Quando a prata da casa vale ouro...
06 de Agosto de 2013 - 19:30h | Crónica por: Bruno Bettencourt - Fonte: - Visto: 2074 |
Rego Botelho,Casa Agrícola José Albino Fernandese João Gaspar, foram as três divisas que apresentaram exemplares com o intuito de vencer os prémios de Melhor Toiro e Melhor Apresentação. Rui Salvador,Luís Rouxinol e Rui Lopes perfilaram-se para a disputa do troféu de Melhor Lide. Em discussão também esteve o prémio para Melhor Pega. Para tal, saltaram a trincheira os Grupos de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT), Aposento de Turlock (GFAT) e Ramo Grande (GFARG).
O curro vinha bem apresentado na sua globalidade. A destacar o primeiro da ordem, nº87, “Despuntado” de RB (460Kg) e o quarto da ordem, nº145 “Arpado II” de JG (470Kg). Em termos de comportamento há a assinalar a prestação do quarto da ordem, já referido, e do quinto toiro, nº144 “Laranjo”de JG (460 Kg).
Rui Salvadorteve pela frente o pior e o melhor toiro da corrida. Se frente ao “Despuntado”(nº87, RB, 460Kg) desenhou uma lide de muito trabalho em que andou bem nas bregas a procurar interessar um toiro que cedo se revelou manso, no segundo do seu lote nunca conseguiu andar por cima do oponente. Um constante desentendimento com as montadas não permitiu que o cavaleiro de Tomar tivesse uma lide adequada. O “Arpado II” (nº145, JG, 470Kg) tinha boas condições de lide. Muito mais havia para se fazer. A presença de Salvador foi pautada por uma velocidade excessiva nas viagens. As sortes quase sempre resultaram aliviadas ou com toques sucessivos nas montadas. Fica a nota positiva para os dois primeiros ferros curtos cravados no seu segundo toiro. Resultou sem história a passagem deste cavaleiro por quem a afición terceirense nutre simpatia.
Luís Rouxinol lidou o seu primeiro toiro de forma regular. O “Sincero” (nº332, JAF, 540Kg) colaborou, mas tinha pouca sinceridade na investida. Era um toiro alto que derrotava por cima. Quase no final da lide o toiro mostrou-se “tocado”no membro anterior esquerdo. Ainda se ouviu o toque para recolher, mas depois o problema físico pareceu ter-se solucionado. O cavaleiro de Pegões andou diligente sem comprometer. No segundo do seu lote, Rouxinol foi lidando em crescendo. Recebeu o toiro com o “Zézito”, um dos craques da quadra, nascido precisamente na ilha Terceira. O toiro, o “Laranjo” (nº144, JG, 460Kg), mostrou-se colaborante. O cavaleiro mostrou que queria o triunfo e procurou galvanizar a assistência. Nota para o falhanço na cravagem do terceiro ferro curto que quase levou o marialva ao chão. Encerrou com um bom ferro de palmo e um par de bandarilhas que levantou as bancadas. Alguns dos erros cometidos durante a lide foram sendo tapados pelo recurso ao “truque do cavalinho”. Foram muitos os adornos desnecessários. Por vezes deu mais importância a “tourear o público”, forçando a montada a ajoelhar-se, do que propriamente a encontrar soluções de lide.
O mês de Agosto é o ponto alto da temporada taurina nacional e isso reflete-se na disponibilidade das montadas que os cavaleiros procuram enviar para os Açores. A falta de experiência e de entendimento de alguns dos cavalos das quadras de Salvador e Rouxinol foi evidente.
Rui Lopestambém mostrou que queria triunfar, não se deixando intimidar pela presença de dois grandes vultos do toureio equestre. A sua primeira lide, frente ao “Sabatinho”(nº314, JAF, 440Kg), foi traçada de forma serena e inteligente. O toiro saía para fazer mal e parava-se no momento da reunião. Lopes esteve bem nas bregas e foi mostrando entendimento em relação às dificuldades que tinha pela frente. Após duas passagens em falso, cravou um grande ferro curto a abrir a segunda parte da lide. Foi tapando os defeitos do oponente, mudou-lhe a posição e foi cravando sempre em terrenos de compromisso. Rubricou uma boa lide. Na sua segunda saída à arena, mostrou novamente que não queria ir para casa de mãos a abanar. Mandou recolher a quadrilha e esperou o toiro no centro da arena. Após uma primeira brega correcta, o “Candiante” (nº5, RB, 500Kg), que vinha com muita pata, foi direito à montada colhendo-a de forma violenta. O cavaleiro conseguiu controlar o cavalo e apesar da insistência do toiro, não houve queda. Após o percalço, o ginete da Ribeirinha demonstrou serenidade, pelo menos aparente. Lidou um oponente que se adiantava de sobremaneira aquando das reuniões, não conseguindo evitar os toques na montada.
O GFATTT abriu praça, no que às pegas diz respeito.José Vicente fechou-se na cara do toiro com uma técnica irrepreensível, ao primeiro intento. O quarto da ordem foi pegado à segunda tentativa por João Ângelo que realizou uma boa pega. Na primeira tentativa saiu da cara em resultado dos derrotes sofridos.
O GFAT deslocou-se à ilha Terceira para uma actuação que resultou pouco feliz. Júnior Machado pegou o segundo da tarde à terceira tentativa. Após ter sofrido duros derrotes por alto, em que o toiro foi varrendo o grupo, e após algum desacerto na colocação do hastado, o grupo lá resolveu. Nota negativa para o facto de estarem cerca de quinze forcados a ajudar na consumação da pega, incluindo 3 membros de outro grupo em competição. Há toiros que não é possível pegar, mas a partir do momento que um grupo decide consumar, serão oito e apenas oito os homens que o deverão fazer. De outra forma não! Darren Mountain pegou o quinto toiro da corrida ao primeiro intento. A pega resultou sem brilho muito por culpa do primeiro ajuda, e restante grupo, que de forma inexplicada foram encurtando as distâncias à medida que o forcado da cara ia chamando o toiro. Quando o toiro se encaminhou para o forcado, já este tinha todo o grupo em cima das costas.
Luís Valadãodo GFARG pegou à segunda, o terceiro da ordem, numa boa pega. A consumação da pega à primeira não aconteceu por mera falta de confiança do homem da cara. Manuel Pires fechou a corrida com uma rija pega à segunda. Aguentou-se com valentia e suportou uma longa viagem em que o toiro trouxe sempre a cabeça por baixo, arrastando-o e fugindo ao grupo
Abrilhantou a corrida a banda Filarmónica da Sociedade Progresso Lajense.
A dirigir esteve Carlos João Ávila assessorado pelo Dr. José Paulo Lima. Nota final para a disparidade de critérios utilizados para a atribuição de música durante as lides.
O júri deliberou:
Melhor Toiro: “Arpado II”, nº145, Ganadaria de João Gaspar, quarto da ordem
Melhor Apresentação: “Arpado II”, nº145, Ganadaria de João Gaspar, quarto da ordem
Melhor Lide a Cavalo: Rui Lopes, pela lide efectuada ao terceiro da ordem
Melhor pega: Manuel Pires, GFARG, pela pega efectuada ao sexto da ordem