Esta iniciativa tem como único objectivo a defesa da festa brava e de tudo o que com ela se relaciona directamente, em última análise a defesa da espécie – o touro bravo – bem como a defesa da economia regional, principalmente da lezíria ribatejana e do Alentejo, e da contribuição deste sector de actividade para o emprego e para a tão depauperada economia portuguesa. A dependência de muitos concelhos desta actividade é tão grande que somente por má fé ou por profunda ignorância se pode escamotear a sua importância e se pode de forma perfeitamente irresponsável pedir o seu fim, sem olhar aos efeitos devastadores que isso traria para o tão mal tratado Portugal profundo.
Depois que fique claro, que nós os aficionados não nos envergonhamos de o ser. Assumimos com enorme orgulho esta nossa paixão por uma das mais ancestrais tradições portuguesas. Nunca discuti os argumentos apresentados pelos denominados anti-taurinos, seja lá isso o que for, nem os quero discutir agora. É uma discussão perfeitamente inútil. Não nos conseguiremos nunca convencer uns aos outros, independentemente dos argumentos que possamos apresentar. Agora há um ponto que me parece absolutamente claro; nós os aficionados convivemos muito bem com a diferença e temos dado provas de enorme tolerância para com os opositores da festa. Basta recordarmos o que há anos se passa no Campo Pequeno, onde um número insignificante de pessoas, ofende noite após noite aqueles que ali vão aos toiros, sendo que destes nunca receberam a mais pequena reacção ou uma qualquer demonstração do ódio que eles demonstram nutrir por nós. Gostamos de uma festa ancestral, profundamente marcada na história de Portugal e dos portugueses, pagamos os nossos bilhetes, para assistirmos a um espectáculo que nunca contou com um único subsídio estatal. A festa viveu e vive dos profissionais do sector e acima de tudo dos seus aficionados que época após época, pagam o seu bilhete para assistirem às inúmeras corridas de toiros que acontecem um pouco por todo o país, em praças propriedade das Misericórdias, de grupos de aficionados, de particulares, de autarquias e até de desmontáveis, muitas vezes sem condições para os espectáculos que ali ocorrem, os quais só são possíveis devido à aficion de toureiros e público. Nunca reclamamos! Nunca exigimos nada em troca. Ainda hoje mantemos essa dignidade de ser uma das poucas actividades que sobrevive sem qualquer dependência do Estado. Nunca como alguns partidos e movimentos que existem pedimos subvenções ao Estado para fazer vingar as nossas ideias ou os nossos gostos e para com esses apoios estatais atacar as leis da República. A festa existe, porque existem ganadeiros que por carolice criam e preservam a espécie animal que é o Toiro Bravo, porque existem empresários que montam as corridas, porque existem toureiros, e acima de tudo porque existe público que paga o seu bilhete, transformando a tauromaquia no segundo espectáculo com mais venda de entradas em Portugal, somente suplantado pelo futebol. Somente uma enorme aficion mantém ano após ano esta actividade sem que a mesma beneficie de apoios do Estado. Mais do que atacada, a festa dos toiros devia ser um exemplo a seguir.
E que fique claro! Não queremos absolutamente nada. Apenas exigimos o direito de podermos gostar da nossa história e das nossas tradições. Não lutamos contra coisa alguma, nem contra ninguém. Nós, democraticamente aceitamos que concidadãos nossos possam não gostar da festa, como outros não gostam de futebol ou de qualquer outra actividade. Não queremos impor os nossos costumes, os nossos gostos, as nossas vivências, as nossas tradições. No mais elementar respeito pelos Direitos Humanos, e de forma absolutamente democrática, apenas queremos que nos reconheçam o Direito de podermos gostar de todas as actividades taurinas. Apenas isso. E dito assim parece simples, mas mentes pouco habituadas a viver em democracia ou ao respeito que devemos ter uns pelos outros, torna complicado o que aparentemente devia ser simples.
É lógico que todos nós reconhecemos os direitos dos animais, aliás pedimos meças nesse aspecto. Tenho a certeza de que qualquer aficionado ama o campo e os animais, tem animais, trata-os muito bem e nunca os abandona nunca, ao contrário de outros que se arvoram defensores de animais mas nunca fizeram rigorosamente nada por eles. Aliás muitas são as corridas de toiros que forma organizadas com as receitas a reverterem para organizações que acolhem animais abandonados pelos homens. Nunca aqueles que nos criticam tiveram essa grandiosidade, sem pedir nada em troca.
Aqueles que nos acusam de "assassinos", de "cobardes" e de outros impropérios, os mesmos que num texto de um fundamentalismo atroz, querem à força impor as suas vontades e convicções, confesso e de experiência feita, que nunca os vi revoltarem-se contra os cerca de 18% de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, contra a chaga que é a violência doméstica, contra a violência infantil, etc., contra a violência que diariamente se abate sobre as pessoas, estas cada vez com menos expectativas de vida. Sobre isso nunca os vi fazer ou defender rigorosamente nada.
Mas deixemo-nos disso. Contrariamente a eles, não queremos impor-lhes coisa alguma, nem sequer iniciar discussões que não nos levam a lado nenhum.
Somos aficionados, queremos continuar a sê-lo e lutaremos por isso. É por tudo isso que se organizou a jornada de 23 e 24 de Outubro em Santarém. Evento que não tem paternidade, é de todos nós! Que não tem destinatário, destina-se a todos nós! Que não tem objectivos escondidos! Que não pessoas escondidas! Somos nós, aficionados. Por essa razão, tenho a certeza de que vamos fazer história. Vamos ser a primeira petição a conseguir 100.000 assinaturas.
Todos a Santarém, para demonstrarmos a todos o orgulho que sentimos em aficionados.
Lisboa, 13 de Outubro de 2010
Carlos Anjos
Grupo dos Peticionários