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Crónica da Corrida da Alternativa de Luís Rouxinol Jr no Campo Pequeno

Corrida de Toiros de 20 de Julho de 2017
22 de Julho de 2017 - 15:05h Crónica por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 1884
Crónica da Corrida da Alternativa de Luís Rouxinol Jr no Campo Pequeno

A noite de 20 de julho de 2017 permanecerá para sempre na memória do jovem cavaleiro Luis Rouxinol Jr. como a noite da sua alternativa. Noite amena e ventosa, atípica do estio de Julho, com ¾ de casa forte, a corrida iniciou-se à hora marcada, com as cortesias e apurados pormenores de equitação.

Do cartel constaram os cavaleiros António Ribeiro Telles, Luis Rouxinol, Manuel Telles Bastos e Luis Rouxinol JR. Os toiros eram de Murteira Grave e para as pegas partilharam cartel os Forcados Amadores de Santarém e Coruche chefiados pelos cabos João Grave e José Tomás respetivamente.

Foi uma corrida comemorativa pela efeméride da alternativa, e foi também forte e substancial, pela imponente presença dos Graves que muito exigiram aos artistas. No seu conjunto saíram bons, mais sérios e encastados que bravos, com muito fundo, revelando um importante tratamento proteico, impuseram-se e durante a maior parte do espectáculo estiveram por cima dos artistas.

Abriu praça o jovem debutante, que teve o seu pai como padrinho de alternativa e como testemunhas António Ribeiro Telles e Manuel Telles Bastos. Luis Rouxinol JR. esteve muito ao estilo do mestre que é seu pai, fez uma lide correta a um negro burraco de 570 kg de peso, sério e que exigiu destreza ao jovem cavaleiro, que à mínima oportunidade investia para colher. Andou apurado nos ferros compridos, apesar de em dois deles o toiro ter perdido as mãos. Nos curtos, o acerto foi idêntico, mas sempre que o cavaleiro se adornava o toiro impunha-se , pode não ter sido a lide sonhada mas resolveu com muito valor a sua função.

A lide da noite foi a de António Ribeiro Telles ao Cigarrero de 593kg, preto bragado meano, sério e muito bem armado. Nos compridos, provou a investida do Grave, e ao 2º comprido já lhe tinha percebido a investida e ganho o sitio, depois fez tudo aquilo que lhe conhecemos, colocou o toiro onde quis, cravou 5 ferros curtos cinjidos e de muita verdade, saindo no momento certo.

O 3º toiro da noite foi o melhor do curro da Galeana, castanho bragado corrido, acusou na balança 587kg de peso e foi lidado pelo cavaleiro Luis Rouxinol. Foi um toiro muito franco e colaborante, obrigou a que o cavaleiro se arrimasse, impôs-se e em muitos momentos da lide esteve por cima do cavaleiro, obrigando a ir com as duas mãos às rédeas e a pôr espora na montada para maior desenvoltura. Luis Rouxinol teve o nobre acto de brindar às testemunhas de alternativa, cravou 3 ferros compridos corretos sempre com o toiro a tomar a iniciativa, nos curtos optou por ferros em curto com batidas ao piton contrario e fechou a função com um bom par de bandarilhas.

Se a lide da noite foi a de António Telles, o momento da noite foi sem duvida a sorte gaiola que Manuel Telles Bastos teve coragem de fazer a um toiro de 590kg que saiu intempestuosamente dos curros. A restante lide já não teve a mesma intensidade, houve correcção nos compridos muito ao estilo da boa escola de equitação da Torrinha, nos ferros curtos esteve rigoroso arrastando a lide em demasia, e ao segundo curto já ouvia aviso de tempo de lide.

A 5ª e a 6ª lide foram lides a duo, a primeira ao Rebelde, sardo de capa e com 605kg, ainda que tenha sido uma boa lide a duo, a lembrar os tempos em que os irmãos António e João executavam este tipo de lide.Teve todos os inconvenientes que estas lides possuem, excessos de ferros e excessos de passagens que cedo anulam o sentido do toiro e raramente demonstram o seu valor. A lide do 6º da noite foi também neste formato, ao nº 82, bisco e o mais pesado da noite com 628kg, foi idêntica à lide anterior mas que ainda agravou mais o sentido do toiro. Foram cravados 8 ferros num toiro atónito de passagem de cavalos e capotes.

No capítulo das pegas, abriu praça pelo grupo de Santarém o Forcado Lourenço Ribeiro, deu todas as vantagens a um toiro que se empregou na lide , e pelo fundo dos Graves chegou à pega ainda com força para se arrancar pronto e proporcionar um pega vistosa à primeira tentativa. Para a 2ª pega foi escalado o Forcado Francisco Graciosa, que deu as mesmas vantagens, teve uma reunião no sitio ao melhor e mais nobre toiro da Corrida, fechou-se muito bem de pernas, o toiro foi sempre com a cara alta e já em tábuas deu luta mas o grupo ajudou em bloco e consumou a pega da noite . Fechou a função por santarém Luis Seabra que foi a terrenos do toiro provocar um toro desligado da luta pela lide exaustiva que teve mas que mesmo assim teve ímpeto na investida e por isso só consumou à 2ª tentativa.

A noite foi bem dura para o Grupo de Forcados Amadores de Coruche, apesar disso, deram provas de muita coragem, amizade e coesão entre o grupo, foram extraordinariamente bravos e nunca viraram a cara a luta, no entanto, seria importante reflectir em alguns casos e devido às condições dos toiros, que pelas mesmas razões que se recolhe um toiro que não tem condições de lide, também se devia recolher um toiro que não tem condições para a pega, para segurança dos nossos forcados, deveria esta decisão ser da responsabilidade do director de corrida.

Abriu praça o forcado Pedro Carvalho esteve correto em todos os momentos da pega a um toiro que batia com tremenda violência e entrava pelo grupo com ímpeto, aguentou uma barbaridade até quase ao impossível, mas a violência era tremenda, com o repetir das tentativas o toiro começou a defender-se e teve de ir a terrenos onde o toiro era dono e senhor e só à 5ª tentativa com as ajudas carregadas o forcado o levou de vencido.

O 4º toiro foi pegado pelo forcado Paulo Oliveira a um toiro que veio pronto pelo seu caminho que tinha força mas nunca complicou. O 6º foi mais uma “fava”. Para a cara foi o consagrado José Marques que aguentou uma rijíssima primeira tentativa que por muito pouco não foi concretizada, apenas um derrote impossível já junto à trincheira desfeitou o forcado, depois vieram todas dificuldades impostas por um toiro que sabia ao que ia e só se arrancava para colher, foi vencido à 5ª tentativa com o grupo a abafar e já na cara o forcado João Tomás.

Foi um espectáculo sério, com momentos de bastante emoção e tensão principalmente pela imponência do curro de toiros, de realçar ainda a coragem da empresa do Campo Pequeno e dos artistas em enfrentarem em praça toiros de verdade. Como aspetos menos positivos foi o facto do espectáculo se ter prolongado por mais de 3 horas, principalmente pelo arrastar de algumas lides e pela tentação do excesso de voltas ao ruedo, quer durante, quer após as lides, se algumas foram de facto merecidas, outras foram excessivas , é fundamental que o grau de exigência por parte dos artista e do público seja maior, para dignificar ainda mais a nossa festa brava.

A corrida foi dirigida em conformidade pelo Sr. Manuel Gama.

Jorge Rebocho

 

 

 

 

 

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