Em baixo transcreve-se a resposta do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda:
Obrigado pelo seu contacto, matéria que mereceu a nossa melhor atenção. Relativamente à criação de uma secção de tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura, o Bloco de Esquerda afirma o sua completa discordância com esta decisão do Ministério da Cultura.
O Conselho Nacional de Cultura é um órgão consultivo do Ministério da Cultura criado em 2006 mas que só agora foi activado e prevê secções especializadas nas áreas das bibliotecas, arquivos, direitos de autor e museus. Por decisão da actual Ministra da Cultura foram criadas duas novas secções: artes e tauromaquia. Se a criação de uma secção especializada em artes aparece, neste contexto, como um passo lógico na resposta a uma evidente lacuna, já a criação de uma secção dedicada à tauromaquia não aparece nem como necessária, nem pertinente.
De facto, a cultura é um campo vasto, em que se cruza criação e património, tradição e contemporaneidade, numa pluralidade de manifestações e linguagens. Porem, a autonomização de uma particular tradição, no contexto do Conselho Nacional de Cultura, parece querer dar-lhe uma centralidade que não só não tem sentido, dada a pouca relevância do sector para a generalidade da população, como desrespeita as outras tradições e expressões culturais que não têm o mesmo reconhecimento.
Esta forçada centralidade da tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura aparece ainda como um esforço anacrónico e desprovido de qualquer sentido, que é particularmente incompreensível visto não resultar sequer de nenhuma reivindicação pública do sector.
Com os melhores cumprimentos,
Pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda
Ana Sartóris