No próximo dia 1 de Fevereiro serão lidados novilhos da ganadaria Murteira Grave no tradicional festival de Mourão.
O Taurodromo.com foi conhecer o toiro Murteira Grave.
Para além disso, o Dr. Joaquim Grave fala também das expectativas em relação à temporada 2013, do festival e da merecida homenagem a seu pai, Engenheiro Joaquim Murteira Grave recentemente falecido e que muito contribuiu para a nossa festa.
Taurodromo: Como se define como ganadero?
Joaquim Grave:Tenho uma grande paixão pela minha actividade como ganadero. Não há exagero se lhe disser que não me vejo sem ser ganadero, a minha vida ganha sentido na relação que tenho e sinto com o toiro bravo. Procuro criar o toiro dos meus sonhos, não no sentido de criar, produzir, alimentar, mas sim no sentido de criar um animal novo, único, uma obra, um ser diferente que se comporte como eu quero, como eu sinto.
T: Quais as características do toiro Murteira Grave?
J.G: O toiro murteira grave está em contínua evolução, é assim que entendo o meu toiro. Procuro que seja cada vez mais bravo, mais entregado, mais enclassado, mas sempre sério e sobrado de trapío. De momento, é muito sério e exige que se lhe façam as coisas bem-feitas; de uma forma geral tem trapío suficiente para as praças mais exigentes, ainda que, naturalmente, haja toiros para praças de primeira, segunda e terceira categoria.
T: Qual o critério de selecção das reses?
J.G: Busco doentiamente a bravura, privilegiando a fijeza, o humilhar, a repetição com motor, a transmissão, a entrega e a duração, isto é, o animal que luta até ao fim, que morre investindo. Esta é a bravura que procuro.
T: O efectivo é composto por quantas vacas de ventre?
J.G: Nos últimos 10 anos rondou as 200 vacas, este ano reduzi e tenho 150 vacas com os toiros sementais.
T: Onde gosta ou gostaria de ver lidar os seus toiros?
J.G: Gostaria de os ver lidar nas praças de primeira categoria em españa, nomeadamente, sevilla, Madrid, Pamplona, Bilbao e em algum pueblo com sabor. Em França também gosto muito de lidar. Como isso não pode acontecer ainda, se lidados em Portugal, nas praças mais importantes.
T: Quanto à camada 2013 quais são as perspectivas?
J.G: Embora parecendo utópico, perspectivo que saiam mais bravos, sabendo que irão sair poucos muito bravos (a bravura é um milagre zootécnico), bastantes bravos e, espero sinceramente, muito poucos mansos.
T: Dia 1 de Fevereiro serão lidados Murteira Grave no tradicional festival de Mourão. Quais são as expectativas em relação aos primeiros novilhos a serem lidados esta temporada?
J.G: Os novilhos para Mourão estão muito bonitos, são bem-feitos e cómodos de cara. Parece-me que têm um tamanho apropriado para um festival de princípio de temporada com toureiros figura no cartel. Não são toiros enormes. Têm 3 anos e devem ser todos negros, com uma hipótese de haver um colorado (amarelo). Espero que tenham num comportamento semelhante ao que descrevi o meu critério de selecção. Semelhantes ao novilho do ano passado que toureou o Javier Solís.
T: No dia 1 vai também ser feita uma homenagem ao Eng. Joaquim Murteira Grave em Mourão...
J.G: Uma homenagem ao meu pai no âmbito do mundo taurino parece-me absolutamente merecida e lógica. Talvez não fique muito bem a um filho elogiar um pai para que lhe façam homenagens, mas sempre lhe digo que ele foi uma pessoa que defendeu valores na tauromaquia dos quais sinto alguma falta. Foi um homem sério e um ganadero que se preocupou em fazer sempre melhor e de um modo profissional. Creio ser consensual, considerar Joaquim Murteira Grave uma referência. Começou do nada e fez uma marca respeitada em todo o mundo taurino. Sinto um enorme carinho e gratidão pelos que colaboram nesta homenagem, nomeadamente aos matadores que toureiam o festival, sobretudo o António Ferrera, grande impulsionador da mesma.