Manuel Dias Gomes corta rabo em Las Virtudes
27 de Abril de 2013 - 23:19h | Crónica por: Sérgio Lavado - Fonte: - Visto: 2040 |
Entrar na praça de toiros de Las Virtudes é como retroceder três séculos no tempo. Um verdadeiro monumento, uma obra de arte da arquitetura, um cenário que nos remete para os tempos antigos, para a tauromaquia de “anónimos”, para os inícios da festa brava. Muito pedra, muita madeira e muita beleza. Pouco cimento, pouco plástico e pouca tecnologia. Construções de outros tempos, de outra festa, de outra afición e de outra sociedade. Um autêntico luxo poder-se continuar a assistir a corridas de toiros numa praça assim! Mas passemos aos toiros…
Novilhos de Cebado Gago, exceto o primeiro, bem apresentados. Com cara, trapio e presença. Nobres mas sem força o primeiro e o terceiro, com qualidade mas exigentes o segundo e o quinto, manso e com querenças o sexto, de volta ao ruedo o quarto. De luces Manuel Dias Gomes, Emilio Huertas e Martin Campanario, que substituiu Juan Viriato.
O grande triunfador da tarde foi Manuel Dias Gomes, que uma vez mais deu provas de que tem valor, técnica e arte. O triunfo chegou com o quarto da tarde, um novilho que foi de volta ao reudo. De nome Grandioso, também de comportamento assim o foi, grandioso. Um novilho com muito som, transmissão, fijeza, agressividade, com galope alegre e com fundo. Com tal “Grandioso” por diante, Manuel não teve mais remédio que ser também ele grandioso. Recebeu-o com excelentes verónicas, templadas, suaves e ajustadas que arrancaram das bancadas a primeira ovação. O público já estava com ele! Levou-o ao cavalo por “chicuelinas al paso” e nova ovação.
Enorme expectação. Havia emoção no reudo e agitação nas bancadas. Agarra a muleta, vai-se aos médios, cita de largo, o novilho arranca-se e… começa o desbarato! Uma faena com “F” maiúsculo, desenhada no centro da arena, com o novilho a transmitir uma barbaridade e Manuel a calcular perfeitamente os tempos e as distancias. Toureou-o na perfeição, sobretudo pelo lado direito, por onde desenhou muletazos de enorme profundidade e estética. Tanda após tanda a faena foi subindo de tom, a afición de Las Virtudes estava completamente metida na faena e Manuel quando se apercebeu que se estava a acabar o gás ao novilho apanhou a espada e introduziu-a até à empunhadura. A praça enche-se de lenços brancos. Duas orelhas e rabo! Mas mais importante que os troféus foi ter ganho o reconhecimento de muitos aficionados. Para Grandioso volta ao ruedo.
Do resto da novilhada pouco houve para mais tarde recordar. Ante o seu primeiro, Manuel esteve em bom plano mas o novilho não lhe permitiu grande luzimento. Estoqueou à terceira. Ovação. Emilio Huerta, a jogar em casa, defraudou a sua afición, estando inferior aos novilhos que sorteou. Destaque apenas para a sua grande estocada frente ao quinto do encerro. Cortou uma orelha a cada oponente. E por fim, Martin Campanario, frente ao primeiro elaborou uma faena escassa de emoção que culminou com uma boa estocada. Orelha. E frente ao sexto não teve quaisquer possibilidades. Silêncio.