Taurodromo (T) - Qual o balanço que faz da temporada de 2009?
Ricardo Nunes (R.N.) - O balanço da temporada é positivo, para os Amadores de Arronches. Pegámos 10 em Portugal e 9 em Espanha, num total de 19 festejos e 50 reses. Vencemos dois troféus de melhor pega, em Santo António das Areias e Turcifal, fardámos 36 forcados e utilizamos 12 forcados de cara.
No geral também a considero positiva, até porque se realizou mais um espectáculo que em 2008.
T - Quais os momentos mais marcantes desta temporada?
R.N. - Os mais marcantes pela positiva foram muitos, mas posso dar como exemplo a corrida comemorativa do nosso Xº Aniversário em que pegámos sozinhos; os menos positivos foram a primeira dobra que tivemos que efectuar, nestas três temporadas que levo no comando do Grupo e as lesões da última corrida de Chiloeches, Guadalajara.
T - Existe algum elemento do grupo que queira destacar?
R.N. - Não!!! Todos os elementos se destacam pela positiva, é um Grupo muito jovem, mas com muita responsabilidade e sentido de Grupo, onde a Amizade e Entrega prevalece acima de tudo.
T - Numa altura que se fala tanto nas bandarilhas de segurança qual a vossa posição acerca desta questão?
R.N. - A nossa posição é favorável ao uso das bandarilhas de segurança, não pude estar presente no teste, em Evora derivado ao dia em que se realizou, mas já me informei e concordamos completamente. Até porque os Amadores de Arronches nas corridas que organizávamos, na nossa praça de touros e desde 2000, sempre utilizamos bandarilhas de segurança.
T - Outras medidas de segurança para os forcados que deveriam ser implementadas na festa brava.
R.N. - Bem se começarmos por ai, nada é seguro. É uma actividade que voluntariamente e de forma desinteressada abraçamos, e todos sabemos dos perigos inerentes a ela. Mas penso que o facto de serem contratadas unidades móveis de saúde, para as praças de touros que não tenham enfermarias em condições, que é a maioria, a exemplo do que se faz em Espanha, poderia evitar lesões posteriores e derivadas da colhida, nós fomos exemplo disso na Corrida que pegamos em Chiloeches, com duas cornadas, uma de 25 e outra de 12, esta interna, o que poderia acontecer um Portugal e fomos socorridos numa dessas unidades. Tivemos o reverso na corrida de Santana da Serra, em que um forcado nosso se feriu num sobrolho e só foi suturado em Beja, quase duas horas depois.
T - Estado actual da Festa dos Toiros em Portugal?
R.N. - Está de Boa Saúde, por enquanto…mas penso que faltam miúdos cavaleiros amadores, tanto em quantidade como em qualidade, eles vão ser o futuro da nossa festa e têm que começar a aparecer. No toureio a pé a coisa vai estando garantida, tanto nos novilheiros que despontam, tal como nos subalternos que os há de grande qualidade. Na forcadagem, a situação é em tudo positiva, e aqui não me coloco do lado dos “velhos do Restelo”, em que é modas, é radical, é para atrair e presumir, não me coloco mesmo, porque seja pelo que seja a verdade é que temos gente bem fardada e formada, a andar com grande dignidade na festa e a pegar toiros de forma exemplar. O público também tem acorrido em bom número e as ganadarias, de modo geral, atravessam um bom momento. Quanto às empresas estas têm se preocupado em dar oportunidade aos praticantes e amadores o que torna os carteis diferentes e atractivos, motivando aqueles que despontam.
T - Acha que os constantes ataques dos anti taurinos às Corridas de Toiros colocam em risco a sua continuação em Portugal?
R.N. - Pode colocar, mas não num futuro próximo. Apesar de uma minoria, pode-se dizer que estão bem organizados e bem suportados…vá lá saber por quem, mas que estão, estão.
T - Expectativas para 2010...
R.N. - Para 2010 as expectativas são as melhores, a nível dos Amadores de Arronches, esperamos superar as 20 corridas, com a qualidade e atitude que habituamos o respeitável público, a começar já dia 10 de Janeiro no Certame de Rejoneio de Atarfe, Espanha. Faço votos que seja uma temporada triunfal e de muito trabalho, para todos os Agentes da Festa, sem excepção.
T - Umas palavras para os aficionados em geral...
R.N. - Que continuem a ir aos toiros e a levar os mais novos, para estes no futuro garantirem a continuidade da Festa, desta forma dão motivos aos empresários para apostarem na montagem das corridas, aos cavaleiros de inovarem e arriscarem, assim como os novilheiros e matadores, para os Forcados continuarem a bater as palmas aos toiros e a dar-lhes o peito, porque ninguém gosta de pegar touros de 500 quilos à porta fechada ou com as bancadas vazias e para que os ganaderos, numa competição não muito assumida, mas que existe, continuem a criar e a apresentar grandes produtos.