Foi um pouco sem graça o primeiro espectáculo das Festas do Barrete Verde e das Salinas. Esperava-se cor, ritmo, alegria e certa dose de imprudência e a extravagância que caracteriza a juventude. Apesar de qualquer dos quatro praticantes não ter acusado os nervos de pisar o ruedo num certame tão importante, houve uma falta de entrega geral que fez com que o público tardasse a divertir-se.
Do extracto da noite fica a questão - deve dar-se o "triunfo" ao cavaleiro que foi mais regular, entusiasmou as bancadas e mostrou um grande sentido de lide e de espectáculo ou a outro que tendo sido irregular, com vários erros e precipitações, veio depois a levantar fortes ovações com três ferros exuberantes? A diferença é entre David Gomes e Jacobo Botero.
Manuel Vacas de Carvalho foi o primeiro a ter de entender-se com a falta de transmissão do novilho de São Marcos, o que não chegou a acontecer. Acometendo nas sortes com demasiada velocidade, os ferros iam ficando no sítio mas um pouco a cilhas passadas. Ao fim, o praticante pisou os terrenos e parecia ter-se realmente entendido, mas para esta noite já foi tarde demais.
Em seguida David Oliveira andou também com algum desacerto. Apesar de ter tentado o entendimento com dois ferros compridos e seis curtos, só ficou realmente na retina o 3º curto que escolheu cravar à tira e em terrenos curtos. Andou esforçado mas passou despercebido.
David Gomes encontrou no novilho de S. Marcos um cooperante exemplar que lhe deu jogo. Motivado, aproveitou para jogar com o adorno e conectar-se com o público. Foi o mais regular e mais encastado, com uma lide toureira que merece destaque, até porque foi mesmo o único a reunir ao estribo em sortes bem desenhadas.
Por fim Jacobo Botero, rodeado de expectativa, passou por Alcochete sem deslumbrar. Apesar de a lide ter terminado em grande som, com ferros em pronunciadas batidas ao corno contrário, a irregularidade do início com vários toques a montada e desacerto mostram um miúdo que ainda terá que trabalhar muito – como qualquer um da sua idade.
As pegas estiveram a cargo dos anfitriões do Aposento do Barrete Verde de Alcochete. Marcelo Lóia sentiu dificuldades pela investida ensarilhada do exemplar. Apesar de duas primeiras tentativas desfeitas, pegou à terceira em boa execução e boa ajuda do grupo.
Diogo Amaro pisou a jurisdição e sacou o novilho dos terrenos trazendo-o toureado e recebendo com grande eficácia. Consumou a mais vistosa pega da noite mercê do derrote por alto que suportou decidido.
João Diogo Costa consumou a pega à barbela. Sem que o forcado ficasse bem fechado de pernas, o derrote alto do toiro dificultou a consumação que ainda assim aconteceu com a boa e eficaz ajuda do grupo.
Por fim Tiago Cação fechou a noite com uma boa pega à córnea, mostrando que a juventude do grupo é auspicioso futuro para a forcadagem.