Pelas cinco da tarde…
O burburinho passa á expectativa, as trompetas soam.
Dentro do círculo amarelo, cheio de areia “ sevilhana “, rodeado de tábuas de cor“ sangre de toro “ vai acontecer tradição, beleza e luta pela fortuna, fama e glória.
Os homens vestidos de ouro e outros de prata, pisam o terreno como se de sagrado se tratasse, raspam os pés na areia em sinal de fé e respeito. Olham os espectadores sedentos, fazem o sinal da cruz, caminham pausadamente como se levitassem e, de repente param, levantam a sua “ montera “ e oferecem-se aos “deuses”.
Algures, um som metálico vindo de algum lugar, soa várias vezes e chama o principal actor, aquele porque todos esperam e anseiam, o toiro.
Cor de granito, com laivos de pedra branca, armado de hastes de marfim, sai, respira, arfa e dispara o seu instinto, a sua fúria inata e dirigida, correndo para o destino.
Dentro do redondel, esperando, está “El torero”, temerário e cheio de orgulho, baila diante dele com o seu capote enganador de cor rosa-amarelo.
Estuda-o, olha-o, fala com ele, começam então um diálogo e uma batalha. “ El torero “ domina,“ templa “, dança e hipnotiza o animal, ao ponto de lhe mexer nos cornos, e por tudo isto, recebe ruidosos aplausos do povo.
Depois, ostentando o seu traje cintilante empapado de vermelho, como o pano de Verónica que embebeu o sangue de Cristo, “ El torero “ roda à sua frente, mostra-lhe um “ Farol “ encaminhando-o para o seu destino.
Eis que é chegado o fim de mais uma saga intemporal, a da própria vida, e como tudo o que acaba, terá de obedecer ao seu próprio destino.
E ao cair do pano, como em todos os finais, a morte é o verdadeiro e legítimo epílogo.