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Homenagem a Luís Miguel da Veiga

Com casa cheia em Lisboa, houve um pouco de tudo na noite de homenagem a Luís Miguel da Veiga.
01 de Agosto de 2016 - 13:06h Crónica por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2670
Homenagem a Luís Miguel da Veiga

Com o mês de Julho no seu final, o Campo Pequeno homenageou Luís Miguel da Veiga, por ocasião dos 50 anos de alternativa do cavaleiro de Montemor-o-Novo, que rivalizou nas arenas com José Mestre Baptista.

E para a efeméride, a empresa do Campo Pequeno montou um cartel com toiros da ganadaria de David Ribeiro Telles (seu padrinho de alternativa), 7 cavaleiros – 6 de alternativa e 1 praticante – e 2 grupos de forcados amadores (Évora e de Montemor).

Se é certo que o cartel apresentava diversidade nos seus integrantes, a praça contou com uma casa cheia também ela diversificada como o cartel da noite. Com Lisboa inundada de turistas, também o Campo Pequeno recebe uma fatia da tendência dos visitantes à capital, com inúmeras nacionalidades a procurarem a tauromaquia como entretenimento.

Com as temperaturas elevadas da noite, à volta do meu lugar eram tantas as línguas faladas que o português mal se escutava. Alemães e cerveja, russos a degostarem gelados, outras latitudes ainda que são indecifráveis ao meu diagnóstico e ainda dois casais de árabes, sentados mesmo a meu lado, que comiam cada um deles um saco de pipocas, acompanhados de cálices de vinho tinto. E sem capcidade minha para perceber se isto é bom, ou se é mau, se assim se enchem as praças, venham de lá mais corridas de pipocas e vinho tinto.

E com o homenageado a efectuar as cortesias, guardou-se um minuto de silêncio em memória do pintor Francisco Inverno, do fotógrafo Francisco Cano, do ganadero Pedro Infante da Câmara e do rejoneador e ganadero Fermin Bohórquez.

De seguida João Salgueiro da Costa confirmou a alternativa e inciou a noite do Campo Pequeno, diante um exemplar bem armado, negro, listão, que perseguiu sem incomodar em demasia e sem prontidão. Uma lide que decorreu num tom morno, sem grandes motivos de interesse, onde se salvou o terceiro curto cravado nos médios e ao estribo.

João Moura teve o melhor exemplar da noite. Um bravo de nome Salteado, que com 634Kg clamava por ferros de praça-a-praça, que se empregava no momento do ferro e perseguia nos remates para comer. O cavaleiro de Monforte aproveitou o oponente para nos compridos cravar ferros que ficaram na retina. Nos curtos usou os quiebros pronunciados, que hoje tão em voga passaram de adorno a serem regra, enganando a investida do bravo. O certo é que o Campo Pequeno aplaudiu com gosto, mesmo com cravagens distanciadas dos oponentes, catapultando a sua noite num triunfo, perante um toiro de bandeira.

Rui Salvador enfrentou o pior exemplar da corrida. Um negro de 641Kg, que se adiantava com maldade. Após sofrer um empurrão violento, que ninguém percebeu como não o desmontou, o cavaleiro de Tomar andou de forma exemplar na brega, mantendo ligado o desinteressado hastado, moderando e templando as velocidades da montada à medida do oponente. Na ferrragem teve de dar um passo a mais do que a emoção aguenta, para deixar ferros de cerrarem os dentes de todos os presentes.

O quarto da corrida tinha 542Kg, pelagem negra e muito bem armado, que ofereceu a António Brito Paes a prontidão de arranque para o momento da sorte. Com o hastado a decidir-se pelos médios, faltou mexer com o “Africano” na brega. Contudo, Brito Paes arrecadou o público do tauródromo da capital com cites empolgantes para ir colocando a ferragem.

Manuel Telles Bastos foi o quinto cavaleiro da noite de Lisboa e arriscou uma sorte gaiola que acabou por não resultar. Enfrentou um castanho de 562Kg, bonito de formas e cornivuelto, com pouca pata e que se tapava no momento do ferro. Com uma brega com os ingredientes certos para que o cavaleiros da Torrinha saísse com um triunfo inequívoco. O certo é que Telles Bastos, talvez pela escassez de força do hastado, e deste se tapar nas reuniões, tenha deixado a ferregem de uma forma algo aliviada.

Duarte Pinto foi o último cavaleiro de alternativa da noite e teve por diante um exemplar ligeiramente bisco do pitón esquerdo, negro e com 570Kg. Nos compridos o cavaleiro de Paço de Arcos colocou dois ferros nos médios, após citar de praça-a-praça. Nos curtos faltou temperar mais os andamentos. Foi uma lide que teve uma brega interessante, mas que pecou na ferragem por excesso de velocidade e a nunca pedir o arranque do oponente.

Fechou a noite António Núncio diante de um exemplar de 470Kg, numa lide composta por duas fases. A primeira feita de alguma dificuldade em entender o que tinha por diante, com toques e alguma impaciência. Na segunda fase, trocou de montada, mediu melhor as distâncias e ainda foi a tempo de deixar dois ferros de cima para baixo.

Nas pegas também a noite teve a mesma intermitência dos cavaleiros.

Os Amadores de Montemor abriram a contenda com o cabo António Vacas de Carvalho a fechar-se à quarta tentativa. João Romão fez a chamada, carregou a sorte e fechou-se na córnea ao primeiro intento, numa viagem em derrotes e muito dura até ao grupo. Francisco Borges citou com garbo até efectuar a chamada. O oponente fez um pronunciado estranho, corrigiu com outro na direcção oposta, com Francisco a aguentar uma barabaridade ao recuar, para se fechar na barbela ao primeiro intento. Fechou a noite Manuel Dentinho à segunda tentativa.

Pelos Amadores de Évora, João Oliveira citou em silêncio e fechou-se à segunda tentativa, numa viagem dura e sempre a empurrar até ao grupo. Gonçalo Pires dobrou o cabo António Alfacinha, e também consumou ao segundo intento, numa viagem que atravessou o grupo, saindo da cara e a recompor-se na mesma, enquanto lhe faltou grupo. João Madeira efectuou 5 precipitadas tentativas até ser dobrado por Manuel Rovisco, que consumou a pega ao sexto intento, enquanto havia noutros locais da praça, elementos do corpo de bombeiros e vários elementos de ambos os grupos, o que provocou protestos das bancadas.

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