"Toiros cada vez mais brutos" para Luís Rouxinol, o Irredutível!
28 de Maio de 2012 - 20:39h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 6224 |
A Corrida de Exaltação ao Moço de Forcado, segundo festejo da Feira de Maio da Moita 2012 e uma das três corridas a acontecer em simultâneo, registou uma meia casa nas renovadas bancadas da Daniel do Nascimento, que assistiu a uma boa tarde de toiros, numa corrida que teve ritmo, bons momentos de toureio e um Luís Rouxinol que continua irredutível para a concorrência nesta temporada, somando sólidos triunfos consecutivos, com ferros de risco e outros de antologia, imprimindo uma competição séria e destemida. E que bem que sabe ver competição em praça. Rouxinol subiu tanto mas tanto a bitola (no Campo Pequeno, em Vila Franca e agora na Moita), que em futuros festejos, aquele que não se arrimar e que não queira competir, arrisca-se a estar presente apenas para encher cartel.
Tarde dura e valente para os dois grupos de forcados, que enfrentaram um curro Murteira Grave, negros de capa e que aparentou ter mais peso do que o anunciado. Como se não bastasse, o piso da praça, principalmente no centro do ruedo encontrava-se demasiado pesado e solto, tantas foram as vezes que ao recuarem os forcados da cara e os ajudas, foram caindo na arena desamparados por sucessivos tropeções.
António Telles recebeu o primeiro do seu lote que apresentava 530Kg de peso. O cavaleiro da Torrinha andou sempre ligado com o desinteressado oponente, numa brega de mestria, fixando o astado e preparando com excelência as sortes. O primeiro e o terceiro curtos têm a sua inconfundível assinatura e deu o mote para a corrida. Durante a troca de montadas, o bandarilheiro António Bastos efectuou um trabalho notável ao segurar o toiro, com o mínimo de capotazos (apenas um), e quando se deu o regresso do cavaleiro, os que deu não obrigaram o oponente a esforços desnecessários.
O segundo tinha 550Kg de peso, muito reservado e nunca quis reunir. António Telles empregou-se a fundo para dar a volta ao oponente, o que lhe valeu um ferro falhado e um toque no terceiro curto. Sem nunca se furtar ao combate, o cavaleiro da Torrinha conseguiu extrair finalmente os proveitos de todo o labor nos seus dois últimos ferros.
Rui Salvador foi quem teve mais azar com o lote. O primeiro, um bonito toiro de formas bem definidas com 550Kg, apresentou-se com fijeza mas com pouca mobilidade. O cavaleiro de Tomar esteve sempre por cima do oponente, mostrando-se no cite e dando-lhe toda a iniciativa. Só que o Grave nunca aceitou o desafio, foi perdendo cada vez mais a pouca mobilidade que trazia, complicando a vida ao cavaleiro. O seu último ferro é magnífico, entrando pelos terrenos a dentro e colocado de cima para baixo.
O segundo de Rui Salvador, era andarilho e tinha 540Kg de peso. Foi dura a lide, com o oponente sempre cortar caminho com maldade, com as sortes a resultarem aliviadas e emendadas perante as características do oponente.
Luís Rouxinol está a desafiar a crise e quer obrigar os aficionados a romarias para o verem actuar desde Albufeira até Vinhais. É certo que teve o melhor lote mas tirou proveito do mesmo. Pôs ainda mais picante nas lides e rubricou duas grandes actuações. Foi a resposta ao rejoneio, com emoção e muita arte com “toiros cada vez mais brutos”. Na primeira, um bragado meano com 570Kg de peso que perseguia a montada a gosto e de rabo arqueado, fez a banda soar logo ao terceiro comprido. Sem tempos mortos na lide e apesar do oponente encurtar caminho, o cavaleiro de Pegões andou sempre correcto nas distâncias, de brega templada na garupa, mostrando-se no cite, abrindo o quarteio no momento exacto, cravando a ferragem sem defeitos e arrancando os aplausos mais ruidosos até então.
No segundo, Rouxinol surgiu como que insatisfeito com o sucesso, ordenou a saída da quadrilha, viu o oponente de 550Kg de peso parar na porta dos sustos, fitando o cavaleiro, para arrancar com pata para uma espectacular sorte de gaiola junto ao sector 1. As bancadas aplaudiam fervorosamente a sorte, ainda o cavaleiro dava três voltas à arena, sempre com o oponente a grande velocidade no seu encalço. A verdade na lide foi uma constante e quando Rouxinol se preparava para abandonar a praça, a mesma exigiu o par de bandarilhas em falta, que resultou espectacular e ao estribo, deixando a Daniel do Nascimento louca e exigindo novo ferro em uníssono. Terminou uma grande actuação com um ferro de palmo e na volta à arena foi buscar o ganadeiro para o acompanhar.
A tarde adivinhava-se dura para a forcadagem e Ricardo Dias pelos Amadores de Coruche foi para a cara do primeiro Grave, que levantava as mãos a reunir e complicou o sucesso da pega. Foi dobrado por Luís Gonçalves que à terceira tentativa reuniu à córnea e suportou os violentos derrotes.
Alberto Simões efectuou um bonito e silencioso cite, sem alaridos e com a praça a corresponder. Pegou ao segundo intento, com o toiro a partir a mando, reunido à córnea, com o astado a humilhar uma barbaridade e com o grupo a consumar.
José Peseiro ajeitou o barrete e viu o Grave virar-se e arrancar de imediato. Reuniu à barbela num embate rijo e com o grupo a fechar a pega à primeira tentativa.
Os Amadores do Aposento da Moita enviaram José Henriques para a cara do segundo da corrida. O toiro arrancou a medir para uma reunião à córnea, numa viagem a direito para o grupo, que consumou de imediato ao primeiro intento.
José Maria Bettencourt realizou também ele uma pega à primeira. O toiro partiu pronto e acoplou-se de forma perfeita, numa barbela rija e magnífica, com o grupo a demonstrar coesão e a resolver sem problemas de maior.
Fechou a corrida o cabo Tiago Ribeiro à quarta tentativa, com as ajudas muito carregadas, perante um oponente que desviava a cara a reunir, dificultando muito a vida do grupo.