Évora homenageou o génio e a figura de João Branco Núncio

A Corrida de Homenagem da Cidade de Évora a Mestre João Branco Núncio contou com uma casa bem composta, a roçar os três quartos de público, numa noite de Verão, com as temperaturas bem altas.

A corrida prometia, com dois bisnetos e um neto do Mestre João Branco Núncio no cartel, o regresso de João Moura, a divisa Branco Núncio e os cavaleiros António Ribeiro Telles e Manuel Lupi.

Mas se a homenagem no papel se revelava prometedora, o certo é que nada de significativo ocorreu no que às lides a cavalo diz respeito, com o destaque da corrida a estar na actuação de um cavaleiro ainda sem alternativa, o bisneto Francisco, de Mestre João Branco Núncio, nos fados que acompanharam a recolha dos toiros e a homenagem realizada no centro de arena.

Mas no meio de tão paupérrimas prestações na noite eborense há alguns escassos momentos dignos de nota: os ferros compridos de António Telles foram mesmo o melhor da noite, tal como a brega que efectuou toda a lide e a ser o único cavaleiro da noite que prescindiu dos capotes; o desembaraço com que Francisco Núncio Filho bregou e lidou o oponente, sem pressas, nem precipitações; e a porta gaiola de António Núncio.

No que ao curro diz respeito, quer os novilhos, como os toiros Branco Núncio, ficaram a dever em apresentação. Tiveram pouca força e faltaram sempre no momento do ferro. A excepção foi o segundo toiro da noite, que calhou a António Telles, que se revelou mais franco e que se empregou mais do que os restantes.

Assim, a história das actuações conta-se de forma simples e célere.

Francisco Núncio Filho, bisneto de Mestre João Núncio, abriu praça e elaborou a melhor actuação da noite. Bregou com uma aparente facilidade, despreocupado com o tempo necessário para preparar o oponente. Mexeu com hastado. Citou e deu vantagens. Partiu em sortes frontais e à tira, em velocidades ajustadas e embora irregular nas cravagens, as mesmas foram sempre executadas nos médios e a lide resultou harmoniosa, tendo sido a melhor da Arena de Évora.

Seguiu-se novo bisneto de Mestre João Núncio, António Núncio, que recebeu à porta gaiola um oponente que perseguiu de rabo arqueado, mas que após os compridos se apagou. Ainda assim, colocou nos médios o primeiro curto, de cima para baixo, dobrando o pitón no remate. Com a disponibilidade do hastado a decair imenso, também o resto da lide perdeu o brilho até então atingido.

João Moura regressou às arenas e foi calorosamente aplaudido assim que pisou o ruedo. Também o ”inteligente” pareceu contagiado pelo facto e concedeu música no primeiro curto, numa sorte que resultou aliviada. E tal como o primeiro curto foram todos os restantes, com o cavaleiro de Monforte a deixar a brega por conta da quadrilha, que por entre cada ferro castigou o hastado com uma mão cheia de capotazos e com Moura, a galopar para o oponente, sem citar.

António Telles esteve irrepreensível nos compridos. Todos ao estribo, com o primeiro a regra e esquadro, bem de cima para baixo. O resto da sua actuação pautou-se por uma excelente brega, a mudar os terrenos do oponente e completamente ligado com o hastado, mas a ferragem não resultou.

Francisco Núncio esteve alegre, a gosto e com desembaraço. Executou sortes frontais, ora aliviadas, ora pescadas, com o terceiro curto a ser aquele com a reunião mais ajustada. Foi a lide mais homogenea da noite eborense, no que concerne aos cavaleiros de alternativa, mas longe dos patamares de triunfo.

Manuel Lupi foi colhido violentamente por duas vezes consecutivas. Na primeira quase que era desmontado e quando ainda tentava refazer-se do susto, foi novamente colhido e caiu desamparado em praça, com o oponente a passar pelo cavaleiro e a perseguir a montada. Nunca mais se reencontrou.

Na forcadagem levaram a melhor os Amadores de Moura, com duas pegas ao primeiro intento.

Abriram a noite os Amadores de Évora. Gonçalo Rovisto fechou-se na córnea ao segundo intento. O cernelheiro Cláudio Carujo e o rabejador João Madeira, efectuaram uma pega de cernelha à primeira tentativa. Ricardo Sousa foi para a cara do último da noite dos Amadores de Évora. Na primeira tentativa, o oponente fez um estranho, na segunda defendeu-se com os joelhos e sofreu uma voltareta e fechou-se ao terceiro intento, numa reunião rija, com o primeiro ajuda a fixá-lo na cara, até ao grupo aparecer para consumar.

Pelos Amadores de Moura, Xavier Cortegano citou com toreria, carregou a sorte e fechou-se na barbela à primeira tentativa. Cláudio Pereira só tinha dados dois passos, quando o hastado se voltou das tábuas e arrancou para o forcado. O embate foi rijo, com Cláudio Pereira a fechar-se na barbela, ao primeiro intento. E assim que o oponente sentiu o forcado, derrotou alto e desviou-se da formação de Moura, que apareceu para consumar. Fechou a noite o cabo Valter Rico, à segunda tentativa, na córnea.