João Telles Jr Impôs-se na Monumental de Almeirim

A Monumental de Almeirim compôs-se como há muito não se via para a 1ª Grande Corrida Confraria Gastronómica de Almeirim. O regresso de Diego Ventura às praças lusas suscitou o interesse do público, provocou filas nas bilheteiras e compôs a casa talvez a um pouco mais de ¾ da lotação.

Com a praça quase cheia para ver Diego Ventura, a noite sorriu a outro protagonista, João Telles Jr. Surpresa neste triunfo? Só para quem não tem assistido às últimas actuações do jovem da Torrinha. Telles Jr. está um Sr. Toureiro. Prefere as batidas ao pitón contrário, adapta as lides à condição de cada oponente, cita a dar vantagens, pisa os terrenos, só larga a mão do ferro quando tem o oponente debaixo do braço e remata cada sorte com a mesma exigência com que crava cada ferro.

Quanto ao toiros, Ventura exigia Murteira Graves para o seu regresso a Portugal e a empresa Campo e Praça fez-lhe a vontade. O curro não foi  nada do que se espera quando a Galeana abandona o pasto e se entrega em praça. Não foram toiros com pata a transbordarem transmissão, mas também nunca estenderam gratuitamente a passadeira do sucesso a nenhum dos intervenientes. Foram todos, mesmo todos os seis, bem diferentes no comportamento. Em comum, nunca cederam aos ladeios e exigiram que lhes pisassem os terrenos.

Abriu praça Rui Fernandes para receber o primeiro Grave da noite. Tinha 515Kg de peso, enquerençado nos médios, com pouca vontade em perseguir a montada e sem chama nas investidas, Rui Fernandes demorou a entender-se com o oponente e os dois últimos curtos foram aqueles que melhor resultado tiveram. O quarto trazia menos peso (495Kg) e nunca se entregou de livre vontade ao confronto. Tardo e sem mobilidade, sofreu algum exagero por parte da quadrilha. Rui Fernandes citou com balancés, esteve correcto a cravar mas a lide nunca chegou a patamares de triunfo.

Diego Ventura não se conseguiu impor em Almeirim. Se o segundo da noite pediu contas no momento da sorte e perseguiu sem incomodar em demasia, o quinto foi um manso que causava dificuldades e pedia trato. As lides têm muito pouco ou quase nada para contar. Ambas são pautadas por quiebros a milhas das reses, com as batidas efectuadas ainda com os oponentes estáticos. Se no primeiro do lote ainda conseguiu aquecer o ambiente, no quinto esteve como as distâncias que deu, a milhas do triunfo e não deu volta à praça.

João Telles Jr voltou a destacar-se e está a ser um dos principais protagonistas da temporada de 2013. A continuar assim, as poucas corridas que fará esta temporada servirão que nem uma luva os propósitos de quem assina uma exclusiva. No terceiro da noite lidou o mais leve da corrida, com 490Kg de peso, disponível e encastado. A lide nem começou da melhor forma, com os compridos a pecarem pela colocação. E quando o primeiro curto não ficou, a praça exclamou preocupação. Certo é que a partir desse momento, Telles Jr pediu licença ao relógio, bregou com um à-vontade de uma figura, escolheu os terrenos com precisão, manteve o oponente fixo na montada e colocou a ferragem sem mácula.
No último da noite apanhou um exemplar nobre, que transbordava emoção, repetia a gosto, aceitava os cites e Telles Jr voltou a casar-se bem com o oponente. Irrepreensível nos compridos, foi nos curtos que levantou a praça. Enquanto o toiro assim o quis, citou de praça-a-praça para reunir nos médios ao estribo, sem nunca esquecer o remate das sortes. O quarto curto endoideceu a Monumental de Almeirim, quando após aguentar o cite a curtíssima distância, citou apenas com a mão que segurava o ferro. O oponente arrancou determinado e com a praça a suster a respiração por algo que não parecia ser de todo possível, cravou um ferro numa tangente ao estribo e agarrou em definitivo o triunfo. No final deu duas merecidas voltas à praça e era dele de quem se falava no final da corrida.

Quanto às pegas, levou a melhor o grupo de Coruche. O primeiro a ir à cara dos Graves foi Amorim Ribeiro Lopes, que teve pela frente um oponente que partia com pata e mal sentia o embate derrotava lá em cima. Fechou-se à segunda tentativa. José Peseiro consumou um pegão à primeira tentativa. Citou com toureria, efectuou a chamada e alapou-se à córnea, com o Grave a atravessar todo o grupo. Alberto Simões fechou-se de forma rija à primeira tentativa.
Pelo Aposento da Moita, José Henriques pegou ao quinto intento, a sesgo e com ajudas carregadas. Francisco Baltazar fechou-se na barbela à segunda tentativa, num oponente que pouco empurrou. Nuno Inácio fechou a corrida com um pegão à primeira tentativa, num toiro que o tentou tirar da cara durante uma enormidade de tempo, atravessou o grupo até tábuas, com Nuno Inácio a não largar o oponente.