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Toirada (2ª parte)

Como afirmei, desde os meus tempos de franca crueza de imberbe pedagogia taurina que teve lugar a desistência das poucas ganadarias de sangue português que ainda por ventura me foram dadas a conhecer desde os tempos da minha impúbere existência...
17 de Maio de 2014 - 21:04h Pensamento por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2545
Toirada (2ª parte)

                                                    (2ª PARTE)

Como afirmei, desde os meus tempos de franca crueza de imberbe pedagogia taurina que teve lugar a desistência das poucas ganadarias de sangue português que ainda por ventura me foram dadas a conhecer desde os tempos da minha impúbere existência; português de sangue absolutamente cá deste retângulo pouco mais ou menos (des)plantado, conquanto, ainda fazendo jus à originalidade, vem-me à ideia a antiga ganadaria que ostenta ainda com orgulho, embora envergonhado, a divisa de Vaz Monteiro.

Ao que parece, resta na bela e cativante ilha Terceira, nos Açores, uma pontinha de vacas igualmente autóctones com alguma proximidade àquela caraterística – no ano de 1966 ainda me foi proporcionado ali atuar, pegando então de caras em três dias seguidos, na extinta e velhinha praça de São João, num final de semana, seis touros de sangue absolutamente nacional, distintos morfológica e fisiologicamente, apresentando estes caraterísticas comportamentais bem diferenciadas ao tipo continental; a natureza do género biológico seria absolutamente influenciada pela evidência geográfica, geóloga e ambiental: touros de porte médio-baixo, sem carnes excessivas, gravemente musculados, bem armados, membros menos extensos longitudinalmente e muito fortes, evidenciando-se, deste modo, uma notável robustez e poderio no seu todo, como exemplo: nas acidentadas serras que servem de pastadouros às cabras é comum comum encontrarem-se igualmente aqueles ocupados com a mesma função… touros assassinos era como os antigos e extraordinários forcados profissionais, tais como José Luís e Manuel Faia os chamavam –, mesmo no nosso Continente, ainda tive a oportunidade de enfrentar de caras muitos hastados de sangue exclusivamente português! Não sendo, todavia, nada fáceis de enfrentar pela muita pata na investida, dúbia regularidade na mesma e incoerência nas reuniões, poderei, ainda assim, vangloriar-me pelos fenomenais resultados adquiridos, pois então! Como felizmente ainda muitos antigos aficionados ou forcados do tempo o poderão testemunhar.

 Os touros bravos são de apurada casta espanhola e ou, sangue português e, depois ainda existem outras, mas impuras raças, como sendo a “mertolenga” e a “salamanquina”, as que se poderão identificar aquando agora os usuais concursos de pegas de cernelha, por exemplo.

Assim já se estará a falar bem! Pelo menos terá sido deste modo que sempre aprendi mas, será que estou bem… ou estou baralhado?!

Por falar em bravos, será bom dar a primazia aos que geneticamente, ao longo de quase um século, vieram sendo manipulados por meio de esquisitas e cientificas técnicas depurativas até chegar a um género de absoluta significação, à reunião propositada no sentido da congenialidade de caracteres o que, será igual a touros encastados, distanciando-se estes, naturalmente, dos silvestres Uros havendo, ainda assim, alguma analogia física relativamente aos encastes mas, com comportamentos radicalmente distintos!

Porém, já há mais de uma dezena de anos que os nossos entendidos na matéria consideram ter havido alguns encastes nacionais e assim, hoje, atribuírem esse conceito por conveniências bem objetivas - não sei, não - como no caso atual, os ferros Vaz Monteiro e o recentementeexpirado, ferroNorberto Pedroso que, ao que parece, até tinham – ou têm - algum sangue «Saltilho» conforme se comprova naquela pelagem salgadinha! Uma coisa é uma coia, outra coisa é outra coisa!..

É este ponto que mais me preocupa por considerar ser um caso bem fecundo e extraordinariamente facundo – quero dizer essencial mas, discutível; ao que eu saiba, na atualidade, a existência de touros com 100% de sangue nacional, infelizmente, somente reconheço os efetivos da referida primeira ganadaria, a Vaz Monteiro – dizer-se casta portuguesa, como está a pretender-se entrar em moda, já não me parece tão bem, conquanto estimo a segunda mais virada para um cruzamento de sangues ou mesmo, um sub-encaste como o referido «Saltillo», como no caso específico, os Infante da Câmara… Poderá haver, isso sim, cruzamentos com mais ou menos sangue português mas, vamos considerar que todas as outras nossas originais ganadarias têm, de algum modo, alguma percentagem de cruzamentos.

Mas vamos lá a ver: não deixarei de modo nenhum de considerar e respeitar os engenheiros destas coisas da genética – alguns bem Amigos, isto que fique bem assente.

O certo, no meio de tudo isto, é que os touros encastados pela lógica, e à partida, são mais bravos que os de sangue puramente nacional, estes, no entanto, nunca deverão ser confundidos em termos comportamentais com os primeiros por se apresentarem num género de bate-e-foge, queixosos quando os castigos, investidas algo confusas, pouco expertos, com muita mobilidade e, interessantes por divertirem os setores mais populares; eu próprio tenho falado e até escrito variegadas vezes: para espetáculos de rua, com esperas e largadas de touros, são de facto o tipo de gado bravo ideal, são mesmo uma joia nacional. Acabar com eles é que nunca! Faça-se é mais pela ganadaria existente de singular condição nacional. Vão aos Açores buscar mais exemplares do género, tragam-nos de Espanha ou lá da Camarga, dos campos do sul de França enfim, procedam com entenderem… não deixem é morrer os referidos espetáculos de rua de tradicional e reconhecida tourearia brava popular!

Voltar a este tema numa próxima oportunidade de um modo mais específico, será um prazer quer pela curiosidade que a sua história sustenta, graça, resultados, recursos que exigem para os enfrentar, etc.

Deverei, naturalmente, proceder com a maior equidade pelo respeito que devo a todo aquele que faz pelo touro e pela festa mais propriamente, nestas coisas de matéria tão técnica e de complexidade de elevada condição ao serem abordadas obrigam a descrições de considerável pormenor o que, de facto, por vezes confronta-se com leitores menos preocupados por este género de trabalho, menos atentos ao pormenor, tão pouco interessados na informação técnica, muito embora, de notória presunção também há os que falam… falam… falam… e não dizem nada! São feitios.

A tecnicidade aplicada no exposto artigo, poderá não ser tão apelativa para alguns dos interessados e fieis leitores dos meus escritos, compreendo, mas reconheçamos que os conceitos surgem como abertura de quem trabalha, o que significa a organização como um sentido procedente de conjugações e critérios de circunstância com que pretendo valorizar o tema, exprimir narrativas de pensamentos concretos, realidades na forma da feliz vivência.

De facto, este é um tipo de análise que mais me confere e dá gozo conquanto, conheço perfeitamente as minhas obrigações e essas, levam-me a desenvolver escritos também mais populares todavia, reconheçamos: todos são criteriosamente desenvolvidos com o primaz intuito pedagógico, independentemente da apreciável carga criteriosa que ambos os estilos, à partida, são sempre por mim induzidos.

 

(Prosa trabalhada segundo o novo Acordo Ortográfico.)

 

 

 

 

 

 

 

 

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