Uma praça despida de público, na maior e mais importante feira taurina do país e um cartel de anunciado confronto mas que não passou do anúncio aos actos.
Dizem que faltam figuras nacionais que atraiam o público e que o fidelize. Concordo e acrescento ainda que faltam os troféus, falta a competição, falta a permissão de picar (pelo menos dois dos Conde Cabral de ontem eram de obrigatório tércio de varas), falta a promoção da festa a sério, e tantas outras razões mais.
A tauromaquia em Portugal tem um potencial ainda grande, não sei mesmo se não será enorme, de crescimento moroso mas objectivo. Sabemos que no centro e norte do país, existe interesse taurino e escassez de infraestruturas. Então há um caminho ainda por fazer e que pode inserir-se nele também o relançamento do toureio a pé em Portugal.
Enquanto o país real espera por uma ajuda externa que lhe indique um rumo de crescimento que ninguém traçou, o país taurino é um espelho do país real: no meio de tantos interesses e negociatas, luta por se manter vivo e sobrevive à espera que o poder político lhe ofereça um plano de crescimento.
Criaram-se escolas novas de toureio a pé e outras reactivaram-se. Talvez no futuro, o confronto entre alunos das diversas escolas arraste seguidores e acrescente um novo fôlego. Talvez sim, talvez não!
O que falta então fazer? Falta que as organizações e associações taurinas se juntem, conversem de facto e trilhem um plano de crescimento, quem mais senão elas? Não importa que tenham as suas divergências e interesses diferentes a salvaguardar. Sim que as tenham e mantenham, mas há um interesse comum que urge de respostas desde há muito. E não é apenas o toureio a pé que carece de respostas. Na realidade, apenas Pablo Hermoso e Diego Ventura metem em praças de grande lotação, gente até à bandeira.
O toureio a pé em Portugal, está de momento na ala dos doentes terminais, ligado às máquinas, sem sentidos e à espera de que ou lhe desligam a ficha, ou que apareça a milagrosa cura. Não me parece que nem uma nem a outra hipótese aconteçam. A família pouco numerosa do doente, jamais permitirá que se desligue a ficha mas também não procura uma possível cura. É que o milagre até agora não apareceu.
Há quem creia que Tiago Santos poderá ser o milagre. Eu cá acho que não fará bem nenhum, continuar à espera que o milagre aconteça e depositar as responsabilidades de tantos anos de desperdícios, aos ombros de tão jovem mas promissora figura.
É necessário um plano estável para o país taurino que promova o crescimento e consolide o capital que já possui. Todos sairiam a ganhar mas não a curto prazo. E aí é que está o problema.