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A Primeira da Palha Blanco

Numa noite de expectativa, o curro Palha foi a desilusão maior, com Vítor Ribeiro a triunfar com grande qualidade e Telles Bastos a assegurar outro triunfo, com grande classe.
06 de Outubro de 2013 - 15:20h Crónica por: - Fonte: Taurodromo.com - Visto: 2424
A Primeira da Palha Blanco

Começou a Feira da Arte e Cultura 2013, a Feira de Outubro de Vila Franca de Xira, com um cartel atractivo, composto por uma terna de cavaleiros equilibrada, sempre à caça de triunfos assentes em verdade. Dois Grupos de Forcados que não costumam falhar e um curro Palha de impôr respeito a quem se atreve a enfrentar tais exemplares.

Se as imediações da Palha Blanco estavam a rebentar pelas costuras, tanta era a multidão que se encontrava no recinto da feira, as bancadas estiveram talvez perto da metade da sua lotação, sob um frio que se tornava incomodo com o perpetuar do tempo da corrida, tempo esse que se arrastou por três horas de duração.

Há algo a ressalvar nesta corrida. A Palha Blanco assume-se como o último bastião da verdade, no que ao toureio a cavalo diz respeito. Exige aos cavaleiros que executem brega sem auxílios externos. Obriga as quadrilhas a saírem do ruedo (e saem mesmo, pois são tamanhos e veementes os protestos na entrada de capotes na arena, sejam esses somente por simples toques, ou se pior forem para dobrarem as reses). Mais, as bancadas de Vila Franca recusam o acessório, se este anteceder qualquer acto de valor por parte dos intervenientes. Cala o aplauso se a sorte assim o merece e levanta-se dos assentos mal um ferro é colocado ao estribo. Se estes são os factores, singulares nos dias de hoje, que merecem uma ida ao toiros, com Vila Franca como estandarte, então há um longo caminho a percorrer por parte dos empresários taurinos. Pois reside na Palha Blanco algo que teima em bater o pé à vulgaridade e respeitar uma herança, que urge, que não se extinga.

E a Feira abriu com chave de ouro, pois Vítor Ribeiro teima em executar com maestria e enfrentar com naturalidade, e com qualidade, quer o manso, como o bravo. O Palha, castanho, apesar de algo distraído tinha qualidade suficiente para o triunfo, caso o cavaleiro assim o entendesse. Após trazer o toiro toureado e colocá-lo nos médios, Ribeiro desenhou um segundo comprido, em que consentiu a investida durante uma infinidade de tempo e cravou como se estivesse já na ferragem curta. Toda a lide assentou numa excelência de processos. Bregou e equilibrou o oponente. Colocou-o nos médios e cravou de cima para baixo. O primeiro curto é soberbo, com o piton a roubar brilho ao estribo. No segundo voltou a consentir a investida, com novo desenho de sorte com brilhantismo. O mesmo brilhantismo com que fechou a primeira actuação, colocando um ferro de suster a respiração, sempre de cima para baixo.
O quarto tinha uma excelente apresentação, bem rematado e com 560Kg de peso, aplaudido na entrada, mas que no comportamento foi um gato, que nunca passou das meias arrancadas. E se Vítor Ribeiro se limitasse a despachar ferragem, atrevo-me a dizer que ninguém o levaria a mal. O problema é que Ribeiro tratou de transformar tão parca matéria-prima, num exemplar com qualidade e tudo fez para ligar o oponente, com sucesso. Pisou terrenos proibidos e cravou quatro curtos cheios de critério, saindo de Vila Franca com um triunfo importantíssimo, que faz de si uma das Figuras desta temporada.

Manuel Telles Bastos enfrentou o segundo da noite. Um exemplar com bravura, nobreza mas tardo. Foi aplaudido na recolha, facto que me pareceu algo exagerado, pois faltou sempre toiro nas reuniões. Telles Bastos iniciou com uma sorte gaiola e colocou um segundo comprido citando com a voz, imediatamente apos receber o ferro da trincheira, com o Palha a arrancar nobre e franco. Nos curtos bregou com qualidade, sempre a colocar o oponente nos médios e a deixar a ferragem ao estribo, com o quarto curto, a ser o único ferro que teve um arranque pronto por parte do oponente. Foi pena ter faltado toiro a reunir, pois a lide de Telles Bastos merecia maior prontidão.
No quinto calhou-lhe um manso, que muito cedo se refugiou em tábuas e que nunca cedeu um palmo de lide. Telles Bastos esforçou-se por sacar lide ao manso e deixou a ferragem cumprindo a função.

Salgueiro da Costa recebeu um oponente de 560Kg que trouxe pouca mobilidade e tardava no arranque. Se é certo que a matéria-prima não era grande coisa, tão certo é que Salgueiro da Costa pouco fez para dar a volta ao que tinha por diante. E sem banda, nem nada que se revelasse digno de destaque, não deu volta à Palha Blanco.
No último da noite calhou-lhe o mais leve de toda a corrida. O exemplar tinha 500Kg de peso, escorrido e de péssima apresentação, e que acusou a ferragem como um manso. A lide ameaçava ficar como a sua primeira, até que ao terceiro curto, o comportamento, do até então encastado, Palha, alterou-se e passou a arrancar para a montada. Salgueiro da Costa ainda pôs 3 curtos que emocionaram as bancadas e que pisaram terrenos de compromisso.

Nas pegas abriu a noite Dinis Caeiro, pelos Amadores de Évora, numa reunião à córnea ao primeiro intento. Ricardo Sousa fechou-se à terceira tentativa, diante um exemplar que pouco, ou mesmo nada foi corrido, o que dificultou e muito o trabalho do grupo. Fechou a noite dos eborenses, João Oliveira, na córnea e ao primeiro intento.

Pelos Amadores de Vila Franca de Xira, Márcio Francisco embateu de forma rija no hastado. Reuniu na córnea e suportou uma viagem sempre em derrotes até tábuas, após furar o grupo. O Palha continuou a derrotar, tentou sacudir o mais que pôde, mas o grupo demonstrou coesão e consumou ao primeiro intento.
Após 3 tentativas falhadas de cernelha, Rui Godinho fechou-se no Palha.
Fechou a noite Ricardo Patusco, na córnea e ao primeiro intento, após o oponente tentar despejá-lo na arena.

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