Os matadores de toiros José Luís Bote, El Fundi e Cristina Sanchez, assim como varios forcados portugueses, dividiram as atenções da plateia neste segundo dia do III Fórum da Cultura Taurina que se realiza na Ilha Terceira, Açores.
Tanto uns como outros recordaram os exemplos múltiplos de valores que a tauromaquia lhes trouxe, tanto no plano profissional com principalmente no plano pessoal.
Os toureiros espanhois subiram ao palco, depois da exibição do filme “Tú Solo”, de Teo Escamilla, rodado sobre os primeiros tempos da Escola Taurina de Madrid, por onde aliás passaram os palestrantes, abordando o tema “dos Valores Educativos do Toureio, na Infância e Adolescencia”.
Bote y Fundi, recentemente empossados como directores da escola, disseram da necessidade de passar aos jovens alunos os valores que então receberam e que muito lhes serviram ao longo da vida.
Pela sua parte, Cristina Sanchez reafirmou que “o entusiasmo e o esforço que implica querer ser toureiro, também são fundamentais para aplicar em outras forma de vida e não só na arena. Por isso a escola de toureio de Madrid foi para ela não só um centro de aprendizagem profissional, mas ajudou-a e muito a preparar-se para o mundo”,
E concluiu: “O querer ser toureiro é outra história, pois é uma profissão muito diferente de todas as outras. Mas realidade, nós os toureiros, somos uns priviligiados, por termos podido viver e sentir tantas emoções.graças ao toureio. Ele exige-te muito, mas também te dá tudo, quando te entregas”.
Na primeira mesa redonda da tarde, abordou-se o tema da Solidariedade na arena, com a participação de Simão Comenda, João Simões, Fernando Potier e Adalberto Belarique, o único que está no activo, como cabo do grupo da Tertúlia Terceirense.
Foram eloquentes os vários exemplos relatados por estes veteranos, vinculados a um companheirismo inviolável, como código de conduta entre os forcados portugueses.
“Quanto mais passa o tempo, mais me orgulho de ter sido forcado, fazendo parte desta familia, que reconhece os valores da ajuda, do amparo e da amizade, como parte essencial para o que pretendem fazer, que é divertirem-se a pegar os toiros, com arte e alegria”.
João Simões, antigo cabo do Grupo do Aposento da Moita, relatou vários incidentes que teve durante a sua passagem pelo grupo, explicando de que forma a solidariedade entre todos foi importante para os ultrapassar, realçando o recente acidente do forcado Nuno Mata, que ficou tetraplégico. O movimento que se gerou à sua volta, é uma lição de vida para todos.
Fernando Potier, que dirige agora os destinos da Associação Nacional dos Grupos de Forcados, afirmou que, “No caso particular dos forcados o essencial é ser humilde, poruqe o grupo está e estará sempre acima do individuo. Por isto, os forcados pensam mais nos outros do que em si próprios, actuam em muitas acções benéficas”.
Finalmente, Adalberto Belarique, explanou à assistencia a recente digressão do grupo por terras das Américas e os muitos casos que ali se deram que evidenciam a forma como ser solidário é sempre mais importante que ser heroi individual.
“A pega é, também ela, um acto solidário com oito homens que, ajudando-se uns aos outros, alcançam a imobilização do toiro de uma forma artística, que demonstra destreza e valor colectivo”.