No dia 15 de Dezembro, passámos a casa da cavaleira tauromáquica Ana Batista, que amavelmente nos convidou a entrar e a ver as suas cocheiras. Não resistimos! Passámos a tarde ao seu lado. Rodeada pelos cães e uma cabrinha anã chamada Ritinha, a cavaleira Ana Batista elegantemente vestida e com uma simpatia acolhedora, convidou-nos para ver os cavalos nas boxes, admirámos o treino dos seus cavalos, vimos a cavaleira a chamar os seus cães e a cabrinha anã Ritinha que faz as delícias de quem a vê.
No tentadeiro o seu marido e fiel companheiro passava os cavalos pela tourinha, sempre sob o olhar atento da cavaleira, que nos fazia companhia e dedicava a atenção duma verdadeira anfitriã.
Instada sob o balanço que faz da temporada passada, inicia por falar da sua ida ao México, onde não sonhava alcançar as metas que alcançou por lá. Diz-nos ter atuado em muitas corridas, lidadas em praças e datas importantes, tendo até lidado na conhecida praça México, reconhecida pela sua importância no mundo do toureio. Consigo levou os seus cavalos Obélix II, Manolete, Roncal, Forcado e Fandi, destacando a prestação de dois dos seus cavalos (Forcado e Fundi), que segundo a cavaleira se adaptaram bem ao tipo de touro mexicano.
A nível nacional teve a corrida de homenagem ao seu pai, que marcou a sua época, não só pela data e pela importância que acarretava, mas também porque não podia contar com as montadas que levou para o México, pois estas chegavam apenas um dia antes da data designada para a realização da corrida. Contou com os seus cavalos que não a acompanharam ao México e que não obstante de não serem montados pela cavaleira à cinco meses, encontravam-se em boa forma física.
Dois malogrados acidentes marcaram e condicionaram a época passada da cavaleira, um ocorreu na sua casa enquanto treinava e que culminou com um traumatismo craniano, e outro na praça de Azambuja onde fraturou as costelas.
Sem olvidar a corrida em Samora Correia onde o touro a colheu em cima do cavalo, tendo-lhe fraturado uma costela. Apesar das dores que sentia, a cavaleira confidencia-nos que só pensava em concretizar a sua lide e fazer o que tão bem sabe para o público que a tinha vindo ver lidar. Diz-nos que ser cavaleiro é ultrapassar o medo e as dores, concretizar a lide de forma nobre. Almejou isso e conseguiu! Fala-nos que essa corrida lhe traz à memoria uma das melhores recordações da época, porque estava montada num dos seus cavalos de confiança, o Obélix II, mudou para o Roncal e seguidamente cravou 4 ferros curtos muitos bons.
Na época transata conseguiu iniciar o cavalo “ Altivo” com ferro Manuel António Lopo de Carvalho, esperando grandes sucessos do mesmo para a próxima temporada.
Neste fim de época, a par das corridas que lhe marcaram a memoria, ficam também as pessoas que a cavaleira não esquece. Falando neles com carinho e gratidão como é o caso do Manuel António Lopo de Carvalho, Engº Pedro Lapa, Nuno Monteiro, Ortélia Lobo, João Vidinhas e ao ganadeiro João Prudêncio, tem sido com esta “família” que não lhe foi imposta mas escolhida, que tem vindo a crescer profissionalmente e a evoluir sempre na nobre arte do toureio.
De forma casual perguntámos como aproveita a cavaleira o tempo do “defeso”, que nos responde prontamente não ir para o México este ano. Fala-nos de forma apaixonada dos cavalos novos que necessitam da sua atenção e dos treinos exaustivos para que estejam aptos e colocados para a nova temporada que se vai iniciar.
A par da preparação dos novos cavalos, Ana Batista quer ter melhor preparados os seus cavalos já firmados, como é o caso do Obélix II, Obélix III, Roncal, Fundi, Zurbaran, Conquistador II, Gallito e Alvito.
Acrescenta que na próxima temporada a sua quadrilha de bandarilheiros irá ter alterações, pois passará a contar na sua equipa com: Becas; Pedro Vicente e Filipe Gravito.
Perguntámos à Ana se pudesse pedir um desejo o que pediria, ao que nos respondeu prontamente, “acabaria com a crise que se sente no pais…”