Por bem, quis o “Núcleo Tauromáquico” de Coruche festejar e homenagear um digníssimo filho da terra pelos seus extraordinários 50 anos de alternativa o que, no caso específico, tratou-se do grande matador de touros José Simões.
O evento teve lugar no passado sábado, dia 29 de junho, no excelente auditório do Museu Municipal de Coruche o qual, lotou completamente.
A mesa terá sido preenchida pelo anfitrião mor, ou melhor, o Presidente da Câmara Municipal, Simão Mendes Dionísio e como orador, o Dr. Domingos Xavier e claro, o homenageado e querido José Simões.
Tentando abreviar o mais possível, deixo somente algumas estórias contadas pelo distinto matador porém, há a considerar a sua natural nobreza de porte e excecional humildade: nasceu numa casa pobre, na rua da música e aí mesmo, já com um lustro de vida ou pouco mais, brincava com uma saca de sarapilheira como capote e, mesmo como muleta mas, entretanto, descobriu que o sacristão da igreja paroquial utilizava nos seus preceitos religiosos uma espécie de manto em flanela vermelha e, com a natural ansiedade foi pedir ao referido senhor se lho disponibilizava, ao que foi imediatamente atendido. Feliz, o mini projeto a toureiro, atreveu-se pedir à sua querida mãe se lhe fazia uma muleta… passado dias, José Simões incrédulo perante a mãe e a obra acabada: «Ó mãe, pedi-lhe foi uma muleta e não umas ceroulas!» «Articulou o nosso Zé! «Está tanto frio e elas são tão quentinhas filho… vai lá vesti-las! Respondeu a sua mãezinha com a maior das ternuras.
O Zé tinha por hábito brincar na rua aos toureiros com outros rapazinhos e, num belo dia, quando concentrado num soberbo natural, frente a outro menino com uns cornos de cabra entre mãos apareceu a mãe e então, o matador sofreu a primeira colhida da sua auspiciosa carreira, a senhora deu-lhe um estalo e, a figura entrou em desequilíbrio vindo a cair em cima de um caixote do lixo e, como resultado, sofreu uma fratura exposta no antebraço direito!
José Simões narrou muito mais episódios curiosos e engraçados da sua vida porém, aqui interessa destacar as 4 orelhas que logrou sacar enquanto a sua alternativa, em 24 de junho de 1963 na praça de touros de Badajoz, recebendo então, os trastes das mãos de Paco Caminho e testemunho de “El Viti”, com esta proeza, consagrou-se aquela figura toureira como o único matador português a adquirir tal feito! Curiosamente, nesta praça, ainda enquanto novilheiro quase sempre que lá atuava - 4 orelhas cortadas, era a sua marca!
No final, todos os atentos aficionados foram convidados a deslocarem-se ao edifício do “Núcleo Taurino” – mesmo em frente - onde estava aberta uma bem resenhada exposição sobre o importante percurso daquele fulguroso e reconhecido grande muletero português.
À noite, decorreu um animado e glamoroso jantar no restaurante de sua propriedade – atualmente dado à exploração – e, também absolutamente esgotado, chegando mesmo a diversas famílias abandonarem o local pelo facto de não terem atempadamente, feito as respetivas marcações!
O autor destas sentidas linhas foi entretanto convidado a fazer algumas ponderações sobre a muito considerável carreira de tão extraordinário toureiro e, como profundo conhecedor da sua carreira e amigo, terá sido com sentimento que recordou, quão a enormidade moral lhe distingue enquanto pessoa e claro, como dos mais estoicos conhecidos toureiros nas arenas!
Deus o proteja que bem merece, como à sua querida esposa, D. Maria Augusta e restante família, naturalmente.