Foram hoje dados a conhecer os toiros de São Martinho que irão sair ao Ruedo da Amareleja. Um curro homogéneo, bem rematado, com idade, peso e trapío que promete espetáculo e emoção para o dia 14 de Agosto. Os exemplares escolhidos para o festejo foram então os marcados com os números 50, 53, 57, 63, 72 e 87.
O que mais se destaca pelo imenso trapío é de longe o marcado com o número 57. De pelo negro bragado, córnea ligeiramente acapachada, de inserção traseira e terminando em duas pontas hastifinas apontadas para a frente, este São Martinho é o que mais seriedade imprime na sua mirada. Quartos traseiros bem preenchidos de músculo, um importante desenvolvimento da caixa torácica, um lombo comprido e ligeiramente ensilado que desemboca numa cruz alta que se une a um murrilho forte mas não excessivamente pronunciado são a estampa que torna este 57 no mais temido do curro. Se a harmonia entre quartos traseiros e dianteiros deixam adivinhar potencia e agilidade, o conjunto do seu aspeto espelha mais bem fortaleza e seriedade. Não sendo um toiro de “quadro” é sem duvida o que imprime mais respeito do encerro. Um Toiro com “T” maiúsculo!
Dentro do mesmo estilo mas mais escorrido de carnes e de ventre mais encolhido apresenta-se o numero 50. Também ele de pelagem negro bragado, este São Martinho de perfil reto e de pescoço despegado é o que apresenta maior desenvolvimento de pitons. Corniaberto e bisco do esquerdo, este é o toiro mais alto de cruz do curro da Amareleja. Toda esta morfologia, aliada à sua apreciável longitude e ao seu descarnado tercio posterior, lhe confere um aspeto temivelmente “avacado”, do qual se espera agilidade e rapidez de movimentos o que por vezes causa dificuldades às lides e às pegas.
Com semelhanças aos dois anteriores mas menos sério de cara, o número 63. Negro mulato bragado de pelagem, bisco do direito e com menor desenvolvimento de pitóns que os seus irmão, foi este o São Martinho elegido para montra do cartel que anuncia a corrida da Amareleja. De perfil reto mas ligeiramente “encuesta arriba”, este 63 inspira na sua mirada nobreza, classe e juvenilidade.
Mais curtos, baixos, harmónicos, marcadamente “encuesta arriba”, com córneas mais reunidas e mirada mais “viva”, os dois cárdenos. Com mais volume, maior desenvolvimento do murrilho, da caixa torácica e da barbela, o número 53. De conformação marcadamente cilíndrica, região lombar reta que nos conduz a murrilho não muito pronunciado mas bastante bem inserido que potencia os movimentos de um pescoço despegado do torax, o número 72. O primeiro, ligeiramente bisco do esquerdo apresenta uma córnea com os pitons a apontarem para dentro. O segundo aponta as hastifinas defesas para diante, conferindo-lhe ainda mais vivacidade à mirada o que, aliado às suas harmoniosas hechuras, o torna numa autêntica “estampa” de toiro de lide.
Bastante bem armado de pitons mas com uma conformação que deixa algo a desejar, o número 87. Negro bragado de pelagem, baixo de cruz, exageradamente “encuesta arriba”, com um murrilho demasiadamente pronunciado e um ventre e tórax encolhidos, este São Martinho apresenta muitas semelhanças a um bovino de carne que a um de lide. A grande disparidade entre o terço posterior e o anterior, e o facto de este ser seguido de um diminuto pescoço, envolto por um exagerado murrilho que conduz a uma cara pequena, confere a este São Martinho, uma tal falta de harmonia que nos leva a apenas vermos murrilho e lombo quando para ele olhamos. Não haja dúvida que está bastante bem rematado e que pode ser extraordinariamente bravo mas este não é o trapío do toiro de lide.