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Em Arruda houve Toiros e um imparável Duarte Pinto

O XVII Concurso de Ganadarias de Arruda apresentou um curro que pediu contas, dois grupos de forcados distinguidos, uma mudança de cabo para os de Arruda e uma terna de cavaleiros sólida, em que sobressaiu Duarte Pinto.
18 de Agosto de 2014 - 23:56h Crónica por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 3037
Em Arruda houve Toiros e um imparável Duarte Pinto

Com temperaturas quentes verificou-se uma casa cheia, na última corrida da Feira Taurina de Arruda dos Vinhos - o XVII Concurso de Ganadaria da Arruda dos Vinhos – que este ano contava com 6 exemplares de encaste não Murube, que disputaram o troféu de melhor toiro da corrida.

O curro foi variado na pelagem e em apresentação deixou a desejar. Em comportamento foram ásperos e todos com características diferentes. Os exemplares das ganadarias de António Silva, Canas Vigouroux e Santiago foram os melhores toiros da corrida. O de Santiago foi o mais franco, nobre e o que sempre humilhou em todos os momentos. Quanto ao troféu do Clube Tauromáquico Arrudense, para o Melhor Toiro, esse foi entregue ao exemplar António Silva – um exemplar que se empregou a reunir e nos remates, sempre com intenção de colher, mas com menos nobreza e prontidão. Também o exemplar que pasta no lugar dos Canas Vigouroux foi ávido de confronto. Partia de qualquer lugar do ruedo e com maldade. Dono de uma investida pouco humilhada e com tendência para se atravessar.

Houve quatro cavaleiros em praça, Luís Rouxinol, Vítor Ribeiro, Duarte Pinto e Luís Rouxinol Jr, mas apenas os três de alternativa estavam em competição pelo troféu de Melhor Lide.

Duarte Pinto esteve irrepreensível toda a noite e venceu sem contestação o troféu de Melhor Lide, no sexto exemplar da corrida, da ganadaria Santiago, entregue pela Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. É certo que teve o melhor lote (o Silva e o Santiago). Mas mais certo é que atravessa uma fase em que transborda confiança, espelhada em desembaraço e facilidade de processos, que só uma Figura detém. Teve sempre o público consigo, sem ter recorrido a alaridos desnecessários. Efectuou duas lides com emoção e carrega consigo uma temporada, até então, brilhante, e abordou os dois oponentes sem enganos, nem excessos.

No terceiro da noite enfrentou os 540 Kg do exemplar António Silva. Negro, com o número 238, cómodo de cara, que desde a saída se apoderou dos médios para mostrar ao que vinha. A Duarte Pinto bastou-lhe bregar com a voz, para que as bancadas aplaudissem o labor e logo se ligassem com o cavaleiro de Paço de Arcos. Com o saldo de 5 ferros curtos esteve sempre por cima do oponente. O 1º e o 3º foram à tira e ao estribo. O 2º e o 4º, de frente e ao estribo. O quinto não teve o mesmo resultado mas a praça de Arruda queria mais e pediu de forma ensurdecedora mais um ferro, ao qual Duarte Pinto soube resistir.
No último da corrida venceu o troféu de melhor lide. O exemplar flavo, da ganadaria de Santiago, tinha 480Kg de peso. Foi um bravo sem querenças, com pata, franco e nobre. Humilhou que se fartou e esbanjou nobreza e recorrido, quer no capote, como na montada e tomou conta dos médios. Empregou-se em todos os momentos, faltando somente a prontidão de arranque, e perseguiu comprometido com o cavaleiro, que perante tamanha qualidade, não desdenhou do oponente. Duarte Pinto bregou com acerto, equilibrando o hastado, deixando-o ora nos médios, ora em tábuas, na preparação das sortes. Mostrou-se nos cites. Pediu o arranque ao oponente, mas teve de ser o cavaleiro a atacar o Santiago, para cravar sempre com acerto – com reuniões exactas, sempre com o domínio do centro da sorte, em terrenos de compromisso, de cima para baixo - e exigir os remates ao hastado. Foi o justo vencedor do troféu em disputa, colocando-se como o grande triunfador da corrida e um dos candidatos a triunfador da temporada.

Luís Rouxinol foi o azarado com o sorteio. O primeiro da corrida tinha 510Kg de peso e era proveniente da ganadaria de José Luís Vasconcellos e Souza de Andrade. Ligeiramente bisco do pitón esquerdo. Andou sempre a chôto. Mediu toda e qualquer arrancada e detinha uma investida tão curta, que obrigou o cavaleiro de Pegões a pisar os terrenos do toiro. Rouxinol efectuou uma lide de grande labor, adoptando sortes cingidas, fixando o toiro na montada, tendo conseguido dar a volta ao oponente. Escutou banda ao primeiro curto, mas foi no segundo que cravou o melhor ferro, bem no centro do ruedo e ao estribo. Com o comportamento do oponente a decair imenso com o decorrer da lide, também a o resultado das sortes foi perdendo o brilhantismo, sem que se possa apontar algum defeito a Luís Rouxinol.
No quarto da noite enfrentou um exemplar de 535Kg de Jorge Carvalho, bisco do pitón esquerdo, que logo na saída escolheu as tábuas como terrenos de eleição. Foi um manso que se furtou a qualquer confronto. Rouxinol cedo lhe apanhou os modos e tratou de dar a volta ao manso. Colocou a ferragem sem defeitos, mas sempre que o hastado sentiu a ferragem, logo descaiu para tábuas. E sem toiro, o cavaleiro de Pegões, que até elaborou uma lide de qualidade perante a matéria-prima que enfrentou, recusou dar volta, que contudo, era de todo merecida.

Vítor Ribeiro apareceu em praça para lidar o segundo da noite. Um exemplar da ganadaria Lopes Branco, bragado, com 535Kg e com o número 39. Tinha recorrido na investida, pata, mas que se meteu pouco, ou quase nada na lide. A ferragem nem sempre resultou da melhor forma, ficando na retina o terceiro curto, nos médios e debaixo do braço.
No quinto da noite, Vítor Ribeiro subiu imenso de produção. O exemplar de Canas Vigouroux tinha 560Kg de peso e a pelagem negra. Foi um exemplar com pata e qualquer terreno lhe assentava. Ávido de confronto, perseguiu para “comer”, empregou-se a reunir e transmitiu que se fartou. Vítor Ribeiro aproveitou a qualidade do hastado e rubricou uma excelente actuação em Arruda dos Vinhos. Bregou em velocidade reduzida. Mostrou-se nos cites (enquanto o Vigouroux raspava e premeditava o arranque). Aguentou os intempestivos e inesperados arranques do oponente e deixou a ferragem com enorme acerto. Os dois primeiros curtos colocou-os com exactidão, nos médios e de cima para baixo. Abandonou a praça com um triunfo, escutando pedidos incessantes para colocar mais um ferro.

A noite fechou com Luís Rouxinol Jr, que não teve um exemplar fácil. Media os arranques e não se empregava a reunir. Também nos remates faltou toiro. Rouxinol Jr conseguiu contudo contagiar as bancadas e apresentou um enorme à vontade em praça. Colocou a ferragem com acerto e nos últimos ferros deixou o público a pedir por mais.

Para a forcadagem, a noite de Arruda foi dura e pediu coesão aos três grupos de Forcados em praça, que disputavam os troféus de Melhor Grupo e Melhor Pega.
Além da dureza, a noite foi também ela de emoções fortes. O cabo Sérgio Miguel, dos Amadores de Arruda dos Vinhos, despediu-se do comando do grupo, na praça da sua terra, passando o testemunho a Rudolfo Costa.

Abriu a noite João Guerreiro, pelos Amadores do Ribatejo. À terceira tentativa e com as ajudas carregadas. Aguentou os derrotes na córnea do Vasconcellos e Souza de Andrade, que assim que sentiu o forcado, sacudiu que se fartou e a meio da viagem decidiu mudar o rumo da mesma, voltando para trás, com o forcado na cara e a derrotar.
Ruben Pirri fechou-se à primeira tentativa, na córnea. Mandou no arranque do oponente e quando o forcado da cara se fechou, o exemplar Jorge Carvalho mudou o rumo da viagem, com o grupo a aparecer para consumar com coesão.
Carlos Travessa fechou-se à primeira tentativa, na córnea, do novilho lidado por Luís Rouxinol Jr.
Os Amadores do Ribatejo, venceram com justiça o troféu de Melhor Grupo, entregue pela Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, sob protestos das bancadas, que pretendiam que fosse o grupo da casa a vencer a distinção.

Os Amadores da Azambuja tiveram uma noite pouco feliz em Arruda dos Vinhos. Renato Ribeiro dobrou Vinícius Campos e fechou-se ao quarto intento, com 12 forcados em praça a consumarem a pega.
Valter Soares foi para a cara do exemplar Vigouroux. Por entre cinco tentativas goradas foi dobrado por dois colegas. No total foram quatro forcados lesionados por entre as várias tentativas e morou no ruedo a confusão e a indecisão do grupo, até o cernelheiro Luís Amador e o rabejador João Branco, consumarem ao sexto intento, uma pega de cernelha.

Pelos Amadores de Arruda dos Vinhos, Bruno Silva foi para a cara do terceiro da corrida. Fechou-se no pitón direito, ao primeiro intento. O exemplar António Silva atravessou o grupo e assim que chegou a tábuas, logo se voltou para trás, sempre a sacudir com maldade e com o grupo a  conseguir aparecer para consumar.
Fechou a noite pelas jaquetas de Arruda, o novo cabo Rodolfo Costa, com um pegão. O oponente partiu determinado, embateu de forma rija no forcado, que se fechou na córnea, com o hastado sempre a empurrar com pata e com o grupo a consumar ao primeiro intento.
No final da pega, Sérgio Miguel surgiu no ruedo, despiu a jaqueta e passou o testemunho a Rodolfo Costa, dando uma emocionada volta à arena de Arruda, debaixo de fortíssimos aplausos. E para que nada faltasse para que a ocasião se tornasse ainda mais perfeita, foi Rodolfo Costa, o novo cabo dos Amadores de Arruda dos Vinhos, quem venceu, com inteira justiça, o prémio de Melhor Pega, entregue pela Junta de Freguesia de Arranhó.

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