Amadores do Aposento da Moita Mandaram na Terceira da Feira

A uma hora mais convidativa foi à terceira da feira de 2012, que a Moita compôs-se com mais de meia casa, mas ainda não foi desta que as bancadas tiveram direito a doses permanentes de emoção. Raios partam os Murubes que injectam carradas de comodidade às lides e retiram outras tantas de transmissão.

E assim foi o curro Passanha, que com pesos compreendidos entre os 570Kg e os 625Kg, foram de apresentação qb e transmitiram pouco com uma mobilidade troteada.

O Aposento da Moita regressou a casa para uma actuação em solitário e com uma grande carga de emotividade. Nuno Carvalho esteve presente em cada pega e no olhar dos espectadores do tauródromo Moitense. E foi o Aposento da Moita quem mais se destacou nesta corrida. Os ajudas deram vantagens aos forcados da cara, estes citaram num absoluto silêncio, rasgado pelo canto das cigarras que povoavam alguns sectores da praça.

Nuno Inácio foi para a cara do primeiro da noite e à segunda fechou-se à córnea com o grupo a consumar.

José Henriques citou com toreria e classe, mediu cada passo, carregou a sorte, fechou-se à córnea e o oponente tentou despejá-lo na arena. Teve braços para não mais sair, até ao grupo aparecer e fechar uma brilhante pega à primeira tentativa, que deixou Nuno Inácio muito mal tratado.

Netin Wen fechou-se ao segundo intento à barbela. O oponente desviou-se na viagem e com coesão e prontião, o grupo apareceu para consumar.

José Maria Bettencourt esteve enorme reunindo à barbela sob o piton esquerdo, foi bem lá a cima e suportou com galhardia os derrotes do oponente, até o grupo aparecer com a prontidão que se lhes reconhecesse para fecharem à primeira tentativa.

Francisco Baltazar fechou-se à córnea e com a cara alta suportou a violência do Passanha, tendo alma e braços até surgir o grupo, que resolveu ao primeiro intento.

Fechou a corrida Tiago Ribeiro que esteve estóico na primeira tentativa. Citou com alma já as cigarras dormiam. Fechou-se à córnea e teve braços e mais braços para se fixar sem se perceber muito bem como conseguia tamanho feito. Só, enfrentou e aguentou derrotes e mais derrotes, numa viagem sempre a fugir com pata ao grupo. Bem sei que são um grupo de excepção, mas justificava-se a entrada em praça de elementos do grupo, para tentarem resolver uma viagem que andava em terrenos de ninguém e que se desmoronou, tanta que foi a vontade do Passanha em o retirar. Bravo cabo, que resolveu ao terceiro intento.

Luís Rouxinol foi o cavaleiro com mais acerto na noite da terceira da Moita. No primeiro teve por diante um Passanha nobre, com fijeza e sem transmissão. Correcto na ferragem comprida à tira, só no par de bandarilhas imprimiu emoção à lide e com a sorte a resultar vibrante. Ainda colocou novo par no oponente, recebendo ovação na saída.
No quarto enfrentou um astado que se tapava e resguardava, mas o cavaleiro de Pegões esteve ligado, imprimiu ritmo e pisou-lhe os terrenos para cravar a ferragem nos médios, com a cara do Passanha lá bem no alto.

O segundo da noite foi um manso encastado. Rui Fernandes lidou num silêncio de praça até ao segundo curto onde ajustou a batida ao piton contrário e cravou com condição. Deliciou as bancadas com balancés frente a um oponente que se queria esgueirar à primeira oportunidade e cravou nos médios a restante ferragem, até ao palmo com que terminou uma actuação sólida, mas sem chegar a romper.
No quinto da corrida calhou-lhe em sorte um manso, que investia com som nos capotes e que se enquerençou nos médios. Levou negas sucessivas da montada que causaram incómodo ao público e tiraram lustre à garra evidenciada. Regressou com nova montada para tentar devolver algum brilho à lide, nem sempre com ortodoxia nas reuniões.

Miguel Moura enfrentou o exemplar mais leve da corrida. Com velocidade a mais deixou de forma irregular a ferragem curta, dando praça a um oponente muito reservado que pedia sortes mais cingidas. No quinto ferro tinha a saída tapada e o risco valeu-lhe um empurrão.
No último da noite voltou a pecar na velocidade. Foi o Passanha mais pesado de toda a corrida e aquele que tinha melhor lide, e que apesar de não acudir aos cites, era nobre. A inexperiência do benjamim Moura valeu-lhe toques e ferros falhados, numa actuação sem chama.