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Obras de Fancaria!

Não perca esta semana mais um irreverente artigo de Jesus Lourenço intitulado "obras de fancaria".
02 de Setembro de 2013 - 12:53h Pensamento por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2422
Obras de Fancaria!

Não sabem os queridos leitores e leitoras, quanta alegria me vai na alma e quão regozijo o meu coração sente quando assisto a um cavaleiro tauromáquico, artista e responsável, a dar vantagens aos touros. Ainda se vê, nalguns casos, a desejada cravagem de ferros de qualidade por diante dos touros, vê-se sim mas, com tanta frequência como rações de favas o burro do cigano come!

Claro que não pretendo referir-me aos artistas de concertada afirmação –, mas também esses, não raramente, se deixam ver à má-fila – do género: toma lá que é para aprenderes! E lá andam à volta aos touros e sem que estes deem por isso… toma lá cavacas!.. É agora já, que ele está de costas! Ainda antes, são as piruetas, as voltas, voltinhas e, voltaretas e depois, com os touros já parados com notória insuficiência física, continuam os rodopios, os giros constantes e mais arrolos e, os touros sem tempo sequer de se aperceberem se foi um moscardo que lhes mordeu emcima! Mas eu sei… são violinos, violas e violoncelos; são palminhos, palmos e palmetas; são rosas, rosinhas e rosetas!.. E os touros paradinhos! Chama-se a isto, obras de fancaria!

Conquanto, e felizmente, ainda temos um par de grandes exemplos representativos do nosso nobre toureio equestre!.. Só um par?! Interrogam-se os caríssimos e estimados leitores. Pronto, que não seja por isso… Acrescento mais um par – passa a dois. Estão contentes? O quê, ainda não?.. Vá lá então mais outro! Irra… pelos vistos ainda não fica por aqui?! Compreendo a vossa insurgência mas, se calhar eu sou bem mais pessimista… no entanto, pensando bem e apelando à minha razoabilidade, bonomia, tolerância, conseguintemente sempre condescendo sei lá, talvez para uma dezena de valores na sua totalidade: uns pela própria classe, outros pela classe do público! Bom… poderá não ser classificado de igual modo para todos os cavaleiros… ou para todo público… ou para todas as praças! Isso ficará para a vossa apreciação e critério – por agora!  

No toureio a cavalo impera a oportunidade, rusticidade, petulância e medra a presunção! Nem sempre, claro.

Nas últimas gerações não tem havido muito tempo para aprender a montar a cavalo – descontando alguns casos específicos conhecidos - há sim, maior preocupação para as ratices do rojoneio espanhol, são: andamentos modestos ou, com excessiva imprudência, exagerada exuberância e ainda, corridas desenfreadas, colocações com cilhas passadas, pescados e sobretudo, a mendicidade de aplausos fáceis a par do ensino de burrices aos cavalos! E, já agora, para não falar na pressa em porem os poldros a tourear ou mesmo, a descabida impaciência a chegar às alternativas! Os rapazes em idade pinta, devem ir para a escola básica e, não para a universidade! Dizia com muita graça já há uma carrada de anos, antes de nos deixar o taurino de mão cheia, António Carvalho, o popular “Galinha”: Taken easy boy – cavalos a correr não engordam!

Esta nova gente, “não para, não ouve e não olha!” Não aprende com quem deve e não deve a quem ensina! Não se preocupa com o toureio purista aliás, como aquele que guindou Portugal desde há séculos, como verdadeira pátria da arte equestre tauromáquica, do mesmo modo, tudo têm feito por definhar a nossa festa com o maior desrespeito e desconsideração pelos aficionados e mais que tudo, pela própria e distinta Arte, a de Marialva - e os espanhóis a rirem-se… e a aproveitarem-se!

Muito mais haverá para clarear, para recorrer à potassa em favor deste tema e creiam fieis leitores, nunca mais ficará branco… branco… branco!

Em norma, é comum, é prática recorrente nas corridas assistirmos aos cavaleiros quando as mudanças de cavalos, os seus subalternos a correrem logo direitos aos touros afim, de lhes darem copotazos… trapadas será um termo mais à portuguesa! Não, não é de vez em quando, é quase sempre ou, raramente não! Quero dizer: os jovens ginetes retraçam os touros à entrada e à saída – jovens, pouco jovens e nada jovens –, e os peões completam o serviço nos entretantos! É o pacote completo com o mesmo preço, do tipo shampoo, dois em um! No entanto, quando os touros são do género “se vens ter comigo levas”, a soberba esfumou-se!

Quando confrontados os referidos subalternos, respondem-nos: com ar grave, arrogante e com laivos de presunção artística: «São os cavaleiros que nos ordenam». Não sei não! Mas, estou atento a esse particular.

De facto, os toureiros secundários – mas absolutamente necessários – deverão sempre entrar enquanto as mudanças dos cavalos porém, somente deverão abrir os capotes quando a figura se dirige de novo à arena isto, por mera prevenção não vá o diabo tecê-las e entrar o cavaleiro e sair o touro!.. Ou de vez em quando com algum touro menos assertivo e menos colaborante… mas, somente para isso, certo?

Até depois!..

 

(Prosa trabalhada seguindo as regras do novo acordo ortográfico.)

 

 

 

 

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