Grande Tarde para o Toureio Apeado Português

Tarde de Homenagem a grandes maestros do toureio apeado português, no passado domingo 28 de Abril no Sobral, tarde esta que serviu também para afirmar que toureio apeado português, continua vivo e com extrema qualidade!

 Que me permita, o leitor, nesta crónica, não respeitar a hierarquia do cartel, mas sem dúvida que a tarde no Sobral, foi marcada pela segunda parte do festival, na qual fomos embebecidos pela arte, dos três melhores matadores portugueses, desta ultima década!

A  António João Ferreira, Deus ditou-lhe em sorte, o melhor do Calejo Pires da tarde e o único com volta autorizada ao ganadero.

Mamadito II, nome deste bravo exemplar, aliado aos conhecimentos e conceitos estéticos do toureio puro de António Jõao Ferreira, foi um manjar para quem, de arte entende.

Ferreira, toureou com a suavidade sonhada; com uma classe tremenda de acordo com o fino corte que tem e proporcionou ao público, uma faena memorável.

De capote desenhou de forma sublime verónicas e chicuelinas.

Nas bandarilhas uniu-se ao seu irmão, o bandarilheiro João Ferreira, e deram cartas no ofício…mas foi na muleta que os melhores momentos surgiram.

Pelas muñecas de Antonio João Ferreira, vimos um toureio em redondo, puro e com a representação de todos os detalhes estéticos e motores, que lemos nos livros.

Realtivamente ao matador Nuno Casquinha, não dá para negar que é um toureiro guerreiro, que faz para se impor.

Toureia para o público e chega bastante bem a ele, principalmente através do seu tercio de bandarilhas.

Na muleta toureou por ambos os pitóns, colocando ofício e vontade na sua prestação. Não defraudou e mostrou a matéria que leva dentro.

Manuel Dias Gomes, primou pela suavidade no capote.

Sendo um toureiro tão alto, esteticamente e técnicamente, tem de fazer tudo muito perfeito, para passar impune no olhar dos aficionados mais atentos. Porém Dias Gomes não tem dificuldade em mostrar tecnica e primou mais uma vez pela busca dessa perfeição.

Foi matador que maior variedade de lances de capote apresentou, mas foi com a suavidade das suas verónicas, que prendeu dos entendidos.

O tercio de bandarilhas entregou-o aos seus subalternos, os quais desenvolveram de forma muito correcta, principalmente o jovem bandarilheiro e antigo novilheiro, João Martins.

Com a muleta, fez o exemplar da ganadaria Calejo Pires evoluir e marcou posição, com bonitos naturais rematados de peito e desplantes recheados de arte. Manuel Dias Gomes afirmou-se e mostrou-se.

A arte heterogénea destes três matadores culminou em saída a ombros, pela Porta Grande da Praça de Touros do Sobral.

Sobre o Toureio a cavalo, que me perdoem mais uma vez os leitores, não me irei alongar muito.

 Rui Salvador lidou o sobrero, com sortes frontais e com maestria, a fazer parecer, que é fácil tourear a cavalo, tal não foi a sua desenvoltura.

 David Gomes esteve irregular nos compridos, melhorando nos curtos com entradas de frente e culminou a lide com dois violinos.

Joaquim Brito Paes, para praticante encontra-se num nível bastante considerável e foi bastante acarinhado pelo público.

As pegas estiveram a cargo do Grupo de Forcados Amadores de Santarém, com António Melo a consumar à 1º tentativa, Francisco Cabaço à 4ª tentativa por falta de ajudas e Joaquim Grave a consumar também na 1ª tentativa.

A direção deste festival, esteve a cargo da diretora Sandra Strecht, que de forma muito correta e educativa, presidiu esta corrida, tendo sido extremamente assertiva em todos os momentos e decisões.

Sobre a volta do ganadero dada e não autorizada ao sexto touro, não tendo sido autorizada pela diretora, não a considero como volta válida, assim sendo, refiro-a, apenas em apontamento.

Texto Sónia Batista

Foto Sofia Almeida