Dada a temática lançada ainda no Tourobravo.com relativamente à questão dos das voltas à arena, nas lides dos espectáculos tauromáquicos em Portugal, o taurodromo esteve à conversa com o Dr. Domingos da Costa Xavier, justamente para trazer aos nossos visitantes a opinião de um grande conhecedor da festa.
Taurodromo.com: A primeira questão tem que ver com a forma como se interpretam actualmente as voltas à arena no final das actuações dos espectáculos taurinos em Portugal. Qual é o juízo que se faz de uma lide para se decidir se a volta à arena é merecida ou não?
DCX: O Juízo do público, que com os seus aplausos dá concordância.
Taurodromo.com: Acha que este modelo actual é adequado para um espectáculo em que a maioria dos espectadores embora aficionados, não têm um sentido critico relativamente à presença do toiro em praça, nem à qualidade da prestação dos toureiros?
DCX: Sim, apesar de tudo, dado que independentemente da qualidade do espectáculo, o público é um dos três protagonistas.
Taurodromo.com: No artigo de referencia, há a intenção de procurar critérios para que a volta à arena no final do espectáculo seja merecida e não uma convenção, o que eu proponho é que estas voltas à arena sejam pedidas pelo público, com os eventuais lenços brancos, para que o Director de Corrida segundo o seu juízo, conceda a volta à arena, concorda com a implementação de um novo modelo que se baseie neste principio?
DCX: Concordo com a sua proposta, malgrado não faça parte da nossa tradição.
Taurodromo.com: Neste novo modelo, é notório o acréscimo de poderes e responsabilidades do director de corrida, que a meu ver trás grandes benefícios para o resultado de um espectáculo, um dos quais é a acção pedagógica que este moderador tem perante um publico cada vez menos conhecedor dos valores toureiros de uma lide, qual a sua interpretação deste assunto?
DCX: É positivo ter alguém em praça que modere assertivamente o espectáculo, no entanto e tendo em conta o panorama actual, em primeiro é necessário reciclar os directores de corrida que depois de formados e instruídos, podem tornar a medida possível, contando que não deve haver rigidez na lei que tal determine por se correr o risco de esta se sobrepor ao bom senso. O caso do "Toca a música" é exemplo acabado.
Taurodromo.com: No âmbito dos toureiros, todos reconhecemos que são uma esmagadora minoria aqueles procuram na sua humildade decidir se a sua actuação foi digna de dar volta à arena e que reconhecem a vergonha toureira quando as suas prestações são menos boas. De uma forma geral, quais são os principais critérios que deveriam decidir se uma volta à arena é merecida ou não?
DCX: A espontaneidade do triunfo!
Taurodromo.com: Tanto no toureio a pé como no toureio a cavalo e até nas pegas, em tempos passados houve quem inovasse e se dedicasse a apresentar ao público actuações com sortes novas, com soluções novas e interessantes de lidar um toiro, em que medida é que acha que este novo modelo iria impor a necessidade de os toureiros se reinventarem e que consequências isso teria na qualidade de um espectáculo taurino?
DCX: Já ficava muito contente se me fosse dado verificar que os agentes da festa verbi gracia os toureiros, se preocupassem em saber de toiros. Se assim fosse entendiam o que lidam e os sucessos aconteciam naturalmente.
Taurodromo.com: Na realidade que assistimos e que se identifica opostamente ao sentido da questão anterior, como encara esta moda que substitui a perícia de um cavaleiro para lidar um toiro pelos "truques" que os seus cavalos são capazes de fazer em praça?
DCX: Já tive problemas ao denunciar pseudoartistas que traziam o que fazer em praça alinhavado de casa, tenho dito...
Taurodromo.com: E relativamente ao público, à massa aficionada que está presente em cada espectáculo e que no final de cada lide "tentará persuadir" o director de corrida para conceder a volta à arena. Concorda que a intervenção do publico no resultado de um espectáculo é um benefício do ponto de vista da motivação para o aumento da assistência nos espectáculos taurinos em Portugal?
DCX: Com toda a certeza...
Taurodromo.com: Na sua opinião, como implementaria este novo modelo ou quais seriam as suas sugestões para dignificar a volta à arena?
DCX: Reporto ao que respondi na quarta questão, e mais apelo a que quem domina a essência do espectáculo se manifeste, que ajudará a por as coisas em tempero
Taurodromo.com: Dado tudo o que acabamos de abordar, concorda com a necessidade de se regulamentar este aspecto dos espectáculos em Portugal?
DCX: É evidente, mas com a prudência necessária para que esta pretendia mais-valia não se torne parte do problema.
* Aproveito este espaço para agradecer publicamente ao Dr. Domingos da Costa Xavier que me muito bem me recebeu, disponibilizando um pouco do seu tempo para a presente entrevista.