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Bruno Cantinho despede-se das arenas dia 8 de Agosto em Beja

O forcado Bruno Cantinho faz a sua despedida das arenas na corrida de toiros do próximo dia 8 de Agosto, em Beja.
05 de Agosto de 2014 - 22:49h Entrevista por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 3924
Bruno Cantinho despede-se das arenas dia 8 de Agosto em Beja

Bruno Cantinho faz a sua despedida das arenas no próximo dia 8 de Agosto,em Beja.

Foram doze anos a honrar a jaqueta de ramagens.

Foi com alguma emoção que o valoroso forcado dos amadores de Cascais falou do seu adeus às arenas.

 

Tantanrantan.....

 

T:Como nasceu o gosto pelos toiros e surgiu a entrada nos amadores de Cascais?

C.B:Entrei para o grupo depois de entrar na universidade pela mão de alguns colegas que já eram forcados do grupo de Cascais, e que me incentivaram a ir experimentar esta nova experiência que facilmente me encantou, para além do pegar o touro propriamente dito, foi a amizade, a família como nós chamamos que se vivia e vive no seio do grupo de Cascais. E com tudo isso e pelo gosto que já tinha pelo campo e pelos touros, foi até ao dia de hoje… e só eu sei o quanto me custa esta despedida física, porque psicológica nunca me irei despedir do grupo de Cascais

 

T:Com que idade e onde pegou o seu primeiro toiro? Como recorda esse dia?

B.C:Foi no dia 12 de Julho de 2003, tinha eu acabado de fazer 22 anos, nas famosas desmontáveis de Lagos, e recordo-me sempre desse dia e brincamos muitas vezes sobre essa pega, porque o Pedro Pinto, conhecido por todos dentro do mundo dos touros como apoderado e diretor de uma revista taurina, como em anos anteriores tinha-se fardado pelo nosso grupo, naquele dia numa brincadeira também se fardou e foi-me dar primeira ajuda e o novilho vinha comigo com a cara alta, bati-lhe com os pés nas costelas, o qual fraturou duas costelas. Em tom de brincadeira está-me sempre a dizer que foi ele que me fez forcado.

 

T: Quantas épocas esteve no activo?

B.C:Foram 12 épocas consecutivas, a tentar sempre e julgo que consegui honrar e  dignificar a jaqueta do grupo de forcados amadores de Cascais.

 

T:Quando decidiu despedir-se das arenas quais foram  os factores  que o levaram a tomar essa decisão? Em Beja Porquê?

B.C:Esta decisão já vinha a ser pensada e ponderada há algum tempo, anos... Mas como já referi que o amor pelo grupo e o querer ajudar o cabo Joel, que tinha assumido esse cargo havia pouco tempo e necessitava da ajuda de forcados mais velhos e mais experientes ao seu lado, fizeram com que essa decisão se fosse arrastando até ao dia que se aproxima.

Os motivos primeiro são profissionais o qual felizmente tenho vindo a crescer e tenho muita responsabilidade e sem tempo livre. Segundo motivo é fisicamente, desde a fratura do planalto tibial no joelho direito, que sofri em 2011 numa corrida no Campo Pequeno, onde tive que ser submetido a uma intervenção cirúrgica onde levei dois parafusos, mas mesmo assim fiquei com um afundamento do prato tibial e sem qualquer cartilagem no joelho.

Ser em Beja, porque é o meu concelho, onde tenho a minha família e amigos, por esses motivos sempre foi uma praça que me disse muito.

 

T:Que momentos recorda no grupo de forcados amadores de Cascais?

B.C:É uma pergunta muito difícil de responder, porque durante 12 temporadas, tantas coisas poderiam ser inumeradas, não só nas corridas em si, como nos jantares, nos treinos, nos almoços convívios, nas viagens longas todos juntos para corridas no Norte, Espanha, França, Açores, são momentos únicos que ficam marcados para uma vida. Ser forcado não é só dentro da praça, é muito mais que isso. Com a camaradagem, a nossa grande família, passou tantos bons momentos.

Dentro da praça das 80 pegas, há sempre muitas que vão ficar sempre marcadas, como as duas pegas na corrida da TV Norte na Póvoa de Varzim em dois anos consecutivos, Campo pequeno, Açores, Espanha em pontas, França, várias em Beja, entre muitas outras, se não, iria estar a enumera-las todas…

 

T:E os menos bons?

B.C:Os menos bons são sem dúvida as lesões, quer pessoais, quer dos nossos companheiros, somos uma família e somos muito unidos, logo a dor de um é partilhada por todos. Acho que não as devemos enumerar porque são momentos que não vale a pena estar-mos a reviver nas nossas memorias.

Outros momentos, menos bons foram a perda de alguns antigos elementos e pessoas amigas do grupo que vimos partir durantes estes anos.

 

T:É dificil ser forcado?

B.C:Costumamos dizer em tom de brincadeira que se fosse fácil ser forcado havia muitos, (na minha opinião a nível nacional há forcados em demasia, que não dignificam e respeitam o que simboliza uma jaqueta de forcado), é tudo muito bonito, a banda, as palmas, praças cheias, as cores… Mas o Touro é que mete tudo no sítio…

Têm que haver muito espirito de entreajuda e camaradagem, damos a vida uns pelos outros sem pensar duas vezes. Forcado não é quem pode é quem quer…

Sabemos que mais dia menos dia nos podemos aleijar e ou mesmo perder a vida, mas ficamos com o orgulho de dever cumprido.

Outro ponto muito importante é a preparação física que é fundamental para se conseguir ser forcado.

 

T:Dia 8 de Agosto vai ficar gravado na sua memória....

B.C:Dentro das 12 temporadas e por tudo o que vivi, não tenho dúvida nenhuma, que dia 8 vai ser o dia mais marcante de toda a minha carreira. Vai ser sem dúvida uma mistura enorme de sentimentos e emoções. Espero, que se deus quiser o desfecho seja marcado de muita alegria e felicidade, por as coisas terem corrido bem e tristeza profunda por abandonar FISICAMENTE esta carreira e este grande grupo de amigos que por acaso se junta para pegar touros.

Aproveitar estas palavras para agradecer a todas as pessoas que irão estar presentes dia 8 para me apoiarem, e por todas as pessoas que me apoiaram e estiveram sempre ao me lado nas alegrias, bons momentos e principalmente nas tristezas e nos momentos menos bons no decorrer, destas 12 temporadas.

Venha Vinho…

 

olé!

 

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