Taurodromo.com (T) - Mateus tem antecedentes tauromáquicos na família?
Mateus Prieto (MP) -Não, mas a minha família sempre foi bastante aficionada tanto do lado do meu pai como do lado da minha mãe e muito ligada a tauromaquia, e eu desde muito novo que vou as corridas de toiros, as raízes da minha aficion vêm daí.
T - Quando despertou em si o “bichinho” do toureio a cavalo?
MP - Eu já monto desde muito novo mas sempre fui cavaleiro de obstáculos tal como o meu irmão que ainda é, só mais tarde é que decidi experimentar tourear, por graça, quando tinha os meus catorze anos e gostei muito, a partir desse dia fui aprendendo, fui evoluindo até ao que sou hoje.
T - Qual a reacção da família quando decidiu que queria ser cavaleiro?
MP - A reacção foi sempre boa porque não foi uma decisão tomada de um dia para o outro, foi de dia para dia, foi progressiva e nunca um choque. Apesar de não haver uma vontade explícita dos meus pais, sempre senti que também não houve uma oposição frontal, os meus pais sempre me disseram que o que queriam na verdade, é que os filhos fossem felizes. Se a minha realização passa pelo toureio, essa é uma opção minha que será aceite pela minha família, e sei que terei da parte deles o maior apoio!
T - Como consegue conciliar a escola com os treinos de preparação para as corridas?
MP - Não é fácil conciliar os estudos com os treinos porque o dia é curto, mas tenho que gerir bem o tempo que tenho e empenhar-me ao máximo para que tudo corra bem. É meu claro objectivo conseguir ter sucesso nas duas frentes, a escola não espera, as oportunidades no toureio não acontecem duas vezes, por isso sempre atento a ambas, com muita decisão e empenho.
T - Quem é o seu mestre no toureio?
MP - Tenho dois mestres, Cláudio e Rogério Travessa, são duas pessoas bastante importantes para que tudo corra bem e que me têm ajudado muito, ajudaram-me a chegar ao que sou hoje como toureiro, além disso, temos uma grande amizade entre nos, o que é fundamental para atingir os melhores resultados.
T - Quais as referencias e qual a linha de toureio que pretende seguir?
MP -Tenho várias referências do toureio, Joaquim Bastinhas, João Moura, António Telles, e Diego Ventura são aqueles que sigo mais dentro daquilo que sinto como toureiro. Pretendo que o meu toureio seja alegre, moderno, arriscado, sem nunca perder o clássico.
T - Relativamente aos seus cavalos, como estão de momento e quem são?
MP - Tenho neste momento sete cavalos a tourear, de saída tenho o Urano de ferro Nuno Casquinha com oito anos e o Nilo com oito anos, de banderilhas tenho o Napoleão de ferro Menezes, o Catanga que é mais recente na quadra e o Diamante de apenas cinco anos, para finalizar as lides tenho o Lux que é árabe puro e o Navalheira com onze anos.
T - Todos os cavaleiros têm um cavalo de referencia, qual o seu?
MP - No meu caso penso que não tenho nenhuma referência na quadra, cada um desempenha muito bem o seu papel, mas há um sem dúvida que se realça mais por ser aquele que termino as lides e que chego mais ao público, chama-se LUX, é um árabe puro e é o cavalo em que cravo normalmente os violinos.
T - Como vê a nova vaga de cavaleiros da sua geração que estão a surgir de momento?
MP - Acho que esta nova geração é bastante promissora, todos nós ambicionamos ser figuras do toureio, cada um no seu estilo, mas penso que a tauromaquia tem futuro com esta nova geração na qual me incluo.
T - Os cavaleiros tauromáquicos são conhecidos por serem muito supersticiosos, tem alguma superstição ou ritual antes de entrar em Praça que nos queira contar?
MP - No meu caso não sou muito supersticioso, apenas entro sempre com o pé direito em praça e nunca meto o sombrero em cima da cama.
T - Qual o estado da Festa dos Toiros em Portugal?
MP - A festa de toiros em Portugal vive como a generalidade do país e do mundo tempos difíceis. No entanto e no que respeita ao seu futuro numa perspectiva de artistas e de aficionados, eu acho que ela está bem e de saúde. Já houve tempos em que se falava menos em toiros, hoje essa tendência na minha perspectiva está a mudar, há mais jovens aficionados, esta nova geração reencontrou na tourada um espectáculo de interesse. Quanto ao futuro artístico, acho que vivemos também um bom momento, muita gente a querer ser toureiro e com boas possibilidades. Espero poder contribuir para uma maior saúde e vitalidade da festa de toiros em Portugal!
T - Em sua opinião os Anti-Taurinos estão a ganhar terreno, ou não?
MP - Os Anti-Taurinos são o que sempre foram, barulhentos, organizados, mas ganhar terreno, não sei. Isto também é em minha opinião um bocado de moda, é politicamente correcto ser defensor de animais, mas isso somos todos. Quem ganha terreno são os animais, porque muita coisa está a ser mudada para melhorar uma realidade inevitável.
T - Conte-nos alguma situação caricata que lhe tenha acontecido numa Corrida de Toiros?
MP - O que pode parecer caricato é a minha resposta, mas não me lembro de nenhuma situação que possa chamar caricata. Se calhar por estar tão concentrado no toiro e viver com tanta emoção cada dia que toureio, a minha memória não me deixa registar os pormenores e só me lembro da lide! Será? Os dias são bem dispostos, divirto-me e tenho histórias para contar, mas todas normais, acho eu …
T - Uma palavra para a nossa Aficion no geral?
MP - Espero que os aficionados se manifestem através da sua presença nas praças, é importante para a festa de toiros. Espero nunca defraudar o público e ser cada dia, uma razão para haver mais aficionados, prometo que tudo farei para isso!
Em nome do Taurodromo.com as maiores felicidades para o futuro e o nosso obrigado.