Um Frio Escalabitano
19 de Março de 2012 - 11:11h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 4577 |
Santarém recebeu sob um frio inquietante e 1/4 das bancadas com público, a corrida de toiros de inauguração da temporada de 2012, que teve quase três horas de duração e emoção alguma.
O cartaz em nada enganou quanto às reses, anunciando seis bonitos toiros de José Luís Vasconcelos e Souza D’Andrade, que com pesos compreendidos entre os 455Kg e os 580Kg, cumpriram o anunciado quanto à apresentação, deixando a bravura algures entre o pasto e a porta dos curros, atirando o anúncio de fabulosa corrida de toiros para outra adjectivação não tanto magnânime.
Durante as cortesias, cumpriu-se um minuto de silêncio em memória do ganadeiro António Lampreia.
Manuel Lupi não teve uma tarde que deixe recordações para quem assistiu. No primeiro da ordem, perante um exemplar parco de forças, com “fijeza”, negro e detentor de 460Kg de peso, o cavaleiro da Barroca D’Alva andou esforçado, numa lide que se resumiu a remates elegantes, com mais cavaleiro do que toiro, que sem força nem vontade a reunir, impediu qualquer possibilidade de triunfo.
No segundo, Lupi recebeu um manso, negro, sem mobilidade e com 525Kg de peso. A lide resultou num festival de ferros falhados e de passagens em falso, perante um oponente que investiu somente à garupa da montada.
João Telles Jr teve por diante o toiro mais pesado de toda a corrida com 580Kg, um negro, manso e que arreava as mãos a reunir. Falhou o terceiro comprido e trocou de montada para os curtos, numa lide em que cravou sempre com batidas ao piton contrário, em distâncias reduzidas, sofrendo um empurrão que quase o desmontava no final de uma lide sem história.
O seu segundo tinha 455Kg de peso (o menos pesado de todos os que saíram em praça), e nenhuma transmissão. Por entre variadissimos toques e empurrões, o cavaleiro da Torrinha desenhou uma lide que foi crescendo com o passar da mesma, muito por culpa de incitar as gélidas bancadas, após cada moroso adorno que antecedeu cada ferro. Terminou uma longa lide com dois violinos a pedido do público, que se levantou vibrante com as sortes.
Salgueiro da Costa teve uma tarde com um desempenho irregular nas duas lides. Na primeira, recebeu um bragado de 500Kg de peso e feio de córnea, que entrou em praça pela esquerda e que perseguiu com codícia o cavaleiro praticante. Sem nunca trocar de montada, Salgueiro da Costa desenhou uma lide com ferros de praça a praça que conquistaram as bancadas, destacando-se o seu quarto curto em que abriu o quarteio no tempo exacto, colocando-o com distinção.
O seu segundo era um manso de 530Kg, com crença no perímetro da porta dos sustos, local de onde jamais deveria ter saído. A lide resultou em três curtos, sem nada de significativo a assinalar.
Os Amadores de Santarém enviaram João Torres para a cara do primeiro da corrida. Pegou à primeira tentativa, com uma reunião à barbela e com uma viajem sem precalços.
João Gois efectuou um “pegão” à primeira tentativa, com o toiro a arrancar a mando, num embate rijo e seguido de violentíssimos derrotes, que atravessaram o grupo numa viajem dura, com o forcado da cara a ter braços para suportar tudo.
João Brito fechou as contas para o grupo escalabitano com uma pega à primeira tentativa, sem complicações de assinalar e como o grupo a revelar-se, como sempre, coeso e pronto.
Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, João Pedro Tavares enfrentou o oponente mais complicado a reunir, que levantou as mãos durante toda a lide e que não modificou o comportamento perante o forcado. Assim, pegou à terceira tentativa com as ajudas carregadas.
Francisco Borges brindou ao cabo dos Amadores de Santarém, Diogo Sepúlveda, num bonito cite em que mandou no toiro, partindo cheio de pata, batendo com violência, empurrando com derrotes Francisco Borges até tábuas, onde o grupo apareceu e consumou o “pegão”.
Frederico Caldeira fechou a corrida com uma pega à segunda tentativa, numa reunião sem humilhar, que tornou o embate violento e um primeiro ajuda imprescindível para o sucesso da pega.