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Em Vila Franca, Corrida sem Alternativa

O que seria uma tarde de grande importancia para a história de um cavaleiro tauromáquico ficou gorada pelo azar do cavaleiro Nelson Limas de Samora Correia.
05 de Maio de 2014 - 10:08h Notícia por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 1954
Em Vila Franca, Corrida sem Alternativa

O que seria uma tarde de grande importancia para a história de um cavaleiro tauromáquico ficou gorada pelo azar do cavaleiro Nelson Limas de Samora Correia, que em véspera de tomar a alternativa numa praça importante como Vila Franca sofreu um acidente, fracturando o pé e vendo o sonho adiado para uma data a anunciar... Também o padrinho da cerimónia, João Salgueiro decidiu na mesma semana suspender a temporada por motivos pessoais dizendo que só se vestirá na alternativa de seu gilho em Coruche, na corrida de 17 de Agosto. Com todos estes azares e tudo pronto para uma tarde de touros na Palha Blanco, a afición desmedida da empresa não cancelou a corrida e mesmo sem alternativa, convidou Brito Paes e Marcelo Mendes para remendar o cartaz de seis cavaleiros e seguiu por diante mesmo sabendo os riscos que correria... Resultado, apenas um terço de casa pois faltaram todos os apoiantes e convidados da cerimónia do popular cavaleiro cigano. Outra data vingará decerto!

No tocante aos toiros, soberba a apresentação dos exemplares enviados pela divisa Veiga Teixeira mas a faltar um pouco mais de motor no acometimento às montadas, provavelmente pelo peso e o muito calor da tarde. O quinto foi o toiro da corrida e deu o mérito da chamada do ganadeiro à praça. Toiros que deram pegas a pedir forcados de verdade pela forma com entraram e carregaram até tábuas e os dois grupos equivaleram-se em valor e  foram triunfadores desta tarde ensolarada de Maio.

Pelos amadores de Vila Franca abriu praça o cabo Ricardo Castelo a citar de larga e a fechar-se seguro na córnea com o grupo a fechar bem o bloco.Bruno Casquinha arrancou também forte ovação à primeira dando volta junto ao primeirissimo ajuda Tiago Matos,"Salsa" e fechou Márcio Francisco a esperar sereno a tarda investida do oponente mas a vir seguro a recuar mandando na reunião como só ele sabe para se fechar com determinação.

Os rapazes de Coruche também em tarde de acerto tiveram em José Marques a serenidade a citar e muita segurança na reunião parecendo fácil o que nunca é...José Sousa assinou a pega da tarde ao quarto da ordem em que o toiro bateu para derrotar e fazer mal e em que o par de braços enorme e as ajudas extraordinárias resolveram o momento mais duro frente aos teixeiras. Encerrou a contagem Ricardo Dias na única intervenção ao segundo intento.

Quanto às lides e por força da troca de cartel abriu praça a terceira cavaleira anunciada, Sónia Matias que frente a um toiro pouco colaborador andou diligente em brega justa e provocadora logrando um segundo curto de boa nota e pelos terrenos que pisou acabou por ser alcançada com o toiro a prender no ar a pata traseira da montada felizmente sem desaire para a mesma e que serviu para a loitinha do toureio se encastar ainda mais numa lide de mérito mas sem hipótese do triunfo maior que desejava quando  brindou a sua mãe.

Ana Batista aproveitou as investidas iniciais do seu exemplar e deixou-se ver nos cites de largo para depois encurtar distancias e atacar o oponente com valor. A série de curtos em crescendo teve interesse, pisando terreno especialmente na reunião ao terceiro curto, o seu melhor ferro. Uma Ana mais confiada e aguerrida na escolha de terrenos e distancias.

António Brito Paes mostrou um toureio muito sereno, sem pressas e por isso talvez sub-aproveitando o motor deste toiro que deveria ter sido toureado mais de largo. Tudo muito templado e suave onde a reunião no terceiro curto bem debaixo do braço foi a nota do que dissemos, o toiro poderia ter dado mais uma lide mais emotiva pois aí cresceu e fez soar olés.fechou um palmito emotivo, recreando-se no cite com várias piruetas. Bem mas a faltar mais emoção à lide.

Paulo Jorge Santos recebeu bem o quarto da tarde. Um toiro suve nos encontros que não cresceu mesmo depois de três compridos. Uma lide laboriosa procurando nas montadas colocar o sal que faltava ao toiro.O terceiro ferro comprido foi de muito boa execução e na ferragem curta teve no segundo o seu melhor, rematando com um palmito a pedido do público montando o cavalo "Bailador". Apesar de ter o público na mão, Paulo Jorge com vergonha toureira por não ter redondeado preferiu declinar a volta à arena. Atitudes que se louvam.

O ditado cumpriu-se e o quinto foi o toiro da corrida. Na verdade este Veiga Teixeira saíu com muita pata e deu três voltas à arena nas sedas do cavalo de Marcelo Mendes que pela porta da substituição viu realizar-se o sonho do triunfo  maior nesta tarde. Dois compridos de antologia em tiras bem desenhadas e  melhor rematadas. A série de curtos, onde houve boa brega, foi de muito bom nível, entrando bem de frente nas sortes e rematando como mandam as regras. Os dois últimos, um deles de palmo, foram deixados montando o «Único» que lhe permite rematar as sortes com grande expressividade, dobrando-se nos remates com sentimento de cavalo toureiro. Marcelo assinou em Vila Franca uma lide redonda não se deixando subestimar pelo grande toiro mas sim galvanizar-se mostrando o coração e entrega que leva dentro.

  Fechou tarde Jacobo Botero tentando agarrar o toiro logo à saída do curro mas o comprido a ficar traseiro e que só serviu para remate airoso a levá-lo em duas voltas à arena na bandeira do ferro. Uma lide interessante mostrando-se muito bem montado mas a que faltou mais acerto na colocação… Valeram os pormenores de brega e dois dos remates com toreria terminando a lide com uma rosa de adorno e o desmontar em praça... Uma corrida com a edilidade presente no camarote principal o que é sempre de saudar... Alberto Mesquita, Mário Calado e António José Inácio aplaudiram com entusiasmo alguns dos bons momentos da corrida e bem dirigida pelo delegado técnico tauromáquico Rogério Jóia acessorado pelo doutor Jorge Moreira da Silva. Notas finais ao bom desempenho dos cabrestos e campinos da casa Nuno Casquinha a serem diligentes e rápidos  recolha dos toiros, a grande perfomance da renovada Banda do Ateneu Artístico Vilafranquense que, mesmo com o festival de bandas a decorrer tiveram fulgor para ir à praça e executar vibrantes pasodobles e claro a minha justa ovação ao notavel cornetim José António Henriques que voltou-nos a brindar com um toque "À Intiga" na saída do sexto da ordem a merecer saudar desde a tribuna. Momentos de espectáculo num espectáculo de emoções. Para o Colete Encarnado voltaremos à Palha Blanco.

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