Trofa - um bom passo no crescimento da Festa no Norte
30 de Julho de 2012 - 09:19h | Crónica por: Pedro Santos Vaz - Fonte: - Visto: 1878 |
As corridas de toiros voltaram à Trofa com um promissor cartel, em mais uma organização da empresa Toiros e Cultura na região Norte de Portugal, onde a Festa tende a recuperar o lugar que outrora teve e que, inexplicavelmente, perdeu nas últimas décadas. Um exemplo de afición e profissionalismo de uma empresa que tem apostado no Norte do país e que certamente colherá os frutos deste trabalho.
Luís Rouxinol, Ana Baptista, Duarte Pinto e os forcados de Montemor e das Caldas da Rainha vieram à trofa enfrentar um bem apresentado curro de Francisco Luís Caldeira e que na generalidade cumpriu bem. Com cerca de meia casa lotada, a praça de toiros montada junto à antiga estação de caminhos-de-ferro da Trofa acolheu um espectáculo interessante e quem vem provar que a Festa tem características especiais no Norte do país onde, como em poucos lugares, se acarinham os intervenientes.
A corrida começou sem banda, sem o brilhantismo que a música sempre acrescenta ao espectáculo. Não sendo intervenientes, os músicos contribuem para o sucesso de uma corrida, animam o público e permeiam os toureiros. Foi, por isso, mais triste o início do espetáculo.
Luís Rouxinol confirmou uma vez mais a excelente fase que atravessa. Bem montado e muito seguro o cavaleiro de Pegões somou mais um triunfo nesta temporada que marca um quarto de século da sua alternativa. Depois de uma alteração na saída dos toiros, por problemas no desembarque, Luís Rouxinol, começou a lide com dois compridos aos quais o toiro reagiu bem e que o fizeram fixar-se no seu oponente. Uma lide agradável perante um toiro que não podia ser mais colaborante, faltando apenas um pouco no momento da reunião, perseguindo e investindo sem fazer mal, mas também sem grande emoção.
No segundo do seu lote, já com música, Rouxinol animou o público, recriando-se nos cites e rematando as sortes de forma vistosa, mas teve que pisar os terrenos a um toiro com pouca investida. Cravou um grande ferro curto com a preciosa ajuda do Ulisses, o segundo, e dois violinos por dentro, junto a tábuas, terminado com o inevitável par de bandarilhas.
O sorteio dos toiros não foi favorável a Ana Baptista que teve o pior lote da terna. O primeiro estava visivelmente debilitado, tendo Ana tido o mérito de cravar quatro bons ferros curtos aos quais o toiro foi respondendo bem, dentro do que as suas condições físicas permitiam. O quinto da tarde era também o mais bonito e bem apresentado, mas foi o pior da tarde. Manso, sem investida e a procurar enquerençado junto a tábuas, permitiu que Ana Baptista simplesmente cumprisse.
Duarte Pinto toureia de frente sem concessões e veio à Trofa prová-lo, provando também que não é preciso grandes floreados para entusiasmar um público que, pode até não perceber, mas apercebe-se quando as coisas são bem feitas e têm valor. Foram duas lides semelhantes, com o cavaleiro a não ser muito preciso na ferragem comprida, mas desforrando-se nos curtos. O primeiro toiro de Duarte Pinto estava marcado com o número sessenta e e proporcionou quatro grandes ferros curtos, sempre da mesma forma, com o cavaleiro a colocar o toiro, citando-o de longe, dando-lhe vantagem na investida, consentindo e cravando de alto a baixo.
Manteve-se fiel ao seu estilo do último da tarde, montado no Vigo conseguiu mais uma boa actuação, da qual se salientou o terceiro e o quarto ferro curto.
Os forcados de Montemor e das Caldas, que pegaram à noite os seis toiros da corrida da sua terra, não tiveram tarefa fácil perante os últimos “Caldeira” da tarde. Se os primeiros de cada lote foram pegados à primeira tentativa, as coisas complicaram-se no quinto e sexto da tarde, tendo os forcados de ambos os grupos passado por grandes dificuldades e consumando as pegas com as ajudas muito carregadas.