Tarde de Toiros em Santarém
09 de Junho de 2014 - 23:53h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 3269 |
A Monumental de Santarém celebrou as Bodas de Ouro, numa tarde em que uma generosa meia casa assistiu a um espetáculo, que tem tudo para que se repita.
O cartel composto por um sexteto de cavaleiros e dois grupos de forcados, que tiveram de puxar dos galões, pois o curro de José Luís Vascocellos e Souza de Andrade foi tudo menos cómodo.
Os toiros enviados pelo ganadero proporcionaram o que de melhor tem uma corrida. De irrepreensível apresentação, quatro anos de idade, pesos consentâneos com o esqueleto, variados na pelagem, bem armados e com sentido, impuseram dificuldades aos intervenientes, partiram para o confronto e, como sempre acontece nestes casos, houve quem não se desse bem com tal comportamento. A excepção prendeu-se com o último da corrida, que com dificuldades acentuadíssimas de visão, não teve lide e foi a nota negativa do curro de ontem.
Abriu praça Joaquim Bastinhas diante de um negro com 526Kg de peso e com o número 28. Distraído, tardo e a chouto até ao segundo curto, subiu e muito de produção, partindo com nobreza e prontidão com o decorrer da lide, apesar de aparentar pouca força. O cavaleiro de Elvas andou ligado desde cedo e escutou os acordes da banda ao primeiro curto. O quarto ferro foi o melhor da lide, com o oponente nos médios, a partir para comer e com Bastinhas a cravar de alto a baixo. Terminou com um par de bandarilhas no corredor, que não teve remate à sorte efectuada, pois dois peões de brega trataram de tocar com capotes na teia e impedir o mesmo, numa lide em que a quadrilha exagerou, e muito, na quantidade de capotazos efectuados.
O segundo da tarde surgiu no ruedo com 530Kg de peso, de número 21, negro de capa, bem armado, nobre, pronto e com profundidade na investida. Desceu de produção durante a lide e passou a reservar-se. Rui Salvador esteve exímio na ferragem comprida. Mandou nas arrancadas e cravou dois ferros nos médios, que mereciam banda. Nos curtos, a partir do segundo ferro, o comportamento da rês agravou-se. Rui Salvador encurtou distâncias, passou a atacar o oponente, mas este tapou-se sempre e dificultou muito a lide de Salvador.
Com o número 33, o terceiro exemplar da corrida pesava 535Kg, ensabanado, muito bem armado, partia para o confronto para comer e empregava-se na investida. Após o primeiro comprido aprendeu a viagem, passou a adiantar-se e empurrou de uma forma violentíssima Luís Rouxinol, que esteve quase, quase a desmontar-se com tamanho aperto. O cavaleiro de Pegões não se rendeu, nem precisou de medir mais a intenções do hastado. Encurtou distâncias e em sortes cingidas cravou uma série de curtos, um de palmo e um par de bandarilhas, em que Rouxinol deu a volta a um oponente cheio de dificuldades.
O quarto foi um toiro de triunfo, ensabanado, com 560 Kg de peso e com o número 10. Tinha pata, foi nobre, disponível, arrancou sempre primeiro e era ávido de confronto, expresso pelas arrancadas a qualquer movimento. Sónia Matias teve um toiro de triunfo mas nunca se entendeu com o oponente. Com o toiro a partir sempre primeiro e com disponibilidade, a lide resultou sofrível, com ferros falhados, toques e com a quadrilha a dar uma tareia de capotes ao oponente, por entre cada sorte, sem que com isso eliminassem a qualidade do hastado. Terminou com os seus melhores ferros da corrida, dois violinos que empolgaram a praça e deu uma imerecida volta à Monumental Celestino Graça.
Filipe Gonçalves pôs a praça de pé e alcançou um triunfo na Monumental de Santarém. O oponente tinha 540 Kg, bragado, com fijeza, muito nobre e que humilhava para varrer. Apareceu em praça de rabo arqueado e investiu a gosto. Desde os compridos que o Furacão Algarvio tomou conta do oponente, com abordagem frontais, em que fica na retina o segundo ferro, que cravou nos médios e com exactidão. Nos curtos optou pelas cambiadas. Esperou sempre pelo arranque do oponente e efectuou, nos médios, batidas pronunciadas, colocando a ferragem com precisão e com as bancadas a levantarem-se após cada sorte. O terceiro curto foi mesmo o de melhor nota, de cima para baixo, bem no centro do ruedo, após aguentar a montada, até ao arranque do oponente. Terminou com um par de bandarilhas, rematado com galhardia. Uma tarde de êxito para o Furacão Algarvio.
O último da corrida tinha 560Kg de peso e o número 18. Com dificuldades de visão, procurou a saída do ruedo em todos os instantes. Marcos Bastinhas não teve exemplar que tivesse lide. Ainda tentou tirar qualquer coisa, mas o oponente investia para nenhures e não houve lide possível.
Na forcadagem abriu a tarde na Monumental Celestino Graça o cabo dos Amadores de Santarém, Diogo Sepúlveda. Brindou ao céu e quando iniciou o cite com a voz, o oponente virou-se, arrancou e Diogo Sepúlveda fechou-se na córnea, ao primeiro intento, numa viagem a empurrar até às tábuas. David Inácio citou em silêncio. Efectuou a chamada com o toiro a medir-lhe as intenções. Deu mais um passo e nova chamada. O oponente partiu e David Inácio fechou-se à primeira na córnea, com o grupo a consumar sem problemas de maior. Fechou a contenda para Santarém, João Vaz Freire ao terceiro intento.
Pelos Amadores de Alcochete, Diogo Timóteo fechou ao terceiro intento. O cabo Vasco Pinto fechou-se à segunda tentativa na córnea, com o toiro a nunca querer partir. Assim que o fez, ensarilhou ao investir e com Vasco Pinto a aguentar o génio do oponente. Recuou sempre a mandar no hastado, sentando-se na cara do toiro e com o grupo a consumar a pega. Fechou a tarde Tomás Vale diante do toiro “mal visto” da corrida. Fechou-se ao segundo intento, após o toiro na primeira tentativa ter investido para terra de ninguém.