Os dois minutos que pararam o Mundo...
08 de Agosto de 2013 - 20:15h | Crónica por: José Ferreira - Fonte: - Visto: 2534 |
Aproximada a hora, e com a temperatura a rondar os quarentas, centenas de pessoas seguiam pela avenida do rio em direcção à Praça de Toiros de El Puerto de Santa María.
Em tempos também Cristóvão Colombo andara por ali a pé, com o primeiro "Mapa Mundi" na mão, fiscalizando os abastecimentos para sua frota que o levaria ao Novo Mundo.
Depois de dobrada a esquina do Museu Osborne, mais ou menos onde o cansado Don Francisco Capela descansa a sua enferma perna, aí e diante de nós, surgia a imponente Praça de “El Puerto”, com a sua arquitectura antiga e de elevada beleza e o maior “ruedo” de Espanha. Rodeada de vendedores de “sombreros”, comidas e bebidas, podia-se escutar vindo de “un chaval” mais ou menos atrevido “ hoy que hace calor, nadie quiere água fresquita”. O que saía mais para eles e para elas, era o “Gin-Tónic” com gelo.
Dentro da praça, os tendidos regugitavam de gente ou não fora enorme o interesse pelo “mano-a-mano” entre o maestro alicantino José Marí e o endeusado maestro de La Puebla del Río Guadalquivir.
Os clássicos toiros Domecq prometiam e o público puxava pelos toureiros eclodindo palmas, mesmo antes do “passeíllo” ter começado, tal era a expectativa por esta tarde de toiros.
Morante, mais uma vez, não teve sorte com os animais e, o seu capote não brilhou como “suele acontecer”.
Havia promessas de que iria “sacar la silla”, mas isso não pôde ser e, assim se perderam mais umas quantas “cervezitas” oferecidas pelo Juan José Bénitez o dono do bar mais taurino de “El Puerto”, não sem antes trocarmos um chapéu do SLB contra dois sombreros de "paja".
Salvou-se José António com um magnifico “quite” de “chicuelinas” e verónicas, cedido por Manzanares e nunca se escutaram tantos e tão fortes “Olés”
Mas aconteceu algo inesperado e brilhante.
José Marí levou um dos Domecq ao centro da praça e enquanto a banda entoava um “passo-doble” memorável, toiro e toureiro miraram-se e fundiram-se num só por longos e demorados segundos.
O lindo e demorado solo de trompete começou a soar “de espácio” com a praça silenciada, escutando e, no final, um estrondoso “Olé” em uníssono.
José Marí e o toiro que continuaram estáticos, ouviam também eles a música. Passaram dois minutos e José Marí, brinda ao músico, e só em seguida cita o toiro, executando um baile de muleta inebriante.
Foi como se os relógios parassem durante dois longos minutos.
José Marí saiu a ombros, só faltando a seu lado o trompetista e o próprio público que graças a Deus tem “bueno gusto”, cultura taurina, sabe ver e compreender a festa.
Uma vez mais se fez jus ás palavras de Joselito El Gallo inscritas na “porta príncipe” que dizem, “Quem não viu toros en El Puerto, não sabe o que é uma tarde de toros”.