Em Alcochete triunfos de Tomás Pinto e Rui Fernandes

A primeira noite de Verão teve temperaturas frescas e primaveris, e recebeu em Alcochete a Corrida Helder Antono, que durou quatro horas, terminando já às duas da manhã.

Sete Cavaleiros para outras tantas ganadarias e o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, efectuaram as cortesias (onde faltava Rui Fernandes, que regressava de Torrejon de Ardoz), com mais de uma centena de antigos e actuais forcados do Grupo, fardados em praça, para homenagearem Helder Antono.

As sete ganadarias estavam em competição, para o troféu Helder Antono, para o melhor toiro. Venceu o exemplar Rio Frio lidado por Mateus Prieto. A distinção não mereceu contestação da praça, mas o melhor toiro, mais nobre e franco da noite, porventura o melhor exemplar lidado, pertenceu à ganadaria Alves Inácio, que foi lidado pelo cavaleiro Salgueiro da Costa.

Dos sete cavaleiros em praça, três sobressaíram: Gilberto Filipe andou a gosto e cravou uma série de curtos nos médios e com sortes centradas; Tomás Pinto encarou um manso em tábuas e colocou os mais emotivos ferros da noite, ao estribo, desafiando sortes sem que se vislumbrasse uma saída possível; Rui Fernandes foi o que maior desenvoltura mostrou, colocando com facilidade a ferragem, numa lide asseada e muito ligada quer ao oponente, quer com as bancadas.

Abriu a noite Sónia Matias diante um exemplar da ganadaria Paulo Caetano, com 500Kg, quatro anos de idade e com o número 127. Negro de pelagem, pouco correu e tapou-se sempre, com Sónia a ter de atacar o oponente. Citou tentando dar vantagens, mas o hastado teimava em esperar enquanto raspava e só resolvia arrancar já com a cavaleira a meio da viagem, adiantando-se com maldade. Lide de mérito para Sónia Matias, que terminou a sua actuação com dois violinos, diante um exemplar que em tudo complicou e que teimou em não sair do ruedo, recolhido faltavam já 5 minutos para as 23 horas (a corrida iniciou-se eram 22 horas).

Com o número 50 e 515Kg de peso, surgiu em praça o exemplar Lopes Branco para ser lidado por Gilberto Filipe. O cavaleiro acabou por rubricar uma óptima actuação. Andou desinibido e a gosto. Toureou trazendo o oponente pela garupa e faltou-lhe sempre toiro no momento do ferro. Sem ter outro remédio senão atacar o hastado, cravou nos médios uma série de curtos, com destaque para o terceiro, em que abriu o quarteio no momento exacto e colocou um ferro de levantar praça, de cima para baixo. Terminou uma óptma actuação, em Alcochete, com uma rosa.

Filipe Gonçalves surgiu no ruedo para lidar um Fernandes de Castro, com 505Kg de peso e número 35. O exemplar era ligeiramente bisco, foi áspero e alternou as velocidades durante as reuniões. Este último factor complicou a lide do Furacão Algarvio, que nunca se entendeu com o que teve por diante. Sempre com toques em todos os momentos, teve uma discreta passagem por Alcochete.

Tomás Pinto enfrentou um exemplar António Lampreia, salinero de pelagem, com 510Kg de peso e com o número 378. O hastado foi um poço de defeitos, um manso enquerençado em tábuas, que investiu com a cara de lado, até desistir do confronto e regressar ao conforto das tábuas. Recebeu-o à porta gaiola e rubricou uma excelente actuação. Não se intimidou e partiu determinado para o manso, com este junto a tábuas e a não proporcionar saída possível. Assim, o cavaleiro de Paço de Arcos efectuou as sortes mais emotivas de toda a corrida, mas não se ficou apenas por esse factor. Todas elas foram centradas, bem ao estribo. O segundo curto vale o preço de um bilhete, com a praça a ranger os dentes pois a colhida parecia eminente. Tomás Pinto lidou com desembaraço e a gosto, bregou com as possibilidades dadas pela matéria-prima que enfrentou, deu a volta ao manso e efectuou uma lide para recordar.

Mateus Prieto lidou o toiro premiado da noite. Um Rio Frio com 490Kg de peso. Um manso encastado com três anos de idade e com o número 17. Embora com promenores interessantes, a lide esteve sempre pouco ligada, quer com o oponente, quer com as bancadas. Só ao terceiro curto ajustou as reuniões e quando recorreu aos violinos, Mateus Prieto recebeu as suas melhores ovações da noite.

Salgueiro da Costa lidou um Alves Inácio, que com 3 anos de idade acusava uns impressionantes 560Kg de peso. Tinha o número 17, castanho, encastado, que media as arrancadas e atravessava-se. O hastado de elevada estatura, humilhava nos capotes, mas à montada reunia de cara alta, a querer comer as crinas do cavalo. Salgueiro da Costa dificultou a sua tarefa e só se entendeu com o oponente ao quarto curto, quando reuniu nos médios e de cima para baixo.

Rui Fernandes fechou a noite diante de um Lupi, com 535Kg de peso e com o número 17. Sofreu um empurrão no segundo comprido e a partir daí entendeu-se e ligou-se ao oponente, não lhe permitindo mais nenhuma intromissão. Bregou deixando o oponente nos médios. Citou com desplante e encarando o hastado. Pediu-lhe o arranque e em sortes cingidas, e em terrenos de compromisso, colocou a ferragem com batidas ligeiras, de cima para baixo e rematando com piruetas. Foi o cavaleiro mais aplaudido da noite em Alcochete, conquistando as bancadas, que esperaram pela lide do cavaleiro da Charneca da Caparica, que regressava de uma corrida em Espanha e que terminou a sua actuação eram quase duas da madrugada.

Na forcadagem a noite foi emotiva e em solitário estavam os Amadores de Alcochete para pegarem 7 exemplares.

Citado num absoluto silêncio, abru a noite o cabo Vasco Pinto, que reuniu à barbela ao primeiro intento, encaixado de pernas e sem que o toiro complicasse. António Manuel Cardoso foi para a cara do segundo, mas após o toiro derrotar caiu desamparado em praça. Dobrou-o o filho, António Manuel Cardoso Jr, que se fechou à segunda tentativa. Fernando Quintela foi para a cara do terceiro da noite. Alapou-se na córnea ao primeiro intento, com o grupo a consumar. Daniel Gonçalino viu o oponente medir-lhe as intenções e só após a segunda chamada partiu para o forcado, com este a reunir na córnea, à primeira tentativa. Rúben Duarte esteve exemplar ao reunir ao primeiro intento na barbela, passando para a córnea, com a coesão do grupo a consumar a pega. Tomás do Vale viu o oponente partir determinado, recuou com galhardia e fechou-se na córnea. Suportou infindáveis derrotes. Esteve quase fora da cara, com o segundo ajuda a recolocá-lo para o pegão da noite, ao segundo intento. Fechou a noite Joaquim Quintela, à segunda tentativa, com derrotes duros, com o grupo a consumar.