“Beber a vida até ao limite”
A propósito das festas “Los San Firmines”que se iniciarão dentro de dias em Pamplona, vem-nos à memória, a imagem do grande escritor norte-americano Ernest Hemingway, grande aficionado e promotor da “Festa-Brava” por todo o Mundo, através dos seus livros e crónicas.
A sua amizade com Luís Miguel “Dominguín” e António Ordoñez, talvez duas das maiores figuras de sempre da tauromaquia mundial e de todos os tempos, proporcionou ao escritor “beber” a cultura espanhola e tauromáquica, tornando-o um verdadeiro “experto” na matéria.
Apreciador da boa mesa e da boa bebida, foi frequentador entre outros lugares, do magnifico ”Café Iruña”em Pamplona que em sua honra mantém, uma estátua de bronze com a figura do escritor ao balcão.
È conhecido mundialmente o “cocktail Hemingway”.uma mistura de absinto e champagne que foi baptizado com o seu nome, dada a predilecção deste, por esta mistura.
O gosto de Hemingway pelo álcool em demasia è atribuído, à genética e segundo alguns especialistas, a um comportamento “maníaco-depressivo” do escritor que revelaria já desde jovem um certo comportamento compulsivo para enfrentar o perigo e a morte, como forma quase litúrgica para exorcizar recalcamentos da sua personalidade e vida pessoal, como o suicídio do seu pai e do seu avô.
Margaux Hemingway neta do escritor e estrela de “Lipstick”, também cometeu suicídio, e o filho de Ernest Hemingway, Gregory Hemingway, médico de profissão, cometeu suicídio numa prisão americana de mulheres, uma vez que entretanto, após uma catadupa de casamentos falhados terá mudado de sexo.
Esse comportamento é atribuído a Ernest Hemingway, devido a uma certa violência que o terá acompanhado sempre na sua vida, desde à participação na GWW I (Great World War I), Guerra Civil Espanhola ao lado da república e também no desembarque dos aliados na Normandia no dia “D”, estando sempre nos locais mais perigosos e onde pululava a actividade.
Comentam alguns críticos e psicanalistas que o paliativo de hoje, não é o da altura que dava por nome de "Smith & Wesson", explicando que com os avanços da medicina, estes estados de depressão poderiam ser controlados através de medicamentos, o que evitaria a "porta" do suicídio a Hemingway.
Também a sua paixão pelos toiros, a morte na arena, os Safaris em África, a práctica do boxe, o seu gosto pela pesca do “Blue Marlin”, toda a luta envolvente nesta pesca, a espera pela derrota do adversário e a consequente morte, tornando esta luta numa metáfora existêncial, Hemingway falou e escreveu sempre sobre temas de uma certa violência, luta, morte e sobrevivência.
Para além de ser uma referência mundial de um determinado estilo de literatura, em todos estes hábitos e aventuras revela a vontade e desejo de “beber a vida até ao limite”.
Fontes: Dr. Adrian Gramary/ Hospital Conde de Ferreira - Porto( 2005)
Foto: Psicodelicus / foto da figura ao balcão no Café Iruña / Pamplona