Uma Sra Corrida no Cartaxo
25 de Junho de 2013 - 11:35h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 3198 |
O Cartaxo promoveu obras de melhoramento da praça, preparou uma Corrida de Gala à Antiga Portuguesa e a praça encheu-se de público, com a lotação quase esgotada.
O curro Engº Jorge de Carvalho foi de uma apresentação e comportamento dignos de uma praça de primeira. Excepção feita ao segundo da ordem, foram nobres, repetiram nas investidas e carregaram nos remates. O curro impôs também trabalho de sobra às diversas quadrilhas dos intervenientes. Quase todos os astados empregaram-se e partiram aos capotes para “comer” e mesmo quando os peões de brega tentavam dobrar os toiros na esperança de cessarem as investidas, lá vinham os toiros a repetirem.
Mas além do curro a corrida teve inúmeros motivos de interesse. As lides tiveram emoção e ritmo. Rui Salvador efectuou uma lide redonda.Os Amadores de Alenquer efectuaram cinco pegas ao primeiro intento e houve ainda o anúncio inesperado da despedida de Manuel Jorge de Oliveira das arenas.
Abriu praça Manuel Jorge de Oliveira que rubricou uma grande actuação. Recebeu um exemplar bem apresentado e que subiu de produção durante a lide. Manuel Jorge de Oliveira esteve elegante e correctíssimo na brega, seleccionou os terrenos, exímio na ferragem curta, cravou uma série de ferros ao estribo e no último da sua actuação pisou os terrenos, saindo da praça debaixo de uma chuva de aplausos. Quando iniciava a volta a arena, acercou-se do microfone e anunciou a sua despedida das lides. O público que em pé se encontrava, em pé ficou, tributando-lhe incessantes aplausos durante duas voltas à praça.
Há ainda que ressalvar que o cavaleiro goza de um enorme prestígio da afición, de cavaleiros e forcados, que nutrem por ele uma genuína admiração, demonstrada em variadíssimos momentos. O público do Cartaxo não escondeu também a sua admiração e foi consecutivamente solicitando o cavaleiro para fotografias, pequenas conversas e palavras de afecto. Manuel Jorge de Oliveira esteve sempre disponível em todos os momentos, sempre com um à vontade de uma figura nada sobranceira, sem sorrisos condescendentes nem circunstanciais. Assim se mede um Homem, que mostrou ser respeitador da afición e retribuiu cada gesto com um agradecimento espontâneo e genuíno.
Joaquim Bastinhas foi o azarado da noite com o sorteio. O exemplar que lhe calhou em sorte descaiu para tábuas e foi um manso intratável. O cavaleiro de Elvas não se ficou pelos ajustes e rubricou uma actuação cheia de garra, colocando a ferragem no manso com muito ofício.
O terceiro da noite foi um toiro bravo que repetia as investidas, partia primeiro de qualquer local do ruedo, empregava-se no ferro e carregava com pata nos remates. Rui Salvador não deixou escapar a oportunidade e rubricou a melhor actuação da noite desde o primeiro comprido. Os compridos pareceram curtos, com o cavalo de saída bem nos terrenos do oponente, de frente e ao estribo. Nos curtos, Rui Salvador manteve a fasquia dos compridos, ouviu de imediato a banda tocar, encheu a praça do Cartaxo na brega, deu a primazia de arranque nos cites e cravou de cima para baixo a ferragem. Grande noite de Rui Salvador no Cartaxo, que durante a volta a arena chamou o ganadero para o acompanhar.
Marco José começou a lide com intermitência nos compridos. O oponente estacionou nos médios, não reagia à montada e o cavaleiro teve alguma dificuldade em cravar o primeiro comprido. Nos curtos arrimou-se e partiu para uma actuação com acerto. Faltou um pouco mais de toiro para que a lide resultasse mais redonda, mas esteve ligado com o oponente, bregou com qualidade, correcto a cravar e aplicou-se nos remates.
O quinto da noite humilhou nos capotes, mostrou-se disponível para o confronto e Marcos Bastinhas também saiu do Cartaxo com um triunfo. Andou solto na brega, colocou o oponente onde quis, citou de frente e cravou a ferragem com critério. Nos curtos, aguentou a sorte junto a tábuas e colocou um emotivo ferro, que arrecadou os aplausos das bancadas. Terminou uma boa actuação com um par de bandarilhas que deixou a praça de pé.
Fechou a noite Ana Rita numa actuação emotiva com as bancadas. A praça do Cartaxo não a poupa em admiração e entrega-se à mais jovem cavaleira de alternativa desde que entra na arena. O oponente impôs dificuldades à cavaleira, que resolveu a ferragem com irreverência e inegável alegria. O melhor momento foi o violino com que terminou a lide, numa praça que muito a acarinha.
Os Amadores de Alenquer tinham o desafio de pegarem seis toiros. Aproveitaram a qualidade do curro e passaram a prova com distinção, com cinco pegas ao primeiro intento e uma à terceira tentativa. Assim, foram solistas Pedro Coelho, António Lourenço, Hugo Trindade, Jaime Mendes, Carlos Miguel e André Mata.