Grande Noite de Toiros nas Caldas da Rainha
31 de Julho de 2012 - 23:10h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 2665 |
Numa noite fria de Verão, a praça das Caldas da Rainha homenageou D. Francisco de Mascarenhas numa corrida televisionada, sem que isso evitasse encher o tauródromo Caldense.
O curro Vinhas esteve no geral bem apresentado e no comportamento foi nobre, encastado e duro nas investidas.
Há um trio de cavaleiros que se destacou dos seus alternantes, são eles Marco José, Manuel Telles Bastos e Marcos Bastinhas, e todos por razões diferentes. Também Tomás Pinto apareceu na primeira corrida da temporada em bom plano, mas não no mesmo patamar do trio anteriormente citado.
Marco José surpreendeu tudo e todos com uma actuação de encher o olho. É um dos triunfadores da noite e saiu moralizado para reclamar mais e melhores cartéis, quando a partir do primeiro curto entendeu-se com o mansote oponente, deu-lhe a volta, citando de frente, cravando ao estribo e rematando com condição.
António Brito Paes estava a realizar uma boa actuação nos compridos do segundo Vinhas da noite, com cites de praça-a-praça e a aguentar o momento da sorte. Quando apareceu para os curtos foi brutalmente colhido e tudo parecia ter-se desmoronado com tal queda. O certo é que a colhida lhe garantiu o apoio incondicional das bancadas, sem nunca a lide ter igualado o patamar que rubricou na ferragem comprida.
Manuel Telles Bastos rubricou a melhor actuação que lhe vi esta temporada e é outro dos triunfadores da noite. A elegância com que monta e com que toureia a uma mão, são já atributos que tomamos como adquiridos, tal como o entrar de frente e cravar ao estribo. O Vinhas da corrida das Caldas foi nobre e tudo saiu bem a Telles Bastos, que juntou a estes atributos, uma brega sempre sem perder o oponente, os remates dobrando sempre o pitón e a ligação perfeita durante toda a lide. Resultado: Grande lide de Manuel Telles Bastos!
Marcos Bastinhas foi outro dos triunfadores da noite e começa a ter uma forte ligação e empatia com o público. Imprime ritmo às lides, liga-se ao astado tanto quanto ao público e preocupa-se em cravar com método. E assim foi a actuação do cavaleiro de Elvas, que após cravar o violino e o pedido ruidoso para o par de bandarilhas, tinha as bancadas de pé a aplaudirem a lide e a comentarem que iria saltar da montada e agradecer no ruedo.
Tomás Pinto realizou a primeira corrida da temporada. Talvez por esse mesmo facto e apesar de ter estado em bom nível, nunca chegou a romper para o triunfo. Cravou o segundo comprido ao estribo, bem como os dois primeiros curtos. É certo que levou um par de toques mas os mesmos não puseram a lide em risco. Terminou com um violino que chegou às bancadas, ficando a ideia de que este cavaleiro faz falta à festa e que o seu regresso é necessário.
Mateus Prieto desaproveitou uma oportunidade nas Caldas mas a sua juventude pode ainda garantir-lhe algumas mais. O Vinhas que enfrentou era nobre e áspero, mas Mateus Prieto andou sempre com sortes aliviadas e apesar de a lide ter ido a mais, compreende-se a decisão do director de corrida em não conceder música à lide. O público esse dividia-se entre aplausos de incentivo e a compreensão pelo cavaleiro praticante. Terminou com o seu melhor ferro da noite, atrevo-me mesmo a designá-lo como o melhor violino de toda a corrida.
Pelos Amadores das Caldas da Rainha pegaram Óscar Carvalho à segunda tentativa, Francisco Mascarenhas com a melhor pega da noite à primeira tentativa, José Sousa Dias ao terceiro intento, Francisco Andrade à segunda tentativa, António Gonçalves da Cunha e Mário Caldeira ambos à primeira tentativa.
(Foto João Polónia)