Em Alcácer do Sal, a Tarde foi de João Moura Caetano e dos Amadores de Alcochete
25 de Junho de 2012 - 18:23h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 5382 |
Em plena época de campeonato europeu de futebol, uma mão cheia de corridas deu as boas vindas no primeiro Domingo de verão, com Alcácer a registar uma meia casa forte que enfrentou o calor abrasador da nova estação.
O público foi atraído pelo cartaz que anunciava um “Duelo de Titãs” entre três cavaleiros. Confusão? Nada disso! Se um duelo é um confronto entre dois intervenientes e existiam três no cartel, ou um deles não é titã e só restava saber qual, ou então eram os dois grupos de forcados os titãs e estava errada a localização do slogan no cartaz. Fui mais para a segunda hipótese.
Ao adquirir bilhete reparei que nenhuma destas seria a correcta, pois no seu castelhano impresso, indicava tratar-se de um “Duelo de Titas”. Ora, a tradução de um duelo de titas para português, é qualquer coisa como um Duelo de Gotículas. Aí sim, fiquei confuso! Bem, como ainda não li o novo acordo ortográfico, tenho de rapidamente o fazer, pois começo a sentir-me prejudicado pela minha propositada preguiça.
O curro Cunhal Patrício foi equilibrado em peso e variado na apresentação, com o quarto a parecer ser de uma linhagem diferente dos demais. Quanto ao comportamento ficou aquém do esperado, onde sobressaíram o quinto pelo bom jogo que deu (apesar de nunca humilhar) e pelo sexto que revelou transmissão nos compridos e nos primeiros curtos, mas que foi a menos no decorrer da lide.
João Moura abriu praça e tantos foram os capotazos dados ao oponente que nem se chegou a perceber o que lhe calhou em sorte. Assim que o astado entrou em praça, levou quase duas dezenas de lances e toca a correr para a montada debaixo de trinta e muitos graus. Um ferro comprido e mais meia-dúzia de capotazos. Outro ferro e outra dose. Muda de montada e no entretanto mais uns quantos quites no oponente. Cada custoso ferro colocado, mais uma inconsequente série era aplicada. No final abriu os braços queixando-se da matéria-prima.
No segundo diminuiu a dose de capotes mas calhou-lhe um manso, sem mobilidade e que premeditava em largas doses, exigindo que lhe pisassem e bem os terrenos. A lide desenvolveu-se com quiebros a milhas de distância do oponente, citando com os ferros quase na horizontal e colocando a cilhas passadas. Conseguiu nos últimos ferros dar qualquer coisa mais, entrando mais toiro a dentro, mas tarde demais para que triunfo obtivesse. No final quase que dava duas voltas à praça, aproveitando a boleia do pegão de Nuno Santana e do primeiro ajuda Fernando Correia dos Amadores de Alcochete.
Rui Fernandes cravou no primeiro da ordem um excelente terceiro ferro comprido, de alto-a-baixo e com o oponente a arrancar recto e pronto para a montada. Nos curtos cravou com sortes aliviadas, desenhadas por quiebros que empolgavam as bancadas. Prolongou a lide com dois curtos a pedido, deixando-se levar desnecessariamente pela exaltação do público.
No segundo, recebeu um negro bragado que ficava na zona dos tércios. A brega esteve em elevadíssimo destaque, preparando as sortes, fixando o oponente e colocando um magnífico primeiro curto, em terrenos de compromisso e dobrando no piton. A partir daqui bastou-lhe expor o seu manancial de adornos e piruetas para conquistar a meia casa presente na praça João Branco Núncio.
João Moura Caetano enfrentou um oponente que surgiu com pata para os compridos mas que perdeu todo o voluntarismo nos curtos. A lide arrastou-se no tempo com um total de quatro curtos cravados, por entre ferros pescados e com o segundo tendo sido falhado quando se preparava para colocá-lo como se de uma lança este se tratasse.
No segundo recebeu o melhor exemplar de toda a corrida, efectuou a melhor actuação da tarde, fazendo a banda soar logo ao segundo comprido. E que ferro! Com o toiro a partir de praça-a-praça, com o cavaleiro a aguentar a sorte e a cravar de cima para baixo. Repetiu a mesma sorte no comprido seguinte, resultando mais aliviada. O toiro manteve o comportamento até ao primeiro curto, onde cravou outro ferro tão bom quanto o segundo comprido. Nos seguintes, o oponente foi a menos e exigiu o encurtamento das distâncias. João Moura Caetano atendeu ao pedido, colocou o segundo a sesgo, junto a tábuas e dobrando-se no piton. Terminou a lide como começou, cravando de cima para baixo. Pena que não tenha efectuado remates ao toiro preparando logo a sorte seguinte, enquanto teve toiro para isso. Contudo, é dele a melhor lide da corrida, aquela que teve mais emoção, transmissão e verdade.
Na forcadagem os Amadores de Lisboa tiveram uma tarde dura e com dificuldades. Efectuaram três pegas à terceira, com os forcados da cara Miguel Nunes, Daniel Batalha e Pedro Miranda, que dobrou Bernardo Patinhas que caiu desamparado com a nuca na arena, ficando imóvel e transportado para o hospital.
Pelos Amadores de Alcochete, Ruben Duarte viu o toiro partir com pata, reunindo à córnea e com uma excelente primeira ajuda a fixar a reunião até ao grupo que consumou à primeira tentativa.
Nuno Santana efectuou a pega da tarde, com o toiro a premeditar uma barbaridade até partir com pata, reunindo à córnea e com o primeiro ajuda Fernando Correia a ser precioso e fundamental, com um piton no peito durante uma viagem que fugiu a todo o grupo, por entre imensos derrotes, grupo que apareceu para consumar também ao primeiro intento.
Fechou a corrida o cabo do grupo Vasco Pinto, com uma pega à segunda tentativa, reunindo de forma rija e bem audível à córnea, com o grupo a fechar a pega de forma coesa.