A centenária Praça de Toiros de Caldas da Rainha recebeu a segunda corrida da temporada com casa cheia, homenageando o equitador e cavaleiro D. Francisco de Mascarenhas, numa noite de emoções fortes com transmissão em direto pela RTP1, no passado domingo.
Em praça apresentaram-se os cavaleiros, Marco José, Brito Paes, Manuel Telles Bastos, Marcos Bastinhas, Tomás Pinto e o praticante Mateus Prieto. Os forcados amadores de Caldas da Rainha pegaram a solo os 6 toiros de encaste puro Santacoloma da ganadaria Mário Vinhas.
No intervalo da corrida, a empresa Toiros & Cultura em conjunto com a Real Tertúlia Tauromáquica Dom Miguel I prestou homenagem a D. Francisco de Mascarenhas com uma placa nas galerias da praça, agradecendo o seu contributo em prol da Tauromaquia e Equitação nacional. O Presidente da Câmara de Caldas da Rainha, Fernando Costa venerou D. Francisco, oferecendo a jarra com o brasão de armas da cidade de Rafael Bordalo Pinheiro, e o cabo Nuno Vinhais em representação do grupo das Caldas presenteou o cavaleiro com uma salva de prata, pelos 77 anos de toureio ao serviço da Festa Brava.
O Fado das Caldas foi evocado na praça de toiros ao vivo pela voz de D. Vicente da Câmara, no ano em que o Fado foi elevado a património da Humanidade. Este fadista gravou pela primeira vez o conhecido Fado das Caldas em 1948, onde retrata os próprios personagens que conviveram com D. Francisco de Mascarenhas, nos seus tempos de juventude na cidade caldense.
No final da corrida, D. Francisco de Mascarenhas reuniu os intervenientes do espetáculo no centro da arena e recordou as décadas de lides ali realizadas, transmitindo sentimentos de alegria e emoção por ver mais uma vez ao vivo a praça de toiros das Caldas da Rainha repleta de público.
O Taurodromo falou com Paulo Pessoa de Carvalho, o qual fez um balanço positivo da noite caldense, em que se concretizou os objetivos iniciais propostos. O responsável pela Toiros & Cultura revelou ainda ao Taurodromo as três melhores lides, que na sua opinião se evidenciaram.
O empresário taurino considerou o espetáculo como “uma chamada de sucesso” nas Caldas da Rainha, concretizando a lotação da praça e deixando uma imagem para o exterior “muito boa para a afición”. O desconto no preço dos bilhetes e uma divulgação da corrida de forma acrescida foram os principais motivos apontados pelo organizador para o sucesso do espetáculo.
“Fico contente de saber que conseguimos encher uma praça de toiros num momento destes em que vivemos, acho que a estratégia adotada pela empresa de dar um bilhete de bónus por cada dois foi muito importante”, afirmou Paulo Pessoa de Carvalho garantindo que vai continuar a existir “uma campanha de estímulo e incentivação com regalias deste género”. O organizador afirmou que a imagem que passou para a afición foi boa e acha que é positivo para a Corrida do 15 de Agosto, e para os projetos futuros que existem para a praça. O responsável taurino antecipa e garante, “estou convencido que vamos fechar esta temporada num ano de crise em alta”.
Segundo o empresário caldense, os responsáveis taurinos devem inovar no sentido de motivar as pessoas em pleno tempo de dificuldades económicas. “As pessoas têm de sentir em primeiro lugar, que o espetáculo é bom, que existe uma vontade clara do seu promotor de que o custo seja mais reduzido e a regalia seja maior”, manifestou Paulo Pessoa de Carvalho, seguro que esta ideia a adotar tem de prevalecer.
O responsável pela Toiros & Cultura acredita que o público que formou a moldura humana na praça é maioritariamente caldense, combinando o espetáculo taurino com um evento de marca Caldas. “Existiu uma capacidade de catalisar as pessoas à volta da corrida de toiros, das Caldas, da homenagem ao Fado das Caldas”, salientou.
Relativamente à prestação dos intervenientes da corrida, Paulo Pessoa de Carvalho destacou a ganadaria pela sorte com os toiros que saíram, elogiando a boa apresentação do curro, que rondou em média de peso os 480/510 Kg.
“Não vale a pena ter toiros grandes, vale a pena ter acima de tudo toiros que consigam cumprir e dar emoção. O que passou hoje aqui foi um curro muito bravo da ganadaria Mário Vinhas e que proporcionou um bom espetáculo”, sublinhou o empresário taurino.
As três lides com nota claramente positiva da corrida para Paulo Pessoa de Carvalho são: a lide do Marco José, que após alguns anos regressou à sua terra natal, onde se mostrou aguerrido e com vontade; Manuel Telles Bastos por ter apresentado uma lide muito séria; e Marcos Bastinhas. Para o empresário, as prestações dos restantes cavaleiros não foram tão conseguidas, mas considera que a corrida no global passou uma imagem positiva.
Quanto ao grupo de forcados das Caldas, o responsável destacou o desempenho francamente positivo, por conseguirem estar bem perante toiros de grande bravura, apesar de haver uma ou outra pega que estiveram menos bem e não concretizaram os resultados esperados.
Paulo Pessoa de Carvalho destaca a segunda pega da noite, “que para mim foi a pega que me encheu as medidas, em que o forcado não está propriamente muito bem na reunião, mas depois aguenta derrotes violentíssimos, mas a pega conseguiu se concretizar”.
Para o responsável da corrida, na generalidade o grupo das caldas esteve bastante bem e demonstra que está a atingir "um grau de maturidade, que orgulha a terra, orgulha o empresário e que promete futuro".
(Fotos © João Polónia)