Tarde Agradável em Salvaterra
26 de Março de 2012 - 18:56h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 2320 |
Numa tarde de calor e após a mudança de hora primaveril, Salvaterra de Magos abriu as portas à temporada taurina com a tradicional Corrida do Tomate e com uma nova gestão empresarial da praça, que se preocupou à entrada em fornecer um pequeno livro com a informação sobre todos os intervenientes, incluindo as fotografias dos exemplares a serem lidados.
Um cartel atractivo e bem montado, aliado ao bom tempo que se fazia sentir, provocou a que a um quarto de hora do início da corrida, existissem extensas filas nas bilheteiras, com as bancadas a registarem uma assistência que ultrapassou a meia casa, talvez perto de uns generosos 3/4 de praça.
Os exemplares da ganadaria Canas Vigouroux estavam bem apresentados, com pelagens várias e careceram de um pouco mais de transmissão.
António Ribeiro Telles iniciou a campanha de 2012, com uma tarde que promete uma temporada consistente e de excelente toureio, muito por culpa da segunda lide que efectuou. Na primeira, recebeu à porta gaiola um exemplar jabonero de capa, com 500Kg de peso, de carácter reservado e sem iniciativa de arranque para as sortes. Nos compridos, o cavaleiro da Torrinha pecou na colocação de um dos três ferros e nos curtos, os defeitos do toiro acentuaram-se, impedindo o triunfo, apesar de todos os esforços.
No segundo de seu lote, brindou a lide à cavaleira Ana Batista e recebeu um oponente negro e com 525 Kg de peso, que tinha som na investida, tendo sido o exemplar com o melhor comportamento de todos os que saíram em praça. António Telles sacou o máximo rendimento ao seu oponente, desenvolvendo uma lide limpa, de uma brega exemplar, com quiebros em terrenos de compromisso e com a banda a iniciar funções logo no primeiro curto. O rendimento do toiro, que já era bom, melhorou com o decorrer da lide e o cavaleiro da Torrinha colocou no seu primeiro ferro de palmo, perante um toiro fixo e que arrancou a mando e com pata, o seu melhor ferro, ao estribo e sem defeitos. Grande lide de António Ribeiro Telles, que chamou Pedro Canas Vigouroux para agradecer no centro do ruedo, no final de uma lide que justamente arrecadou o prémio em disputa.
Ana Batista apresentou-se em casa numa tarde emotiva, com a homenagem que decorreu durante o intervalo da corrida ao seu pai João Batista. O primeiro oponente apesar de não impor grande velocidade era voluntarioso, negro e com 520Kg de peso. A cavaleira de Salvaterra apresentou-se nitidamente rodada pela campanha Mexicana, desenvolvendo uma lide agradável, de brega na garupa, isenta de qualquer toque e com as sortes desenhadas em espaços reduzidos. Durante a volta, foi bombardeada por ramos de flores, pelo afecto e pelo reconhecimento de uma praça que muito a acarinha.
No seu segundo, um exemplar de 510Kg, a história alterou-se. Ana Batista teve dificuldades no cálculo dos tempos das sortes, perante um oponente que arrancava apenas quando já a montada passava por si, e assim, a maioria da ferragem foi colocada a cilhas passadas. Destaque para o quarto curto, onde reduziu as distâncias e no tempo exacto colocou o seu melhor ferro de cima para baixo.
Pedo Salvador desenvolveu uma lide de muito trabalho perante um negro de 470Kg, que por ser algo distraído, lhe dificultou a vida por não fixar-se na montada. Como se não bastasse, o oponente demorava uma eternidade a arrancar, o que provocou que a maioria das sortes resultassem pescadas, ficando todo o protagonismo no labor do toureiro, que nunca se rendeu às características do oponente.
O seu segundo tinha 540Kg de peso, jabonero, entrou em praça cheio de vontade e por muito pouco não saltou para a trincheira no seu primeiro encontro com as tábuas. Logo de seguida perseguiu o cavaleiro de Marinhais com codícia mas cedo perdeu o voluntarismo que evidenciava. A lide não tinha ritmo e tudo indicava que seria uma tarde não para Pedro Salvador. É então que numa passagem pelo toiro, e num derrote oportuno, este rouba o 2º ferro curto das mãos do cavaleiro. A partir daqui tudo mudou de figura, o toureiro encheu-se de raça, trocou de montada, mostrava-se no cite, mandava no arranque do oponente, e com batidas ao piton contrário em terrenos de muito compromisso, colocou a ferragem que levantou praça (em especial no último ferro extra a pedido). As bancadas protestaram a ausência de música, perante uma lide que esteve quase a desmoronar-se em nada e que cresceu para um patamar de grande qualidade.
O Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira executou três pegas à primeira tentativa, com o grupo a demonstrar coesão.
Pelos Amadores de Salvaterra de Magos, duas pegas à primeira e uma à segunda tentativa, com o grupo nas duas últimas pegas a revelar dificuldades em consumar. A última pega da tarde do grupo foi um pegão, com o toiro a arrancar a mando, batendo de forma rija no forcado, empurrando numa viagem dura para o grupo, que em dificuldades deixou o forcado da cara só e a revelar ter braços para aguentar tudo. Levou o prémio em disputa para a melhor pega.