chita!

Estou-me a recordar de um caso específico: é da empresa arrendatária da Praça de Touros “Palha Blanco” que pretendo dar como bom exemplo pois, nem todos têm primado pela qualidade!...

A “Tauroleve”, sendo de Vila Franca de Xira ganha com a minha simpatia, é certo, porquanto, como autor destas linhas e vila-franquense de longeva qualidade- 71 primaveras cumpridas e profundo conhecedor da matéria, logo sei conhecer e diferenciar perfeitamente quem abraça os destinos tauromáquicos comerciais do secular, castiço, prestigiado e invejável tauródromo Lusitano de visibilidade internacional.

A empresa exploradora que por ora dirige os seus destinos e, dada a altura da entrega a quando a exploração do primeiro concurso que se nos impôs algumas cautelas – admito perfeitamente quiçá, por então, não ser reconhecida tauromaquicamente!..

Pois não era. Porém, entretanto, a mesma permitiu-me renovar a avaliação e depois, terá havido algum convencimento em distintas particularidades: é uma empresa jovem, séria, dinâmica, coerente e razoável – espero que sempre prevaleça a humildade, o que não se encontra muito numa medida arbitrária da duração das coisas e na época atual.

Em início houve quem ainda ensaiasse alguma coisita menos própria mas, logo desvaneceram com o propósito – se calhar até são dignos de perdão quiçá, pelo modo como foram talhados, resultando num mau acabamento! Mas quanto a isso pouco se poderá fazer!

Felizmente, a “Santa Casa de Misericórdia”, enquanto arrendatária, avalisou-a positivamente; a edilidade Municipal, na pessoa do seu novo Presidente, Alberto Mesquita heroicamente, disponibilizou-se de um modo tão franco que nos encantou com os privilégios – mesmo considerando as reconhecidas dificuldades; os artistas e ganadeiros anuíram completamente; outros profissionais que integram o espetáculo seguiram o mesmo exemplo e eu, aos poucos fui catalogando dentre caixa craniana de cinzento recheio, como a coisa até vem resultando… e resulta.

É com regozijo que hoje, o autor destes alinhavos consciencializa-se inteiramente com o que vem constatando no trabalho desenvolvido na empresa quer pela repescada qualidade de intrépido respeito ao público, quer pela consciência do próprio valor incutido na obra feita!

Nem se pense que este artigo foi encomendado, nada disso, saiba-se que não falei com ninguém sobre esta matéria… nem doutras. Não dou confiança a quem quer que seja para discutir os meus trabalhos, nem tão-pouco lhes peço opinião ou o que quer que seja; não pendurei, não me penduro e não me pendurarei em ninguém, para que se conste - salvo alguma informação eventualmente necessária ao cumprimento do rigoroso dever. Só isso. Unicamente poderei usufruir dos direitos inerentes ao crítico taurino e criterioso analista sobre a tão complexa matéria tauromáquica.

Afinal, é a munificência que me anima, é a verosímil verve que me acredita, é a verticalidade que me estabiliza, a pugnacidade que me espevita, a criteriosa neutralidade que me ajuíza e é a consciente argumentação que por Deus, ao longo dos muitos anos a mente veio logrando absorver com esmerada dedicação tão complexa ciência e assim, pela Graça Divina, usufruir da benéfica qualidade de uma mente ultrarrecetiva.

Não é nada fácil gerir a “Palha Blanco”, todo o mundo sabe; houve-se de vez em quando que a nossa praça é maior do mundo – por ter vindo a atravessar reconhecidas dificuldades por considerável ausência de público -, a sofisma parte declaradamente de aficionados – acham-se engraçados e dizem-se como tal porquanto, quaisquer dignos amantes da festa deverão considerar a insuficiente lotação do edifício – para mim é simplesmente a mais pequena do mundo! Presta, todavia, contrariar tal inconveniência com a obrigatoriedade à nobre conscientização e ao reconhecimento da justa e verdadeira opulência carismática que a praça e a própria terra sustentam no meio tauromáquico nacional… e por que não internacional?

As pessoas, mais que tudo, poderão e deverão responsabilizar-se ao que diz respeito a vínculos de adstrita coerência social e, só depois, ejacularem as inconvenientes, perniciosas e ou, infelizes baboseiras!

A praça “Palha Blanco” tem de facto dificuldade em assumir esmerados cartéis e, Vila Franca e a afición nacional, em geral, não toleram elencos artísticos que não sejam de superior nível para a expressividade de praças de primeira categoria, mesmo às que têm diminuta lotação! Mas como será possível organizar espetáculos de postim quando a sua capacidade não acompanha real fama… talvez esgotando sempre –, digo eu.

A solução, seria a construção de um novo edifício, mas nunca do tipo multiusos, isso só iria complicar muito mais porquanto, ainda reduziria mais a lotação! De facto não vislumbro tal solução… Por favor, não confiem demasiadamente no que ouvem, consultem antes os vossos espelhos - alinhem na coerência, na razoabilidade e no bom senso.

Seria benéfico, se aqueles que gravitam à volta da festa brava não secretariassem o espírito das trevas ou, não se disponibilizassem ao culto malsim! Há sempre alguém…

Ao invés disso, seria ótimo deixarem-se de caganifâncias, limitando-se às suas próprias diminutas dimensões e preterissem virtudes dissimuladas, falsos sentimentos e presumíveis conhecimentos da matéria.

Só é aficionado quem dignifica o espetáculo e não, quem aguarda pela saída dos cartéis das corridas para se inteirar da formação e depois, aventarem-se a vãs e mal-ajambradas desculpas e pareceres de injusta coerência para assim justificarem a ausência aos espetáculos…

Conheço-os a todos, sei-lhes as manhas, artimanhas e recursos à mordacidade recorrente! Fazem-no como que um sanar de penas procurando disfarçar, desse modo, alguma possível culpabilização. É-lhes mais possível a maledicência, ao invés de se ajeitarem com dignos comportamentos, de darem a cara e admitir que nem sempre se pode frequentar todos os espetáculos com touros e ou, sem eles! São almas perdidas, de invejas consentidas com atitudes desmedidas!

Hoje até está na moda a falta de disponibilidade financeira então, qual é a vergonha se o mal é praticamente coletivo!

Se fizerem o esforço de assistirem a metade dos espetáculos, já será muito bom e terão o direito ao meu reconhecimento!

Prepara a “Tauroleve”, para a temporada a que estamos a entrar, algo aliciante que penso cair bem no seio dos aficionados em geral e dos vila-franquenses em especial: a alternativa do jovem cavaleiro Nelson Limas está prevista para maio; a tradicional garraiada da sardinha assada às 2 horas da madrugada e claro, a corrida de domingo de “Colete Encarnado” que, felizmente, sempre homenageia o heroicizado CAMPINO o que será, como sempre, um dos aliciantes das carismáticas, típicas e inebriantes “Festas do Colete Encarnado”.

Todavia, a “Tauroleve”, para o decorrer da temporada que se aproxima, demostrando acérrima vicissitude de regionalidade, sentimento vila-franquense, num rasgo de racionalidade em relação à nossa apaixonada festa e venerado reconhecimento pelo tão querido e saudoso Amigo matador de touros José Falcão, prepara para toda a época, a de consumição dos 40 anos do trágico desaparecimento uma série de eventos de póstuma índole recordando tão inefável figura vila-franquense. Teremos pois, nas arcadas da praça, tertúlias, e na própria arena da “Palha Blanco” muita criatividade mas, que por ora ainda em formação aliás, como todo o resta da temporada!

A Câmara Municipal, atenta a todos estes fenómenos e, prenhe de visível oportunidade juntou-se a estas festividades, apressando-se a glorificar ainda mais, as gratas comemorações com qualidade moral, convinhável nobreza e estado de consciência sentimental na “Patriarcal Municipal” com uma exposição relativa ao notável ato.

 

A bem da festa dos touros.

 

Saudações taurinas.

 

 

 

(Prosa escrita em coerência com o novo A.O.)

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