Nascido em Sevilla a 8 de Outubro de 1990, Juan Ortega cresceu num entorno onde cada vez que se inspira se consegue sentir o aroma a toiro bravo. Este ainda pouco conhecido novilheiro espanhol habitou-se a viver desde os seus primeiros dias numa zona de excelente tradição ganadeira, onde os terrenos de acentuado declive e solos pedregosos apenas permitem o crescimento da árvore que está por excelência associada ao gado bravo: a azinheira. Amante do campo e da leitura taurina, Ortega é um apaixonado pelo toureio antigo. As suas principais referências são os matadores dos anos 60 e 70, devorando os livros que falam da festa nessas épocas e consultando permanentemente as revistas antigas que são, religiosamente guardadas na sua família desde há muito tempo.
Desta forma, tenta compreender a verdadeira essência da festa, procurando saber o que há 50 anos era necessário para se ser um bom toureiro e comparando-o com o que hoje é imposto às figuras. Sempre em busca do “seu estilo”, este “filosofo” do toiro de lide procura um toureio pessoal, uma criação momentânea, um toureio de emoções e não de imitações. Em cada muletazo tenta imprimir toda a verdade e sentimento que lhe vai na alma e em cada passo que dá dentro do ruedo tenta ser o Juan Ortega!
Até chegar ao coração da serra de Jaén, local onde desde pequeno começou a tourear, Juan Ortega habitou-se a percorrer um longo e perigoso caminho de terra batida, sendo também dessa forma que decidiu alcançar o sonho de ser toureiro: não pelo caminho mais fácil (o da imitação), mas sim pelo mais difícil (o da criação). Nunca se contentou com a ideia de ser apenas Matador de Toiros, o seu objectivo é ser uma Figura do Toureio que seja reconhecida pelos jovens do futuro nos livros e revistas, tal como ele faz em relação aos toureiros antigos e, por isso, decidiu enveredar pelo percurso mais tumultuoso. Chegado o Verão, isola-se do mundo e instala-se no monte da ganadaria de uma família que muito contribuiu para a sua ascensão enquanto toureiro: Roman Sorano. Uma vez aí, não pensa em nada mais que no toiro e a na arte de tourear, aí se perde em leituras de revistas antigas e em passeios por entre as rezes bravas, apenas de lá saindo para tourear.
Filho de ganadeiros (Herdeiros de Jacinto Ortega), desde muito novo, que se habitou a ouvir conversas sobre toiros, a visitar o gado bravo no campo e a assistir a corridas de toiros e tentadeiros. Com cerca de oito anos, começa a dar os seus primeiros muletazos mas, por estas alturas, ainda não passava pela cabeça dos seus pais que ele poderia vir a querer ser toureiro. Com treze anos cumpridos, depois de as brincadeiras com as vacas se começarem a tornar uma coisa cada vez mais séria e de os dotes toureiros do miúdo serem cada vez mais evidentes, os pais decidem inscreve-lo na Escola de Toureio de Sevilla, mas a experiência revela-se pouco produtiva. Juan apresenta-se muito jovem intelectualmente e os Sevillanos desprezaram os seus dotes toureiros, abandonando a escola apenas um ano depois de lá ter entrado.
Depois desta decepção, que não passava de “coisas de criança”, Juan Ortega afasta-se um pouco da ideia de querer ser toureiro, não acreditando que tinha potencial para vingar no mundo dos toiros. Ainda assim, revela-se um jovem sempre bastante interessado pela festa brava, acompanhando sempre de perto, tanto o que acontecia no campo bravo, como o que se passava nas praças de toiros. Terminados os estudos no liceu, no ano de 2008, decide iniciar o curso de Engenharia Agronómica na Universidade de Córdoba, cidade carregada de tradição toureira e onde em cada recanto se encontra afición aos toiros. Uma vez instalado na cidade, começa a fazer amigos bastante aficionados e conhecedores da festa brava. As conversas sobre toiros entre Juan e os seus novos amigos começam, inevitavelmente, a surgir cada fez com mais frequência e a chama de toureiro que estava quase apagada em Juan começa de novo a arder com grande vigor. É então que, ainda durante o primeiro ano na Universidade, decide inscrever-se na Escola de Toureio de Córdoba.
O jovem volta outra vez a concentrar-se na arte de tourear e, no final do primeiro ano lectivo, sai-lhe a sua primeira actuação em público em Baños de las Encinas, a 2 de Maio de 2009. As coisas correm-lhe bastante bem nessa tarde e corta um rabo, feito que o catapulta para a ribalta da escola de Córdoba e para um grande número de tentadeiros na ganadaria de Roman Sorano, onde passa a ser chamado cada vez com mais regularidade. Durante esses tentadeiros, os ganadeiros e as “gentes do mundo do toiro” facilmente se apercebem das capacidades toureiras do jovem e começam a achar que a escola de Sevilla talvez se tivesse equivocado em relação ao seu futuro. Em Julho desse mesmo ano volta a tourear, desta vez em Cabeça Rubia e volta a cortar outro rabo demonstrando que estava "ali" para triunfar!
Como por estas alturas os pais de Juan ainda não estavam completamente convencidos que o filho poderia chegar a toureiro, exigiram-lhe que volta-se aos estudos e desta forma em Setembro de 2009 regressa de novo à cidade de Córdoba para iniciar o novo ano lectivo. Uma vez em Córdoba, começa a tomar o toureio cada vez mais a sério e a assistir às aulas da escola com mais regularidade. Em Janeiro de 2010 inscreve-se no concurso Sapato de Plata e é seleccionado para tourear em Lucer no mês de Março desse mesmo ano. Mas quando tudo parecia correr bem, Juan depara-se com a segunda desilusão da sua curta carreira. Em Lucer as coisas correm-lhe mal, sai-lhe um primeiro novilho em que não alcançou nada mais que o silêncio dos tendidos e um segundo que não consegue matar.
Mas Juan Ortega não teve muito tempo para ficar desiludido, uma vez que, logo no mês seguinte, em Abril de 2010, lhe saiu mais uma novilhada inserido num certame de luces, na cidade de Bougue, em França. Nessa tarde francesa as coisas correm bem ao jovem, arranca uma grande faena e ganha o festival! À raiz deste triunfo é chamado a actuar por mais cinco ocasiões em terras francesas (durante o Verão de 2010), todas elas em praças importantes, onde normalmente quem se senta nas bancadas é gente profundamente conhecedora da arte de tourear. Ainda antes de chegar o Verão, toureia por primeira vez no Coso de los Califas, na cidade de Córdoba, numa tarde onde tudo lhe corre de feição, ficando o público cordobés bastante bem impressionado com a actuação do jovem novilheiro.
Devido aos feitos em França e em Córdoba é chamado a actuar no Certame de Novilhadas de Promoção do Canal Sur, concurso de grande mediatismo em Espanha e que tem o grande aliciante de todas as novilhadas serem televisionadas em directo e comentadas pela equipa do Toros Para Todos. É durante este concurso que Juan Ortega se dá verdadeiramente a conhecer à afición espanhola, uma vez que, consegue o feito de alcançar as meias-finais. Para além disso, causa muito boas sensações aos comentadores das corridas (que verdade seja dita, influenciam as opiniões de muita gente) – Enrique Romero e Maestro Ruiz Miguel – que em todas as actuações do jovem, não se cansam de citar o bom posicionamento e o temple de Juan. Encerra a temporada em França, numa novilhada sem picadores onde lhe sai um novilho algo complicado de Joaquim Buendia, que toureia com grande temple e poderío conseguindo arrancando mais uma orelha mas também sofrendo uma aparatosa cornada, que felizmente não o afastou dos ruedos.
Com tudo isto, atinge um total de cerca de 25 novilhadas durante o ano de 2010, números bastante redondos tendo em conta que era a sua verdadeiramente primeira temporada enquanto novilheiro. Mas a verdadeira “catapulta” da sua carreira foi no dia 26 de Março de 2011, onde depois de um Inverno cheio de tentadeiros, compartia cartel com cinco Figuras da actualidade: Enrique Ponce, Finito de Córdoba, El Juli, Cayetano Rivera Ordoñez e El Cordobés. O local da corrida: El Coso de los Califas, em Córdoba, que não se esqueceu da sua primeira actuação em Maio do ano anterior e que por isso decide recompensa-lo, juntando-o num cartel com todas as figuras. Também os toiros dessa tarde prometiam garantias de espectáculo, ou não fossem eles Jandilla, uma das ganadarias mais demandadas pelas figuras. Com todos estes “ingredientes” a corrida tornou-se, como é óbvio, de grande mediatismo. Estavam presentes todos os cronistas e fotógrafos de todas as revistas, web-sites e blog’s taurinos, a grande repercussão desta corrida era mais que inevitável.
Mas Juan Ortega não se intimidou, nem pelo mediatismo da corrida, nem pelas compilações que o seu Jandilla lhe apresentou. Com a praça “llena hasta la bandera”, Juan não podia ter causado melhores sensações à afición cordobesa. Classe, elegância, seriedade, temple, valentia e entrega, foram todos eles adjectivos utilizados para descrever a forma de tourear de Juan Ortega nessa tarde. Terminou a faena de muleta com a porta grande do Coso de los Califas aberta, mas o falho com a espada na primeira tentativa fê-lo perder um troféu. Para além disso, foi-lhe também atribuído nessa tarde o prémio: Novilheiro Revelação – por todos os feitos atingidos em 2010. No dia seguinte, podia ler-se Juan Ortega em toda a imprensa taurina!
A boa actuação junto das figuras leva-o a ser chamado a tourear na novilhada da Feira de Córdoba, em Maio de 2011, na sua primeira novilhada com picadores. Frente a um lote de Fuente Ymbro, também este espectáculo estava cheio de mediatismo, já que fazia parte do abono da praça de Córdoba e estava inserido no meio de uma “mão cheia” de carteis onde mais uma vez estavam presentes todas as figuras e todas as grandes ganadarias. A estrela da sorte voltou a acompanhar Ortega e desenha mais uma grande faena ao segundo do seu lote, corta mais uma orelha na praça de toiros onde muitas tardes treinou e à raiz disso é chamado para umas 15 ou 20 novilhadas com picadores durante o Verão deste ano.
Uma das mais importantes é a que tem pela frente no dia de amanhã, onde vai enfrentar um lote de novilhos de La Quinta, compartindo cartel com Sergio Flores e Adolfo Ramos na praça de toiros de Malaga. Quanto aos novilhos colocam-se muitíssimos pontos de interrogação, já que este ano têm saído regra geral bastante abaixo das expectativas. Onde não se colocam interrogações é em relação à repercussão mediática que o evento vai ter, sendo da máxima importância que tudo corra bem. Esperamos que a sorte siga acompanhando Juan Ortega e que o curro dos “bons” La Quinta esteja guardado para a corrida na Malagueta, para poder lançar para diante as carreiras destes jovens que muito batalharam para aí chegar. Passados dez dias, a 22 de Agosto, volta a ter uma importante tarde em Almeria, onde toureia novilhos de Marqués de Domecq, compartindo cartel com Víctor Barrio e David Galván e onde estarão presentes mais uma vez todos os meios de comunicação social.
E porque tem Juan Ortega tudo para ser figura: ascensão rápida, toureio pessoal, é do agrado dos ganadeiros, é um estudioso do toiro e do toureiro, numa carreira de dois anos já é chamado a inúmeras praças importantes, toureia as mesma ganadarias que as figuras, quando corta uma orelha fica triste por não ter cortado a outra, tem acerto na hora de entrar a matar e principalmente: vive de e para o toureio.
Juan Ortega, um nome para recordar! Que a sorte o acompanhe!