Eu, não me compadeço quanto aos desvaneios audaciosos que geram à volta da festa dos touros e, com o ego afligido e o coração feito em retalhos, pesaroso, perante tão apoquentado estado de alma!.. Peço-te, a Ti Omnipotente e misericordioso… Livrai-nos do mal, e Amem!
Não, não será por minha culpa a falta de toureiros nacionais de alternativa – não, porque nunca quis pertencer a essa tão austera e virtuosa classe artística do toureio. Antes, era forcado o que queria ser e, fora isso mesmo que vim a ser. Mas, aquela peculiar e arriscada modalidade em todo o sempre me impressionou quiçá, pela florescência dos trajes, altives das poses, pelo risco sempre presente – a que eu fui sempre dado – ou, do querer e da expressão ou forma atraente quando o ato de bandarilhar e ainda, a substancia crucial e essencial da razão do espetáculo: o toiro bravo. Desde sempre me impressionou, como todas as outras modalidades, de resto.
Pois então, por este, aquele ou aqueloutro motivo… porém, ainda me resta um outro mais: o primaz, o justo, o lógico e que afinal, é tão-somente o próprio meio da festa dos touros, o ambiente partilhado, comprometido em associação e, o que de facto faz os verdadeiros aficionados e, em geral mais sentem… ademais, traduz-se em Paixão!
A qualidade e disposição habitual na prática do toureio, é de serenidade, de comparticipação, de partilha, de alegria e tolerância… quase sempre!
Há espetáculos, outros, tão angustiosos para os seus partidários – para alguns deles nem tanto porque ganham, mas vale o sacrifício? Veja-se os ferrenhos que só podem assistir acabrunhados, por via da insegurança instalada… quase sempre!
O retirado bandarilheiro Francisco Palhota, extremosamente apaixonado pela causa de todo o género de toureio e afins – artesão de motivos tauromáquicos -, abordou-me recentemente a propósito de meu último artigo editado aqui no www.taurodromo.com e, com o seu peculiar entusiasmado como é seu hábito, felicitou-me pela boa qualidade do mesmo. Como disse.
Mas, não dá o ponto sem nó, como é tendencioso dizer-se. Logo a seguir meteu uma cunha:
- Ó Lourenço, você devia também escrever sobre “Escolas de Toureio”!..
Entendi-o bem mas, como não é meu costume atender pedidos, só lhe respondi que, para fazer o meu trabalho não preciso que me assobiem!
Claro que eu respeito-o muito, principalmente por saber quanto Ele se dedica à festa, pela sua singela natureza e ausência de menores-valias e, acabei por ficar a pensar nisso e, cá está uma peça sobre esse tema no entanto, não deslisei a pena no sentido que o meu Amigo desejara…
As escolas de toureio tem de facto, o sentido mais primário da festa mas, nem por isso são de somenos importância.
O que estranho mesmo, é haver escolas e não se ver sair toureiros! Sendo assim, o que fazem os alunos?! Não é que eu queira duvidar de nível do ensino, Deus me livre, nada disso. Também não quero, de modo algum, desconfiar do entusiasmo dos jovens e, nem sequer duvidar da inteligência de cada qual, isso ainda menos… Então, o que se passa?!
Há escolas, há alunos, há entusiasmo, há… alguma matéria-prima e, só saem peões de brega e bandarilheiros qual papos-secos a sair do forno?!
Antigamente, é do meu tempo ainda, ser toureiro era sinónimo de muitos anos de preparação, fome, sacrifício, desespero, frio, esforço, sofrimento, ansiedade, paciência, obediência, humildade e inglória também! Mas, os que encontravam a desventura por não chegarem ao doutoramento, eram virtuosamente assinalados com nobre craveira dentro da classe, distinguiam-se aliás, como os mais idosos poderão testemunhar e os mais novos leem, dando-se ao trabalho, claro!
Ao nosso Deus e, a Mahomed, ao Deus do Sol e a Buda, rogo-vos todo-poderosos: façam um milagre e, deitem cá para fora, no mínimo, um par de matadores com classe para refrescar este meio já de si, tão pouco provido do fundamental e, de mais alguma coisa que valha à nossa querida festa.
(Prosa escrita com as regras do novo acordo ortográfico).