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Corrida Mista da Feira de Outubro de Vila Franca de Xira 2015

Corrida Mista da Feira de Outubro de Vila Franca de Xira e de homenagem ao matador de toiros Mário Coelho, pelos seus 60 anos de toureio.
12 de Outubro de 2015 - 13:19h Crónica por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2078
Corrida Mista da Feira de Outubro de Vila Franca de Xira 2015

Quis o São Pedro que a primeira corrida de toiros da feira de outubro de Vila Franca de Xira fosse adiada devido ao mau tempo que se fez sentir no dia anunciado, foi então adiada para sexta feira dia 09 de outubro de 2015 às 22h00, facto que pode justificar a ausência de público. Apenas meia praça assistiu a um espetáculo de muita qualidade, e com alguns apontamentos mesmo muito bons, como foi o curro lidado nessa noite. Existem situações em que não temos muito a dizer pela mediocridade de um espetáculo, nesta situação, não temos muito a dizer pelo acerto de touros e toureiros.

E que toiros viajaram da Galeana até à Palha Blanco! Na placa que os identificava, o curro parecia ter pouco peso, mas como o bravo não se cria a pensar no talho, lá se deu o benefício da dúvida. De facto quatro dos seis toiros tinham aproximadamente 450kg, mas pela harmonia e morfologia pareciam pesar bem mais, todos com cinco anos, foram animais muito em tipo do que o ganadero nos tem habituado, rematados e muito bem constituídos, não eram gordos, e a carne que tinham não era de falso alimento, animais musculados e com muita força e fundo para uma lide intensa.

Nesta época que se aproxima do fim, um dos grandes triunfadores é com certeza a ganadaria de Murteira Grave, tem sido um privilégio para o aficionado ver lidados os toiros que têm saído a praça desta ganadaria, por esta altura altura o Dr. Joaquim Grave deve estar a tentar resolver um problema, ter tantos animais com qualidades excecionais para semental.

O cartel era composto pelos cavaleiros António Telles e Manuel Telles Bastos, discípulos da escola da Torrinha, e pelo Matador António João Ferreira, pegaram os grupos de forcados amadores de Santarém e de Vila Franca de Xira.

Abriu praça o cavaleiro António Telles a um toiro com 460kg, harmonioso e em tipo do encaste. Nos compridos e ainda com a praça a frio, andou correto, o toiro tinha boa mobilidade e pata, sempre a cortar terrenos e a apertar o cavaleiro, foi valendo a prontidão do Peão de Brega. Nos curtos o cavaleiro andou ao seu estilo, bem na brega e a cravar de frente com reuniões bem ajustadas. No capítulo das pegas abriu praça o Grupo de Santarém, na primeira tentativa o toiro veio a “apalpar” e quando sentiu o forcado na cara desfeiteou-o com violência, na segunda tentativa o forcado já mandou na investida do toiro e muito bem o primeiro ajuda a fazer meia pega. Volta para cavaleiro e forcado.

No seu segundo, possivelmente um dos melhores e mais bonitos toiros que esta época pisaram as arenas portuguesas, com 540 kg de bravura e nobreza, uma estampa! Que justificadamente recebeu a ovação do público no final da lide e com direito a volta à arena, o seu único defeito foi mesmo a renitência em recolher aos currais, se o toiro era dos de bandeira, a lide e a pega estiveram ao mesmo nível. Nos compridos o cavaleiro esteve bem e ao seu estilo a cravar no sítio, ao primeiro curto já ouvia música, e com o cavalo Alcochete em praça, e com o toiro a mostrar o que tinha de bom efetuou uma lide sempre ligada, e a entrar pelo toiro a dentro, cravou cinco curtos e ainda tinha toiro para mais, esteve muito bem António Telles. Para a pega de novo o grupo de Santarém, e foi para a cara o forcado Luís Sepúlveda que brindou ao ganadeiro Joaquim Grave. O toiro veio solto e bruto pela sua nobreza, e o forcado fez uma enorme pega, com uma rija reunião, e um derrote violento que elevou bem lá no alto o forcado, o que tornou a pega muito vistosa e emocionante. Volta para cavaleiro, forcado e merecidamente o ganadeiro.

Manuel Telles Bastos foi o segundo cavaleiro a entrar em praça, esta noite, foi de encomenda para o aficionado do classicismo no toureio equestre, estes dois cavaleiros, são exemplos perfeitos deste estilo tão nosso. Lidou o segundo toiro da noite com 460kg e também este muito bonito, o cavaleiro impôs muita mobilidade nesta lide e o toiro correspondeu, nos compridos, três no total andou correto, e com o toiro sempre a vir franco, nos curtos o primeiro e o quarto foram bons, no sítio, mas os restantes foram um tanto “pescados”. Na Pega, foi para a cara o forcado Gonçalo Filipe, forcado jovem que teve a difícil tarefa de pegar um toiro que humilhava muito e colhia o forcado nos Joelhos, acabou por ser dobrado, as dificuldades mantiveram-se e já com os nervos a falar mais alto e a pega foi concretizada à quinta tentativa.

No segundo do seu lote, a emoção e arte já foram diferentes, perante mais uma estampa de 480kg, e depois de ter brindado a lide a Mário Coelho, fez uma emocionante sorte gaiola, o toiro veio franco e depois do castigo, apertou e muito a cavaleiro, com três emocionantes voltas à arena, um momento vibrante que o público reconheceu com fortes aplausos. Cravou mais dois bons compridos, nos curtos o cavaleiro andou mais ajustado que na primeira lide e só o quinto não teve o brio dos restantes ferros. Para pegar este toiro foi o forcado Francisco Faria, forcado de dinastia, na primeira tentativa o forcado não mandou na investida do toiro que veio solto e com muita pata, e o forcado não conseguiu aguentar a violência dos derrotes, na segunda tentativa, já mandou na investida do toiro, ganhando-lhe o sítio, e foi muito bem ajudado pelo grupo e em particular pelo rabejador, como sempre, a entrar no tempo certo e a tirar ímpeto à investida do toiro, para que a pega seja consumada eficazmente.

No capítulo do toureio a pé partilhava cartel o matador António Ferreira, que também ele teve matéria prima para brilhar. Na primeira lide, o Matador recebeu muito bem no capote com alguns passes de joelhos, e o quite de bandarilhas foi irrepreensível, na muleta o matador foi correto, com bons passes, quer pela direta quer pela esquerda, fez uma lide limpa, a um tiro que apesar de bravo não tinha muita fijeza na muleta, e a colhida, que felizmente nunca aconteceu, esteve eminente. No seu segundo esteve ao mesmo nível, muito correto no capote, o quite de bandarilhas teve o primeiro par desacertado, mas os restante dois pares foram muito bons, na muleta este toiro tinha mais fijeza e a lide resultou mais vistosa que na primeira, só a chuva que começou a cair retirou o brilhantismo que se pedia no fechar da noite.

Ao intervalo, o empresário Paulo Pessoa de Carvalho homenageou o Matador de Toiros Mário Coelho, bem como o centenário do Grupo de Forcados Amadores de Santarém, e foram estas as notas de uma corrida bastante interessante do ponto de vista tourista, que encerrou mais uma feira de outubro em Vila Franca de Xira.

 

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