Ontem no Campo Pequeno, assistiu-se a uma corrida onde se lidou a pé e somente a pé. Não era uma novilhada mas uma corrida séria de Manuel Veiga onde os astados serviram na perfeição para um festim que deu à assistência motivos para dar como bem empregue o dinheiro do ingresso.
Infelizmente não tive a oportunidade de assistir ao início do espetáculo mas, daquilo que pude constatar, novos ares andam pela afición.
Dois matadores espanhóis e o nosso benjamim dos matadores deram ao público matéria para degustar, apreciar e saborear como melhor lhes aprouvesse.
Poderíamos dirimir muitas questões, já bem antigas, sobre a morte do toiro na arena, picadores e outras tantas que, a meu ver, nada trariam de novo à festa nacional a não ser mais protestos por parte de quem não sabe nem compreende.
Ontem louvou-se o toiro bravo, o toureio e a afición. Empresas a apostar no toureio a pé e em grandes figuras como é apanágio de Rui Bento e a empresa do Campo Pequeno e, já este ano, Rafael Vilhais com uma aposta forte e mais que ganha, esgotando Salvaterra com a apresentação de Roca Rey. Ontem, a veleidade de montar um cartel só com lides a pé mostrou-nos que o toureio de muleta está presente e pronto a dirimir-se de razões com o toureio a cavalo, vindo à “casa do adversário” mostrar que tem lugar por cá.
Sim, nem tudo são rosas e há um caminho longo a percorrer. Educar o aficionado para uma maneira diferente de tourear, apreciar e entender os argumentos e exigências do toureio a pé, preceitos e comportamentos em praça, afinar a bitola do aficionado, torna-lo mais exigente e entendedor do que de bom se passa no ruedo.
Os primeiros passos estão dados, as apostas vão surgindo e o público tem aderido. Com calma e responsabilidade, as empresas vão montando cartéis cada vez mais apetecíveis.
Nota-se uma fome de toiros, de ar fresco e mudança. Basta da monotonia com que os últimos anos têm decorrido, de números de circo, de manobras pouco astutas com que muitas vezes o aficionado é brindado porque é mau para a festa. Sim, porque ninguém gosta de ser toureado e, quando vão aos toiros, vão ver tourear o toiro, elemento central e foco da festa brava.
É bem patente, e está mais que provado, que corridas de “monstros” (sim.. porque uma corrida em que o peso dos toiros não comece por 6 já é de segunda) é paradigma a mudar e com urgência. Exijam-se toiros com mobilidade, que acometam com codícia e se concentrem na sua bravura e nobreza ao toureiro e ao cavalo, de princípio ao fim da lide com vigor e não se arrastem tipo tourinha.
Certo é que a festa precisa de novo vigor, de empresas a arriscar mais com consciência, cartéis variados e menos repetitivos porque quem paga o bilhete fá-lo pelo gosto à festa, à arte e, acima de tudo, ao toiro.
E já agora… Tirando José Luís Cochicho na teia, alguém conseguiu vislumbrar algum cavaleiro nas bancadas???
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