A Tradição taurina em Setúbal vem desde o Reinado de D. João II, época em que começaram a realizar-se corridas de toiros nesta cidade.
Cidade de muita afición, e com bastante tradição, daí ter uma praça de toiros centenária, e um Grupo de Forcados Amadores com mais de três décadas.
O Grupo de Forcados Amadores de Setúbal, foi fundado por iniciativa de Manuel da Fonseca e com o apoio de Fernando Amado, sendo a data oficial da sua constituição e apresentação em público 2 de Maio de 1976, na Praça de Toiros de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco (Província da Beira-Baixa). Porém em meados da década de 90, este Grupo foi dissolvido pelo seu Cabo e Fundador Manuel da Fonseca.
Depois de um interregno de 8 anos, o forcado Fernando Amado sentiu desejo de tornar realidade o regresso deste seu grupo de sempre, de novo às arenas portuguesas.
Quisemos pois através de uma pequena entrevista, saber um pouco do percurso deste grupo e de um dos seus cabos.
Nome completo Fernando Manuel Domingos Amado, é natural da cidade de Setúbal, onde nasceu em 18 de Novembro de 1961, e aí sempre tem vivido.
Tauródromo - Em que ano teve início o Grupo de Forcados Amadores de Setúbal, quem foi o primeiro cabo e os sucessivos Cabos até aos dias de hoje?
Fernando Amado - O Grupo de Forcados Amadores de Setúbal, teve início a 2 de Maio de 1976. Foi seu primeiro Cabo Manuel da Fonseca, sucedendo-lhe posteriormente Eu e Francisco Mirrado, que é presentemente o Cabo. A iniciativa de criar um Grupo de Forcados em Setúbal, foi do Manuel da Fonseca, com o meu apoio desde o primeiro momento.
Tauródromo – Em que Praças e Países pegaram até agora?
Fernando Amado - O Grupo já pegou em diversas praças portuguesas como Campo Pequeno, Montijo, Alcochete, Idanha-A-Nova, Lagos, Albufeira e Setúbal. Em Espanha pegou em Berjer de la Frontera e outras que de momento não me recordo. Em França pegou em San Remy de Provence cinco toiros numa só tarde.
Tauródromo – Sei que tiveram um interregno de 8 anos, porque pararam? Quem teve a ideia de recuperar o grupo e porquê?
Fernando Amado – O Grupo parou devido ao cansaço do Cabo e Fundador Manuel da Fonseca, estando assim parado ou sem atividade durante cerca de 8 anos, como bem disse. A ideia de recuperar o Grupo foi minha porque depois de ter feito parte do mesmo antes do seu interregno e ter feito parte de outros grupos tais como “Os Lusitanos” e “Amadores do Montijo”, achei ser da maior importância que a cidade de Setúbal pudesse de novo ter o seu Grupo de Forcados em atividade, pelo que decidi manter o mesmo nome com que foi fundado. O regresso à atividade foi na Temporada de 2002.
Taurodromo – Como surgiu o desejo de ser forcado? Teve antecedentes na família?
Fernando Amado - O meu desejo de ser forcado deve-se ao facto de desde criança ir às corridas com o meu pai, que era empregado do cavaleiro Mestre João Branco Núncio, e por acompanhar de perto o ambiente taurino que se vivia na Tertúlia Tauromáquica Setubalense, e ainda por acompanhar forcados como Jorge Peclim e José “Palhão”, um dos grandes nomes da forcadagem e que fez parte de Os Lusitanos.
Taurodromo – Que critérios tem que ter um cabo na hora de passar a chefia para um novo Cabo?
Fernando Amado – Ao passar o Testemunho para o novo cabo os critérios a ter em conta devem ser os seguintes: Ser bom forcado, bom condutor dos outros elementos do grupo, ser honesto e simples, para que o grupo seja uma família, foram todos estes critérios que eu tive em conta.
Taurodromo – Nota diferenças na forma de pegar toiros do início da tua carreira para os dias de hoje?
Fernando Amado – É evidente que noto muitas diferença, por exemplo: não vejo forcados com a alma de outrora, se necessário for irem à cara de um toiro mais do que uma vez, tantas quantas sejam necessárias e permitidas até se conseguir pegar um toiro. Vejo poucos forcados a tourear os toiros desde o cite à investida do toiro até ao consumar a pega.
Tauródromo – Atualmente existem muitos Grupos de Forcados, acha que são demasiados Grupos?
Fernando Amado – Não, não me parece que sejam Grupos de Forcados a mais, pois todos andam cá por afición, devemos preservar a nossa tradição na arte de pegar toiros, pois fomos o primeiro País a ter Grupos de Forcados. Deveríamos talvez ser mais criteriosos na hora de escolher o forcado que pensamos seja o mais indicado para as características daquele toiro, pois há que ter em atenção todo o comportamento do toiro durante a sua lide e um pormenor muito importante que é a sua investida no capote sempre que um bandarilheiro faz a sua intervenção, tudo isto é muito influente no momento da eleição do forcado que deverá ir à cara.