No Sobral de Monte Agraço Houve Toiros, Toureiros e Forcados
11 de Setembro de 2012 - 14:58h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 3442 |
É um lugar-comum referir que na actualidade os cavaleiros mais novos não dispõem de argumentos para competir em cartel e no número de público com os cavaleiros de duas e três décadas de alternativa. Não foi isso que aconteceu no Sobral de Monte Agraço, pois João Telles Jr e Salgueiro da Costa competiram taco-a-taco com Luís Rouxinol pelo triunfo. Irreverentes, assinalaram mais do que uma simples presença em cartel, marcando posição e dando provas que o futuro embora não adquirido, estará assegurado.
O Sobral de Monte Agraço teve uma casa cheia e assistiu a uma boa corrida de toiros numa tarde solarenga, com os melhores desempenhos dos três intervenientes a estarem guardados para a segunda parte.
O curro enviado pela ganadaria São Torcato esteve excelente em apresentação e no comportamento, pedindo contas e impondo dificuldades várias aos intervenientes, com a terna de cavaleiros a primar pela provocação das investidas, pelo ritmo e pelo critério nas cravagens.
Luís Rouxinol abriu praça e iniciou uma lide algo desacertada nos compridos. Com cites terra-a-terra e abordagens de frente, ligou nos curtos uma actuação plena de ritmo, frente a um oponente áspero e de reunião bem no alto. Terminou com um palmo.
No quarto da tarde saiu-lhe um exemplar reservado, tentou dar-lhe a primazia do arranque nem sempre aceite, esteve por cima do oponente variando as sortes e rematando-as com condição. No par de bandarilhas e no palmo com que terminou, o oponente aceitou arrancar primeiro, extraindo mais emoção e impondo uma boa actuação.
João Telles Jr recebeu o segundo da tarde e desenvolveu uma lide de cravagens irregulares, quer nos compridos quer nos curtos. Teve o mérito de ligar o oponente na brega, convidar o arranque e de não maçar o público com tempos mortos.
No quinto da tarde João Telles Jr sobressaiu. Recebeu um exemplar que reservou forças de saída, mas que veio a mais durante a lide, tal como o cavaleiro, que com batidas ao piton contrário, foi intensificando os aplausos da praça, que rebentaram de decibéis ao quinto curto colocado de cima para baixo e no violino com que terminou a sua presença no Sobral de Monte Agraço.
Salgueiro da Costa foi o cavaleiro mais regular da tarde. É notória a evolução do sentido de lide que este cavaleiro vem desenvolvendo, praticando um toureio frontal e sem se furtar a correr os riscos inerentes de sábia opção. O terceiro São Torcato da tarde foi nobre, respondia ao cite e o terceiro curto foi uma sorte cingida com emoção e ao estribo que levantou praça, praça que pediu mais ferros recusados por Salgueiro da Costa, pois o comportamento da rês já denotava vir a menos.
Fechou a corrida frente a um castanho que perseguia com codicia, mirava com respeito e investia para colher. Salgueiro da Costa não se intimidou com a condição do oponente e realizou nova lide ligada, com sortes de maior transmissão, cravagens correctas e vibrantes, vindo a sofrer um aparatoso empurrão contra tábuas.
Pelos Amadores de Lisboa, o cabo José Maria Gomes foi o primeiro da tarde a enfrentar um São Torcato. Reuniu de forma rija e à córnea, ficando sobreposto após os primeiro derrotes na cara do oponente, sempre sem perder a alma nem os braços, com o grupo a fechar ao primeiro intento.
Bernardo Patinhas fechou-se à terceira tentativa com as ajudas carregadas.
Pedro Miranda embateu suave à primeira tentativa, reunindo à córnea numa viagem franca até ao grupo.
Pelos Amadores de Coruche, Luís Gonçalves fechou-se ao segundo intento e à córnea, numa viagem dura e a sacudir até ao grupo.
João Peseiro embateu rijo no São Torcato, acoplado e fechado à córnea viajou a direito até ao grupo.
José Tomás fechou a tarde à primeira e reuniu à córnea numa viagem sem sobressaltos.