Agualva com Festival à chuva
21 de Agosto de 2014 - 10:22h | Crónica por: Bruno BetTencourt - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 1787 |
Há um ditado que diz “Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno”. Deve ter sido formulado num dia igual ao passado 17 de Agosto. O dia era histórico: “toiros de praça” na freguesia da Agualva, no concelho da Praia da Vitória. O Festival “Luís Fagundes”, organizado pelo Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG), deslocou-se do seu palco habitual para a praça desmontável que se encontra montada na referida freguesia terceirense. A chuva ameaçou e cumpriu. Muitas foram as vezes em que se abriram os guarda-chuvas durante a primeira parte. O terreno ficou pesado e notou-se a sua influência negativa no decorrer das lides. Espectáculo dirigido por Carlos João Ávila, assessorado por José Paulo Lima.
Tiago Pamplona enfrentou um exemplar de Rego Botelho que se entregou à lide, cumprindo o que se lhe impunha. O cavaleiro teve uma lide regular, marcada por bregas cingidas. Ligou-se bem ao oponente. Nas cravagens esteve algo irregular, errando por vezes na velocidade das viagens, em parte, mercê das condições da arena. Lidou depois o nº50 de Gabriel Ourique. Tirou partido do oponente, apesar deste se atravessar e se tapar no momento da reunião. Uma lide em crescendo, notando-se novamente alguma irregularidade nas cravagens e nas velocidades.
A Rui Lopes coube o nº306 de Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER). O ginete da Ribeirinha teve uma passagem sem grandes notas de destaque. Fica a referência ao 4º ferro curto, bem cravado, após um toque violento sofrido na montada. O toiro era curto de investida e defendia-se investindo por arreões. Frente ao exemplar nº62 de Fernando Bettencourt (ganadaria picoense que se estreava na ilha Terceira), Lopes mostrou a sua arte. Uma lide com ferros de boa nota, que foi rompendo após algum desentendimento inicial. O toiro era o mais bem apresentado, pleno de nobreza, no entanto, foi-se revelando tardo na investida com o decorrer da lide.
O mais novo em praça, João Pamplona, teve o lote da sorte. O exemplar nº118 de Duarte Pires deu bom jogo. Investia de pronto e não complicou. Ao jovem Pamplona coube-lhe fazer o que melhor sabe, lidar a cavalo. Entendeu o opositor e tirou-lhe bem as medidas. Esteve bem. O nº325 de ER também deu boa réplica. Entregou-se, ainda que parando em alguns momentos. Uma vez mais, o Marialva tirou partido do toiro. Era um exemplar pequenote, mas com alma grande. Uma boa lide que apenas pecou por duas cravagens um pouco traseiras. A realçar o facto de ter utilizado apena a égua “Rana” durante toda a contenda.
No que às pegas diz respeito, não existiram dificuldades de maior. As que não foram consumadas à primeira, resultaram de alguma menor qualidade técnica. Pelos Amadores de Arronches, estiveram em praça Paulo Florentino (à primeira), João Rosa (à primeira) e Filipe Redondo (à segunda – uma pega tecnicamente pobre). Pelo GFARG, chamaram o toiro, Daniel Brasil (à primeira), Américo Cunha (à quarta – mercê de nas tentativas anteriores não ter estado correcto) e Rui Dinis (à primeira).
Por fim, uma palavra de destaque para a banda da Sociedade Filarmónica Espírito Santo da Agualva, que apesar da chuva que teimou em molhar fardas, partituras e instrumentos, aguentaram estoicamente, abrilhantando o festejo de forma irrepreensível.